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Plástico é encontrado nas formações rochosas de ilha brasileira

Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) fizeram uma descoberta importante durante a realização de mapeamento geológico na Ilha da Trindade, região vulcânica e reserva marinha localizada na costa do Espírito Santo, a 1.140 quilômetros da capital, Vitória. 

Durante um trabalho de campo, a doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geologia da UFPR, Fernanda Avelar Santos, encontrou rochas semelhantes às naturais, mas que continham um material esverdeado em sua composição. Em seguida, ela coletou amostras para realizar análises em laboratório e identificou que se tratava de plástico.

O fato se deu em 2019, mas a conclusão a que a equipe de pesquisadores da UFPR e de outras instituições brasileiras chegou foi publicada no final de 2022, em formato de artigo, no periódico Marine Pollution Bulletin, da plataforma ScienceDirect (Elsevier). Em resumo, a interferência humana, por meio da poluição dos oceanos, está impactando o ciclo geológico terrestre e a formação das rochas.

Por meio de análises químicas, os pesquisadores descobriram que o plástico presente nas rochas era proveniente principalmente de redes de pesca, um lixo bastante comum na ilha. As redes são descartadas e, através das correntes oceânicas, acabam indo parar na beira da praia. 

É importante mencionar que a Ilha da Trindade é um dos espaços de conservação mais importantes para a reprodução da tartaruga-verde, que todos os anos vão até lá para desovar. Além disso, o local também tem a maior concentração de recifes de caracóis marinhos do país. As formações rochosas que continham plástico foram encontradas nesta região. 

O local também serve para a alimentação de diversas aves, que podem acabar espalhando a poluição.

Em entrevista à agência de notícias Reuters, Fernanda falou: “O que a gente fala tanto do antropoceno é isso, o antropoceno é isso aqui. A poluição, o lixo no mar, o plástico despejado de maneira incorreta nos oceanos, tudo está transformando e se transformando em material geológico que pode ficar preservado no registro (do planeta)”.

A descoberta tende a impactar o estudo das formações rochosas, que até então levavam milhões de anos para se formar através de um processo natural. Com a ação humana, em pouco tempo, esse processo foi alterado de forma drástica e negativa. Para os estudantes das faculdades de química, geologia, biologia e outros campos do saber, resta pesquisar alternativas ao uso do plástico.