Rádio Timbira 83 anos: Migração para FM, novos programas no ar e a revolução nas ondas moduladas
A Rádio Timbira chega aos seus 83 anos de cara totalmente nova. Atenta às novas tecnologias e às novas formas de consumo de música e informação, a emissora de rádio mais antiga do Maranhão comemora seu aniversário após migrar da faixa Amplitude Modulada (AM) para Frequência Modulada (FM) e reformular sua grade de programação sem perder uma das suas principais marcas: a qualidade do conteúdo.
A emissora integra a estrutura de comunicação do Governo do Maranhão, sendo ligada à Secretaria de Estado da Comunicação Social (Secom). Desde abril deste ano a Rádio Timbira passou a ser sintonizada na faixa FM 95,5MHz, conforme determinação do Decreto Federal Nº 8.139/13, que estipulou a extinção do serviço de radiodifusão sonora em ondas médias de caráter local.
“Nesses 83 anos a Rádio Timbira evoluiu junto com o tempo em um processo de transformação contínuo, adequando-se às necessidades de comunicação. Nesse processo tivemos a reformulação de toda a grade de programação aliada a uma convivência muito construtiva entre a experiência dos profissionais das gerações mais antigas com os jovens que estão chegando ao mercado de trabalho agora”, afirmou a sub-secretária de Estado de Comunicação Social, Waldirene Oliveira.
A modulação FM, além de modernizar a rádio, traz uma série de vantagens na transmissão e são facilmente percebidas pelo público, pois aumenta a eficiência e impede interferências, permitindo a transmissão com um áudio de uma qualidade superior, sem ruídos.
Antecipando a migração entre as frequências, desde o ano passado a Timbira reformulou sua programação, colocando no ar uma nova grade composta por atrações voltadas para a música, esporte, cultura, entretenimento e informação. Mas a emissora segue buscando formas de renovar suas atrações.
“A gente ainda não pode dar maiores detalhes, mas dentro deste processo de renovação da programação estamos planejando incluir na nossa grade um programa voltado para o público infantil, com uma proposta totalmente lúdica para contação de histórias, que é um tipo de programa já foi transmito pela rádio décadas atrás”, antecipa o diretor-geral em exercício da Rádio Timbira, Robson Junior.
Programação
A rádio conta com 15 faixas de programação de segunda a sexta-feira, iniciando às 7h com o noticiário ‘Timbira News’. A partir das 20h15, o ‘Timbira: música e informação’ encerra a programação diária. Já aos sábados são 7 faixas de programação, iniciando com o musical ‘Saudade é pra quem ama’, às 7h. Às 18h, vai ao ar o ‘Timbira: música e informação’. Já no domingo são 10 faixas de programa. Às 7h vai ao ar o ‘Alvorada’. Fechando a programação dominical está o programa ‘Timbira: música e informação’, a partir das 19h30.
“A Rádio Timbira sempre teve no seu tripé o esporte, a música e o noticiário, o que foi mantido com a reformulação da grade de programação. Mas na frequência FM a gente tem mais tempo para a música, tendo como perfil 50% da música popular brasileira e 50% de música maranhense”, conta Robson Junior.
Entre as novidades que diversificaram a programação está a faixa de podcasts, transmitida de segunda-feira à sexta-feira, das 13h30 às 14h, com temática diferente em cada dia da semana.
A cobertura esportiva, uma das marcas da rádio, foi mantida, assim como sua função como emissora pública, com informações da administração estadual. Além disso, programas já consagrados como o cultural ‘Coisa Nossa’, apresentado por José Raimundo Rodrigues, um dos nomes mais tradicionais do rádio e telejornalismo maranhenses seguem na grade de programação.
Time de locutores
O novo perfil da rádio conta ainda com um time de profissionais que reúne nomes tradicionais do rádio maranhense com o de jovens comunicadores. “Eu como jornalista e radialista com anos 14 de formação me sinto honrado e orgulhoso feliz de fazer parte de uma emissora que a gente estudou lá nos bancos da faculdade e que faz parte da história da comunicação maranhense. Estou aqui há 5 anos, vindo da FM e agora estou podendo participar deste momento de transição da Timbira é sinônimo de gratidão”, disse Aécio Macchi, que apresenta o ‘Cafeína 95’ ao lado de Amanda Couto.
Para Amanda Couto poder fazer parte da Rádio Timbira neste momento é um privilégio. “Já estou aqui há 5 anos. Comecei com um programa de saúde, passamos por uma pandemia e agora noticiamos a alegria, a energia, o alto astral. Passamos por essa transição da mais antiga para a mais nova de todas é poder participar de várias etapas e ver a história da rádio acontecer em tempo real”, comenta.
Há dois anos na rádio, Cris Souza destaca a importância da Timbira na sua formação profissional. “Aqui foi uma das minhas primeiras experiências como profissional de comunicação. Quando eu entrei, ainda era AM e estou podendo participar desta mudança para a FM com uma programação que consegue alocar música brasileira e maranhense é muito importante para mim como profissional e como cidadã”, afirma.
Nomes que marcaram a história da rádio
As novas gerações de profissionais que estão comemorando os 83 anos da rádio na nova frequência mantêm vivo o legado de grandes nomes do rádio maranhense que passaram pelos estúdios da emissora e ajudaram a construir a importância da Timbira entre o público maranhense.
Nomes como o de Canarinho, um dos maiores narradores do esporte maranhense e que fez história em inúmeras transmissões de partidas de futebol da Rádio Timbira assim como Herbert Fontenele. “Você ouvia Canarinho e sabia onde a bola estava. Porque ele te dava toda uma visão do campo. O estilo dele era um estilo mais calmo. Na época muito narradores tinham um estilo de gritaria”, recorda o radialista Edvan Fonseca, que está na Timbira desde 1963.
Outro nome importante na história da rádio que foi recordado por Edvan Fonseca foi o de Rui Dourado. “Ele apresentava um programa chamado Ronda Policial de forma muito criativa com vários personagens que ele criava como o Xeleléu. Uma das maiores criações de Rui Dourado na Rádio Timbira foi o ‘Futebol de Meia-Tigela’. Com esse programa ele colocava o estádio todo para rir durante as transmissões”, lembra.
Outro programa que se destacou na Rádio Timbira foi o ‘Alegria na Taba’, apresentado por Elbert Teixeira. Raimundo Coutinho tornou-se apresentador do programa após a saída de Elbert Teixeira. Na lista de colaboradores históricos da Rádio Timbira tem, ainda, nomes como o do poeta Ferreira Gullar e o músico Antônio Vieira.
Rádio Timbira
Inaugurada no dia 14 de agosto de 1941, a Rádio Timbira entrou no ar às 21h com o pronunciamento do interventor Paulo Ramos, que foi ouvido em mais de 60 municípios do estado. Batizada inicialmente como Rádio Difusora, a Timbira ganhou esse nome em 1944, quando os Diários Associados assinaram contrato de comodato com o Governo do Estado.
Na época, todas as emissoras pertencentes à cadeia dos Diários Associados (rádios, jornais e TVs) recebiam o nome de grupos indígenas que historicamente houvessem habitado as regiões onde se localizavam as emissoras.
Sucateada na década de 1990 e início dos anos 2000, a Rádio Timbira foi totalmente remodelada em 2017, ganhando novas atrações, mais conectividade com o ouvinte e maior atuação nas redes sociais, com transmissões ao vivo no site da rádio, no YouTube e em aplicativos disponíveis para IOS e Android.