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Presidente do TJMA recebe cópia de processo histórico durante solenidade

O presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA), desembargador Lourival Serejo, recebeu, nesta sexta-feira (30), do presidente do Tribunal Marítimo, vice-almirante Wilson Lima Filho, cópia do processo referente ao histórico incêndio ocorrido, em 1954, com a embarcação “Maria Celeste”. O documento foi entregue durante solenidade oficial realizada no Salão Nobre do TJMA.

Na abertura do evento, o presidente da Corte de Justiça, desembargador Lourival Serejo, fez um breve relato histórico sobre o fato, que ganhou grande repercussão à época, e enfatizou a relevância do momento para a preservação da memória maranhense. “Essa iniciativa é de extrema importância para a preservação da memória do nosso Estado. Afinal, esse acidente, ocorrido com a embarcação Maria Celeste, povoou o imaginário de toda uma geração da nossa sociedade maranhense. O fato ficou registrado em nossas memórias e, a partir de agora, fará parte do nosso acervo histórico”, pontuou.

Na oportunidade, o desembargador Lourival Serejo enfatizou que os autos também irão compor o acervo do Museu do Tribunal de Justiça do Maranhão, que será inaugurado em breve. O projeto atende a uma das metas prioritárias da atual gestão. “O nosso Tribunal tem se empenhado bastante em registrar e perpetuar esses dados históricos, tanto da Justiça, que é considerada hoje o maior repositório histórico de pesquisa do Maranhão, quanto da nossa cidade de São Luís. Me sinto muito honrado com essa iniciativa, que beneficiará inúmeros pesquisadores e pesquisadoras. É um grande presente para todos nós”, frisou o presidente, registrando agradecimentos especiais a toda a Comitiva do Tribunal Marítimo que contribuiu para a concretização desse projeto.

O corregedor-geral da Justiça, desembargador Paulo Vélten Pereira, enfatizou a importância da parceria firmada entre o Judiciário maranhense e o Tribunal Marítimo para o trabalho de resgate da memória histórica realizado pelo Tribunal de Justiça. “Tudo que vem pra somar à nossa memória é muito importante. O Tribunal Marítimo acolheu prontamente a demanda da Justiça maranhense, com a entrega da cópia dos autos acerca desse trágico acidente. Com essa ação, o Tribunal de Justiça do Maranhão reforça o seu papel de resgate da memória histórica, dando um grande exemplo, como Corte de Justiça. A iniciativa oferecerá uma contribuição significativa para a sociedade, fruto dessa importante parceria”, ressaltou.

O presidente do Tribunal Marítimo, vice-almirante Wilson Pereira de Lima Filho, afirmou que a iniciativa irá contribuir para a preservação do patrimônio histórico e cultural do Estado e parabenizou o Judiciário maranhense pelo exitoso trabalho realizado nessa área. “A iniciativa faz parte de um conjunto de políticas políticas que o Tribunal de Justiça vem, muito acertadamente, realizando para o resgate e preservação do patrimônio histórico e cultural. Além disso, a disponibilização dos autos visa fomentar a conscientização sobre a importância da segurança da navegação, neste Estado vocacionado para o mar. É preservando a memória que se constrói a nossa história”, destacou.

Compareceram à solenidade os desembargadores do TJMA Jorge Rachid Mubárack Maluf, Marcelino Chaves Everton, Kleber Costa Carvalho e a desembargadora Maria Francisca Gualberto de Galiza; os juízes auxiliares da Corregedoria Geral de Justiça Raimundo Bogéa e José Nilo Ribeiro Filho; o capitão de Fragata André Vinícius Faro Nunes, no ato representando o comandante da Capitania dos Portos do Maranhão; a presidente da Comissão de Direito Marítimo, Portuário e Aduaneiro da OAB/MA, Najla Buhatem Maluf; o assessor de Justiça e Legislação do Tribunal Marítimo, capitão de Corveta, tenente Jones de Sousa Silva.

Também prestigiaram o evento o diretor geral do TJMA, Mário Lobão; o diretor de Segurança Institucional do Tribunal, coronel da Polícia Militar Alexandre Magno; a coordenadora da Biblioteca e Arquivo, Cíntia Andrade, a chefe da Divisão de Legislação, Marley Sousa; os advogados marítimos Carmem Lúcia  Pimenta e Matusalém Gonçalves Pimenta; a esposa do presidente do TJMA, Ana Maria Gomes Serejo; e a esposa do presidente do Tribunal Marítimo, Valéria Pereira de Lima; além de servidores e servidoras da Justiça.

O INCÊNDIO DO NAVIO MARIA CELESTE

O incêndio do navio Maria Celeste, ocorrido no dia 16 de março de 1954 na costa maranhense, foi uma tragédia que ficou marcada na história do Maranhão. O acidente, que já completou 67 anos, causou bastante comoção na época. O comércio fechou as portas e uma partida de futebol teve sua renda destinada aos sobreviventes do desastre que resultou em 16 mortes, sendo 12 estivadores e quatro tripulantes. 

O caso teve grande repercussão nos jornais, à época, a exemplo do periódico maranhense “Jornal do Povo”, e foi tema do livro “Maria Celeste da Terra e do Mar”, romance do escritor Waldemiro Viana, membro da Academia Maranhense de Letras (AML).

Construído em 1944, no Estado do Texas, nos Estados Unidos (EUA), o navio era, inicialmente, um bólido de guerra. Após o fim da 2ª Guerra Mundial, em 1946, a embarcação foi vendida e chegou a Brasil, onde recebeu o nome de Maria Celeste. O navio começou a servir como uma embarcação cargueira, que transportava tambores cheios de gasolina e óleo diesel, e era de propriedade da Companhia de Navegação de São Paulo. 

Em 16 de março de 1954, vários barris de gasolina que se encontravam no interior do navio explodiram, a poucos metros da antiga rampa Campos Melo, hoje, cais da Praia Grande, nas proximidades do Palácio dos Leões, em São Luís. Até hoje não foi confirmada a causa exata do incêndio.

Relatos históricos apontam que teria ocorrido um problema elétrico junto ao mastro principal, e que no navio havia querosene e gasolina de aviação, além de muitos galões acondicionados neste local. Um deles teria apresentado um vazamento que não foi percebido pela equipe de manutenção e uma possível faísca provocada por algum curto teria iniciado o incêndio que tomou de conta do navio. A fumaça gerada pela explosão podia ser vista a quilômetros da Beira-Mar. O navio ficou três dias em chamas até naufragar. O mastro da embarcação podia ser visto até a década de 1980, quando foi finalmente retirado do local.

PROCESSO

O processo original sobre o caso foi microfilmado e incinerado em virtude de normas existentes à época. Agora, por meio de uma iniciativa do Tribunal de Justiça do Maranhão, desembargador Lourival Serejo, que solicitou ao presidente do Tribunal Marítimo, vice-almirante, Wilson Pereira de Lima Filha, uma cópia autêntica do Processo nº 2.643/1954, referente ao incêndio do navio Maria Celeste, o Acervo do Museu do TJMA, prestes a ser inaugurado, contará com os autos do inquérito e servirá como uma fonte de consulta e em instrumento motivacional para as gerações futuras.