Público acompanha 3º fim de semana de Pré-Carnaval no circuito Vem Pro Centro
Quem esteve no Centro Histórico de São Luís presenciou o 3º fim de semana do Pré-Carnaval do Circuito Vem Pro Centro. Com cinco polos culturais distribuídos pelo circuito – Faustina, Joãozinho Trinta, Patativa, Catarina Mina e Nega Glícia –, a programação deu espaço às mais diversas expressões carnavalescas e manifestações culturais. Entre o som marcante do tambor de crioula, blocos tradicionais, reggae, samba e marchinhas, brincantes de todas as idades curtiram mais um sábado de folia.
“Acho muito interessante, porque eu já morei em muitas capitais. Na maioria delas, o centro ficou pra trás. Outros bairros foram crescendo. Acho legal restaurar a história, a cultura do lugar, já que as cidades nasceram a partir daqui”, observou Cássio Pereira, gerente comercial.
Para o secretário de Estado da Cultura, Yuri Arruda, o evento é um reconhecimento da riqueza local. “O circuito Vem Pro Centro é exatamente isso: um espaço para celebrar nossas manifestações culturais. O Maranhão tem uma diversidade musical impressionante e a gente reforça a importância de valorizar nossas raízes. Tudo isso faz do nosso Carnaval uma festa única”, frisou.
O Polo Cultural Faustina, em frente à Casa do Tambor de Crioula, foi um dos mais movimentados. O espaço vibrou ao som dos tocadores e ao embalo das coreiras. A programação começou pelo TC da Comunidade de Todos os Santos.
Para Edvaldo Ribeiro, presidente do grupo, a participação dá continuidade à tradição. “O tambor de crioula é excepcional em todas as épocas do ano, porque traduz a essência da nossa cultura. Ele está presente em várias festividades e deve ser valorizado sempre, jamais pode ser esquecido”, afirmou.
Ao longo da tarde e noite, passaram pela tenda outros grupos, como o TC Dominador da Ilha, Mestre Basílio, A Graça de São Benedito, Unidos de São Benedito do Taim e Maracrioula. A energia do tambor se espalhou até a última batida.
Enquanto isso, a Praça da Fé virou palco de celebração da cultura afro-brasileira e dos blocos tradicionais no Polo Joãozinho Trinta. A tarde começou com a apresentação da Tribo de Índio Upoan-Açu, Bloco Afro Omnirá e Tropicais do Ritmo. Em seguida, o Bloco Guerreiros do Ritmo fez o público ensaiar alguns passos das coreografias e se impressionar com o figurino do grupo. A programação se encerrou com o desfile do Bloco Marambaia.
Já no Polo Cultural Patativa, na Praça dos Catraieiros, o samba e as tradicionais marchinhas carnavalescas alegraram os foliões. O grupo Confraria do Copo abriu os trabalhos, seguido pelo cantor Paulinho Melodia, PSP Samba do Peixe, Máquina de Descascar Alho e Samba de Reis.
Marilene Nogueira, que mora há mais de 30 anos em São Luís, falou da alegria de participar das prévias carnavalescas. “Tô achando demais, tô adorando. Nota mil! Amo São Luís de paixão!”, comemorou.
No Polo Catarina Mina, os bloquinhos foram os protagonistas, com destaque para o Bloco do Reis e Bloco das Peruas. A noite encerrou com o cortejo do Bloco 100 Sigilo.
O reggae, por sua vez, dominou a cena da Praça do Reggae. No circuito Nega Glícia, o público dançou ao som de DJs maranhenses. A homenagem à grande referência da cultura reggae no Maranhão foi ainda mais especial por ser o dia em que ela completaria 48 anos. A família esteve presente.
O pesquisador e diretor do Museu do Reggae, Ademar Danilo, compartilhou a satisfação em ver a projeção que o ritmo ganha no circuito a cada fim de semana. “O Maranhão tem uma das maiores diversidades culturais do Brasil. Aqui, temos o bumba meu boi, o tambor de crioula e, claro, o reggae. São Luís é a capital nacional do reggae. Apesar de ter nascido em outro país, hoje esse ritmo também é do Maranhão”, enfatizou.
A afroempreendedora Virgínia Diniz lembra que o reggae não é apenas um ritmo musical, mas também uma fonte de renda para as famílias. “Existe uma cadeia produtiva que faz com que o reggae seja difundido através de roupas, acessórios e da economia criativa. Isso gera milhões de reais que não são vistos, mas que existem de maneira potente dentro da nossa capital. Fico feliz que o Governo do Estado reconheça essa força e nos traga para dentro desses grandes eventos”, afirmou. O encerramento da programação regueira ficou por conta do grupo Barba Branca.