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Pesquisa mostra locais mais poluídos do Brasil; Nordeste fica de fora 

O IQ Air, um grupo suíço que coordena a maior plataforma de informações climáticas globais, divulgou, ainda no primeiro trimestre deste ano, o seu Relatório Mundial de Qualidade do Ar de 2023. Nesta edição, a pesquisa traz dados coletados em 7.800 localidades, distribuídas em 134 países. 

Divulgado anualmente, este relatório tem como objetivo analisar e rankear, do pior ao melhor, o nível de qualidade do ar ao redor do mundo. De acordo com as diretrizes da OMS (Organização Mundial da Saúde), a poluição presente no ar está diretamente ligada a doenças, principalmente aquelas que acometem o sistema respiratório, como câncer de pulmão, infecções pulmonares e até asma.

Assim, os resultados encontrados no Relatório Mundial de Qualidade do Ar apontam não apenas os países que precisam investir em alternativas sustentáveis para melhora da qualidade de vida, como também explicam possíveis dados de mortalidade e doenças de uma determinada região. No Brasil, a pesquisa traz, também, dados que surpreendem e contrariam o senso comum.

Quando se fala em poluição do ar, é comum que a mente associe o problema a forte industrialização de uma região, baixo índice de vegetação e alta circulação de automóveis, por exemplo. Essas deduções são fundamentadas e apontam, portanto, para grandes centros econômicos e populacionais como São Paulo e outras capitais nacionais.

Porém, de acordo com as diretrizes da OMS utilizadas para o ranqueamento dos países, um dos principais poluentes prejudiciais para a saúde é o chamado material particulado, ou seja, partículas de pó, fumaça, fuligem e sujeira que ficam suspensas no ar e que, se inaladas, são a principal causa de doenças respiratórias. 

Destas, as mais finas e perigosas, e portanto, que possuem maior peso na determinação do nível de poluição do ar, são as PM2.5, que se destacam, principalmente, em locais com alta ocorrência de queimadas, incêndios e presença de usinas de energia e instalações industriais. No Brasil, o bioma amazônico é alvo de queimadas diárias, que transformam áreas de vegetação em pastos destinados à agropecuária, o que faz com que a concentração de PM2.5 seja altíssima nessa região do país. 

Segundo os estudos da IQ Air, esse é o motivo de Xapuri, no Acre, ter apresentado a pior qualidade do ar entre todos os 38 municípios brasileiros analisados nesta edição. Em segundo lugar dessa lista, está Osasco, em São Paulo, com uma diferença de apenas 0,6 ponto em relação ao primeiro lugar, com um índice de PM2.5 que excede de 3 a 5 vezes os parâmetros de qualidade estabelecidos pela OMS.

Já em último lugar da lista, está Fortaleza, capital do estado do Ceará e única cidade brasileira que apresenta qualidade do ar dentro dos padrões de saúde da Organização. Em análise, a capital nordestina mostrou uma concentração de PM2.5 de apenas 3,4 microgramas por metro cúbico, enquanto em Xapuri este número chega a 21. Segundo a OMS, para uma concentração segura de material particulado no ar, essa concentração deve ser igual ou inferior a 5 microgramas por metro cúbico. 

Ainda que o esperado é que estes resultados anuais inspirem cada vez mais mudanças nos comportamentos sociais e econômicos do país, é preciso que a população se previna contra possíveis males que podem ser causados pela poluição presente hoje no ar brasileiro. É necessário manter as vias respiratórias limpas e hidratadas, evitar o tabagismo e até mesmo buscar um purificador de ar profissional, no caso de cidades com menor qualidade do ar.

Além disso, iniciativas sustentáveis individuais e coletivas da sociedade também geram mudanças significativas e podem impactar a qualidade de vida de uma população, seja cobrando e atuando para mudanças sistêmicas ou alterando hábitos de rotina.