Refluxo: Azia, tosse e dor de garganta constante podem ser sinais de alerta
O estômago produz uma grande quantidade de ácido diariamente para auxiliar na digestão dos alimentos. O refluxo acontece quando esse líquido escapa do estômago e sobe pela parede do esôfago, chamado então de refluxo gastroesofágico. “O refluxo pode ser classificado pela altura até onde o líquido chega no esôfago, por exemplo, podendo gerar sintomas mais intensos ou mais amenos. Mas, vale lembrar o refluxo pode chegar até a garganta, o chamado refluxo gastrolaringofaríngeo, quando o líquido ácido atinge a região das cordas vocais”, e, por isto, gera a dor de garganta. O maior problema acontece quando o refluxo é do líquido do intestino- duodenal, pois o esôfago não está adaptado a receber líquidos cáusticos (básicos), como é este do intestino e assim, a queimadura do esôfago é ainda pior”, explica a médica gastroenterologista e coordenadora do curso de Medicina da Pitágoras, Denise Priolli.
Veja as características, sintomas e tratamento para cada uma das variações.
Refluxo gastroesofágico
Refluxo gastroesofágico é o retorno do conteúdo presente no estômago para o esôfago. “Essa ação de retorno provoca sensações desagradáveis. Quando isso acontece esporadicamente é bom avaliar o que foi ingerido para analisar se algum alimento piora o sintoma. No entanto, quando há episódios repetidos dessa sensação, é preciso ajuda médica para identificar se a ocorrência já pode ser classificada como doença e para evitar que a continuação desses sintomas contribua para o desencadeamento de doenças mais graves, como o câncer de esôfago, por exemplo”, destaca a médica.
Os sintomas mais clássicos são a azia (queimação) e regurgitação (retorno de conteúdo ácido ou com alguns restos alimentares). Já o tratamento envolve o uso de medicamentos que reduzam a acidez do suco gástrico, e os remédios que fazem com que o estômago “empurre mais rapidamente” o alimento e líquido para o intestino, cicatrizando as lesões provocadas. É claro que não se pode esquecer de avaliar hábitos e rotinas que podem minimizar os desconfortos; como alimentação gordurosa, deitar-se após alimentar-se, refeições copiosas. Em alguns casos, indica-se o tratamento cirúrgico.
Refluxo gastrolaringofaríngeo
Ocorre quando o conteúdo do estômago sobe para as partes mais altas do esôfago e chega na transição com o sistema respiratório, podendo atingir a boca, faringe e laringe, por exemplo. “a irritação na garganta pode provocar, além de queimação; tosse, pigarro, ardor na garganta e cansaço ao falar ou cantar e um quadro semelhante a asma, destaca a especialista.
Em casos atípicos, principalmente em crianças e idosos, podem surgir otites e sinusites de repetição, além de pneumonias e outras alterações pulmonares. Exames como a nasofaringolaringoscopia, endoscopia digestiva, pHmetria, biópsia, e exames radiológicos podem ajudar na identificação da doença. O tratamento cirúrgico pode ser uma solução, quando indicado pelo médico que acompanha o histórico do paciente e após exames específicos.
A cirurgiã do aparelho digestivo menciona que os sintomas e agravamento da doença podem prejudicar a qualidade de vida dos pacientes provocando interferência no sono, dor de garganta recorrente, asma, erosões dentárias, infecções de ouvido recorrentes e mau hálito, dentre outros; e destaca que os caminho para a prevenção e minimização dos sintomas é o mesmo. “Avaliar se os hábitos diários contribuem para uma vida saudável é fundamental. Fatores como obesidade, tabagismo, consumo excessivo de álcool e ingestão de alimentos gordurosos, não são favoráveis. É preciso, também, evitar fazer refeições volumosas antes de deitar-se, e avaliar se o consumo de alimentos como café, chá preto, chá mate, chocolate, molho de tomate, comidas ácidas, bebidas alcoólicas e gasosas, aumentam a incidência de sintomas e dores a região afetada (atrás do osso do peito). Por fim, é essencial que um especialista seja procurado para avaliar o quadro clínico, identificar o diagnóstico e introduzir o tratamento adequado”, completa.
A doença do refluxo gastroesofágico afeta aproximadamente 27% dos adultos e 7-20% da população pediátrica. Há uma incidência semelhante em ambos os sexos, e os estudos mostram aumento do risco de ocorrência com a idade. Mas é preciso considerar que fatores de risco, tais como obesidade, tabagismo, alimentação inadequada e presença de hérnia de hiato; predispõem a sua ocorrência, fazendo com que a doença possa surgir em qualquer idade.