Programação do Novembro Negro é marcada por debates, roda de conversas e apresentação teatral

Teatro, oficinas, exposição, debates, rodas de conversas e uma série de iniciativas marcaram a programação do Novembro Negro. A agenda, realizada pelo governo do Estado com a participação de ações de várias secretarias, comemora o mês da Consciência Negra, cuja data nacional é 20 de novembro. O momento é símbolo de resistência e reflexão da importância de conhecer e reconhecer a ancestralidade dos povos africanos no Brasil, especialmente no Maranhão. 

A agenda foi realizada em diversos espaços, a exemplo da Casa de Negro Cosme, Museu do Tambor de Crioula, sede da Secretaria de Estado de Igualdade Racial (Seir) e outros espaços. 

A secretária adjunta da Seir, Socorro Guterres, destacou a importância das programações. “Com esta roda de conversas encerramos as ações do Novembro Negro e em nossa instituição mantemos exposição de produtos artesanais fruto de projeto desenvolvido pela Seir e com apoio do governo. Estas ações têm a perspectiva de possibilitar o fortalecimento dos debates, da ampliação de modalidades esportivas como capoeira e potencializar iniciativas da cultura e arte negra”, frisou. 

Uma Roda de Conversas Negra, realizada na quarta-feira (23), no Liceu Maranhense em São José de Ribamar, levou aos alunos informações, orientações e promoveu um debate sobre questões da população negra. Além disso, um encontro com mestres capoeiristas na sede da Seir possibilitou discussões sobre reforço no apoio a estas manifestações. 

“Precisamos entender a cultura do povo negro, que significa entender nossa própria história. Nesse sentido, achei muito importante a roda de conversas e nos mostrou uma forma de ver a história negra, por meio de suas conquistas, de suas produções e de suas criações. Foi uma atividade muito importante”, avaliou o estudante Ryan Gomes, de 14 anos. 

A programação contou, ainda, com apresentação teatral do projeto Diáspora – Poeta Preto – Itinerância Nacional, tratando da história e arte da população negra, encenado pela Trupe Veja Bem Meu Bem, de Caruaru, Pernambuco. O espetáculo aborda temas como o racismo e a desigualdade social. “É um desabafo, um grito, uma enxurrada de emoções, palavras e silêncio. É contundente e direto, o que confere à dramaturgia a crueza necessária a este desabafo”, ressaltou Vanderson Santos, autor do texto.

“Nossa primeira vez no Maranhão, estamos 10 anos em atividades com nosso teatro alternativo. Neste espetáculo, o foco é disseminar os debates sobre cultura e arte negra, por meio das nossas encenações. Me sinto muito contemplado e feliz em estar aqui no Maranhão. Estivemos em espaços muito simbólicos, sendo o Cafuá das Mercês, que foi muito emocionante. Fomos ao Museu da Casa do Tambor de Crioula e encerramos na sede da Secretaria de Igualdade Racial e foi um momento grande de fortalecimento cultural e de muito simbolismo para nós”, avaliou o ator da Trupe Veja Bem Meu Bem, Rosberg Adonay.

No dia 20, Dia da Consciência Negra, foi celebrada missa em Ação de Graças, no bairro da Liberdade, reconhecido como o primeiro quilombo urbano do Maranhão. A estrela maranhense do basquete, Iziane Castro, participou da missa.

Por meio da Seir, o governo do Estado promove, desde 2015, uma vasta programação pelo Dia Nacional da Consciência Negra. A data tem por finalidade relembrar a luta e a resistência dos 4,6 milhões de africanos que foram trazidos para o Brasil para trabalhar como escravos, principalmente nas lavouras de cana-de-açúcar ou executando serviços domésticos, sem acesso a direitos como educação, saúde, moradia e cidadania.

O Maranhão, de acordo com o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), possui a terceira maior população de negros do Brasil.

Mais atividades

A vasta programação do Novembro Negro contou ainda com certificação, pela Seir, das comunidades que se autodefinem como remanescentes de quilombo. Essa autodefinição segue o artigo 4° da Lei n° 8.959 de 8 de maio de 2009 e em cumprimento ao que determina o § 1° do artigo 6° da Instrução Normativa – SAF n° 01 de 28 de março de 2018.

A exposição Ancestralidade, realizada em parceria com o Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, Secma e Seir, mostrou alguns elementos importantes das religiões de matriz africana do Maranhão, como o Tambor de Mina, Pajelança e Brinquedo de Cura. A curadoria da exposição é do antropólogo e pesquisador Sebastião Cardoso e pode ser visitada na Casa Negro Cosme.