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Saúde

Pandemia pode provocar sofrimento mental em crianças

A principal medida contra o coronavírus é o isolamento social. Porém essa medida tem diversos efeitos na saúde mental de crianças que  tiveram que se adaptar a um novo mundo, surgiu uma nova rotina para elas e algumas ainda tiveram que lidar com o luto pela perda de familiares.

Para muitas crianças, a escola é uma importante rede de apoio. No entanto, elas tiveram que ser afastadas desse local de ensino e socialização, não podendo mais ter contato direto com professores e colegas. Alguns tiveram a possibilidade de continuar o ano letivo por meio de plataformas virtuais, outros tiveram que interromper totalmente as aulas. Todas essas experiências exigem da criança uma adaptação e compreensão da mudança de rotina.

Para Thalyta Fróes, pedagoga e professora da Estácio, é preciso ter esse olhar sensível para esse desconforto social que a criança tem sentido.

“As crianças menores não têm muito entendimento sobre o  que está acontecendo, existe esse retorno das escolas de maneira híbrida ou totalmente online e isso tem tornado a educação um pouco confusa para a criança, muitos pais estão optando em não deixar a crianças voltar para  a escola e há um sofrimento das famílias em que parentes estão doentes ou pessoas faleceram e a criança está nesse ambiente de dor, sem saber lidar com esse sofrimento”, avalia a pedagoga.

Segundo Thalyta, os responsáveis precisam ficar atentos aos sinais de alerta, “como a falta de sono, irritabilidade, dificuldade de concentração, uso excessivo de aparelhos”.

“Enquanto docente minha orientação é que os responsáveis tenham muita paciência nesse momento, de readaptação na educação, é importante a criança ter uma rotina. Crianças que são filhos únicos têm se isolado muito mais e tido menos contato com outras crianças, então os pais precisam ficar mais atentos, participar mais da rotina da criança e propor atividades.  É necessário olhar para o sentimento das crianças”, orienta Thalyta.

Kelém Cabral, funcionária pública, é mãe da Ana Flor, de 3 anos. Em 2020 a Flor iniciou o ano indo para a escola, porém a pandemia interrompeu o início dos estudos da pequena. Mas os pais conseguem se dividir e participar ativamente da rotina da Flor em casa.

“Desde o início da pandemia ela tem passado muito tempo em casa, sem socializar com outras crianças. A gente sempre tenta propor brincadeiras, a casa é grande, tem quintal e dois cachorros e isso ajuda a diminuir a pressão do isolamento para ela, nos fins de semana a gente leva ela pra andar de bicicleta, mas ainda sim percebemos que nos poucos momentos que saímos ela fica extremamente animada, fala com todos na rua, busca interação” conta Kélem.

Thalyta conclui que as crianças têm se sentido sufocadas. “É muita coisa ao mesmo tempo e muitas provações, então nos poucos momentos de socializar, brincar se torna algo extraordinário, um momento que era simples e comum. E o ato de brincar e socializar faz parte do desenvolvimento das crianças e os pais precisam passar um otimismo e estimular com alternativas seguras”.