“Nova chance para toda uma geração de artistas”, diz cineasta maranhense selecionado na Lei Aldir Blanc
“Esse apoio é sensacional, uma ajuda fundamental e feita de maneira muito séria. O mercado necessita, as pessoas daqui necessitam e a nossa empresa necessita muito”. Essa é a avaliação do cineasta e produtor maranhense Frederico Machado sobre a forma como os recursos provenientes da Lei Aldir Blanc (Lei Federal nº 14.017) vêm sendo aplicados no Maranhão.
A produtora de Frederico foi uma das beneficiadas com os editais de fomento cultural lançados pela Secretaria de Estado da Cultura (Secma) para dar fôlego financeiro aos profissionais da cultura durante o surto epidemiológico.
Seu projeto “Cinemateca Maranhense” foi uma das propostas selecionadas no edital Oficinas Artísticas que já receberam repasses e já está em plena execução. O projeto dá continuidade à Mostra online “Cinema Maranhense na Pandemia”, que exibiu gratuitamente filmes de cineastas locais no canal oficial da Lume Filmes no YouTube.
O projeto aprovado via Lei Aldir Blanc contempla a mostra de filmes maranhenses, a cinemateca e uma série de workshops. Com os recursos adquiridos via Lei Aldir Blanc, toda a cadeia produtiva envolvida nesses filmes – que até então estava atuando de forma voluntária – pode ser remunerada pelas suas obras e apresentações.
“Ficamos muito felizes com o apoio. Foi aprovado o projeto e logo colocamos em prática. A divisão e a disponibilidade do recurso são essenciais para manter vivo esse pessoal que produz arte. Estamos pagando todos os filmes exibidos no canal e esse recurso está sendo utilizado de fato para toda uma cadeia”, pontua Frederico.
“Caos econômico completo”
Fundador da distribuidora Lume Filmes, proprietário de um sala de cinema de arte em São Luís e diretor de filmes premiados como “O Exercício do Caos” (2013), desde a década de 1990 Frederico Machado vinha conseguindo manter a sua empresa e todos os seus projetos na sétima arte de forma independente. Até a pandemia de Covid-19 alterar todos os seus planos.
Com 21 anos de atividade e cerca de 20 funcionários formalmente contratados, pela primeira vez em sua história a Lume Filmes se viu “sem vias de escape” em meio à crise sanitária que paralisou todo o setor cultural brasileiro.
“Sem sombra de dúvidas esse foi o nosso ano mais difícil. Estamos parados desde março e não temos recursos porque todos os braços da empresa pararam. Foi o pior ano disparado pra gente”, lamenta Frederico.
“Cada mês que passava a gente ficava mais desesperado ainda. Foi um sufoco louco. A gente não tinha como exibir filmes porque os cinemas estavam fechados, não tínhamos como produzir porque era impossível produzir nesse período e também não dava para distribuir porque ninguém estava comprando os filmes nesse período de caos econômico completo”, conta.
O cineasta agora aguarda o resultado final do edital “Fomento a Projetos Audiovisuais”, também pela Lei Aldir Blanc no Maranhão. Caso seja aprovado, Frederico Machado já articula com uma produtora do Chile a distribuição internacional do longa-metragem “Noite Ambulatória”, com previsão de lançamento para 2022.
Frederico iniciou a carreira como diretor em 1997, com “Litania da Velha”, curta em homenagem à São Luís, e em 2006 lançou “Infernos”, obra em que expõe a personalidade e a poesia do seu pai, o poeta Nauro Machado (1935-2015).
O cineasta elogiou a celeridade da execução da Lei Aldir Blanc no Maranhão e conta que, apesar de não sanar todas as despesas acumuladas pela sua empresa em oito meses de paralisação, a medida ajudou a manter o empreendimento e pode potencializar o setor cinematográfico nos próximos anos.
“A Secma de fato trabalhou muito rápido e muito bem. Fazendo as lives com toda a comunidade, as propostas de todo mundo sendo ouvidas. Foi uma coisa bonita de se ver. Eu tô muito triste que a pandemia foi um caos, várias famílias destroçadas e tudo, mas a possibilidade desse edital para a cultura e para a arte é uma nova chance para toda uma geração de artistas”, ressalta Frederico.
Lei Aldir Blanc no Maranhão
Legislação aprovada em caráter emergencial no Congresso Nacional, a Lei Aldir Blanc disponibilizou R$ 3 bilhões para aplicação nos Estados, Distrito Federal e municípios.
O Governo do Maranhão recebeu R$ 61,3 milhões e repassou aos profissionais da cultura por meio de seis editais de fomento cultural (Conexão Cultural 3, Oficinas Artísticas, Fomento a Projetos Culturais, Fomento à Literatura, Aquisição de Ativos do Artesanato e Fomento a Projetos Audiovisuais), além da Renda Básica Emergencial da Cultura, pago em três parcelas de R$ 600.
Para mais informações sobre a legislação acesse cultura.ma.gov.br/leialdirblancma