O que é preciso para ser um psicólogo clínico?
Relatório mostra que, em 2023, a área apresentou crescimento de 41% da demanda em comparação ao ano anterior.
A busca por profissionais da área clínica da psicologia vem crescendo, nos últimos anos, no Brasil. Pesquisa realizada pela plataforma Doctoralia, líder em consultas médicas do mundo, mostra que houve aumento de 41% na demanda por especialistas do ramo em 2023, em comparação ao ano anterior.
De acordo com o estudo, o crescimento da procura por psicólogos clínicos está atrelado à maior preocupação da população com o autocuidado e a saúde mental no país líder em casos de depressão na América Latina. O estresse cotidiano, a pressão no ambiente de trabalho e as constantes comparações de imagem, pelo uso excessivo de redes sociais, são fatores que justificam a necessidade de ajuda especializada.
Para atender à demanda, o mercado precisa de profissionais qualificados. Para quem tem interesse em seguir a carreira em psicologia clínica, a orientação é se informar sobre a área, o que é necessário para atuar em um consultório, como é a concorrência e a remuneração.
Antes de tudo, é aconselhável realizar um teste vocacional gratuito para saber se a profissão se encaixa com os interesses e as habilidades. Para o caminho da psicologia clínica, são necessárias competências como, conhecimento teórico e escuta ativa.
Graduação é o passo inicial para se profissionalizar
O Instituto de Psicologia Aplicada (Inpa) explica que a formação é o ponto inicial para se tornar um psicólogo clínico. O curso dura, em média, cinco anos e engloba disciplinas relacionadas ao desenvolvimento humano, à neuropsicologia e às abordagens teóricas do comportamento. O nível superior oferece modalidades de bacharelado, licenciatura e habilitação.
Durante a faculdade de psicologia, o estudante pode explorar e conhecer mais a fundo a área clínica por meio do estágio supervisionado. Ele permite a aplicação dos estudos em situações práticas, por meio do atendimento aos pacientes sob a orientação de profissionais.
Após a conclusão da graduação, é recomendado que o recém-formado faça uma pós-graduação em psicologia clínica. A especialização dura de um a dois anos e foca em técnicas específicas do ramo, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC) ou a psicanálise.
Ao finalizar a pós-graduação, é exigido o registro profissional no Conselho Regional de Psicologia (CRP), com a apresentação de documentos de conclusão do curso. O CRP regula a ética profissional.
Profissão exige habilidades específicas
Para se tornar um bom profissional da área de psicologia clínica, o Inpa descreve algumas habilidades necessárias. Além da graduação, a capacidade de entender e escutar ativamente as falas do paciente e a resiliência emocional para trabalhar com casos desafiadores estão entre as principais características pessoais de um psicólogo.
Para aperfeiçoar o conhecimento, também é importante que os profissionais invistam em cursos e participação em congressos. Eles irão garantir que a leitura e a busca por informações do campo sejam constantes, como informa o Inpa.
A supervisão clínica também é uma forma de ampliar o conhecimento, tendo em vista que é uma oportunidade para o psicólogo discutir casos específicos com um profissional mais experiente e garantir maior qualidade nos atendimentos mais complexos.
Entender o mercado garante melhor preparação
Com o aumento da demanda de psicólogos clínicos, entender o funcionamento do mercado da área garante uma formação mais direcionada e preparada. O profissional pode atuar com diferentes públicos, incluindo crianças e idosos, e precisa desenvolver um ambiente adequado para oferecer bem-estar e sigilo aos pacientes.
O cenário político, econômico e social também pode impactar na demanda por profissionais de saúde mental ao intensificar os desafios emocionais vividos pela sociedade. Um exemplo disso foi a pandemia da Covid-19, que refletiu no aumento de 25% de casos de depressão e ansiedade apenas no primeiro ano, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O período de estresse causado pelo isolamento social, perda de amigos e familiares, sentimento de medo e incertezas econômicas fez com que a necessidade de suporte psicológico fosse ampliada. Nesse contexto, os psicólogos se tornaram ainda mais essenciais para a promoção da saúde mental e o auxílio à resiliência.
Preocupações com possíveis aumentos dessas condições levaram 90% dos países pesquisados a incluir saúde mental e apoio psicossocial em seus planos de resposta à COVID-19, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
A pandemia também impactou no formato das consultas e atendimentos médicos, quando o modelo on-line ganhou espaço. A sessão terapêutica está envolvida nessa mudança e pode ser realizada em um consultório ou na casa do paciente, por meio de uma chamada virtual, de acordo com a necessidade ou vontade de cada pessoa.