“Não desista de si mesmo”, diz ex-paciente da Unidade de Acolhimento após um ano de tratamento contra as drogas
“Não desista de si mesmo. Sempre tenha coragem e acredite que é possível conseguir vencer”. Foi o que disse Maria de Fátima dos Santos, de 28 anos, ex-paciente assistida pela Unidade de Acolhimento Adulto (UA), equipamento que integra a rede de Saúde Mental da Secretaria de Estado da Saúde (SES). Após um ano de tratamento, Maria de Fátima comemora a conquista de uma nova oportunidade na vida.
Tudo começou em setembro de 2019, quando Maria de Fátima se encontrava em situação de rua juntamente com seus dois filhos, um menino, que hoje tem 4 anos, e uma menina, atualmente com um ano e meio. Ao bater de porta em porta, foi atendida por uma pastora e voluntária de serviços sociais que a convidou para iniciar a maior jornada de sua vida.
Depois de receber os primeiros cuidados e orientações, Maria de Fátima foi atendida pelo Conselho Tutelar São Francisco, situado no bairro da Cohama, em São Luís. Devido a vulnerabilidade social e exposição à dependência química, ela precisou ser encaminhada para o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD Estadual), que junto com a UA integra a rede de Saúde Mental da SES.
“É uma satisfação imensa, porque o nosso trabalho é de formiguinha. Nós sabemos que a dependência química é algo muito forte e por isso reforçamos, constantemente, a conscientização de que estão no melhor lugar”, contou a coordenadora da UA, Daiane Oliveira.
O momento mais difícil foi quando ela teve que abrir mão temporariamente da guarda dos filhos para poder dar prosseguimento ao seu tratamento na Unidade de Acolhimento. As crianças ficaram sob a tutela do Tribunal de Justiça, em acolhimento em Abrigo Institucional, até que a paciente pudesse receber alta. “A minha principal motivação eram os meus filhos. Eu não queria perdê-los. O tratamento que eu recebia me ajudou até a amar ainda mais eles e perceber que precisava deixar aquela vida”, disse Maria de Fátima.
Recomeço
A história começou a mudar quando Maria de Fátima soube que havia sido contemplada com um apartamento do programa Minha Casa, Minha Vida. “Eu agradeço muito a Deus pelo esforço da equipe da UA. Quando soube que tinha ganho um apartamento eu não acreditei. Isso me ajudou a poder ver os meus filhos com mais frequência, o que me deu ainda mais certeza de que logo os teria de volta”, destacou a ex-paciente.
No final do mês de janeiro deste ano, Maria recebeu alta clínica e o seu primeiro presente de nova vida foram as chaves do apartamento. No mês seguinte veio o emprego, trabalhando com serviços gerais de carteira assinada em residências, o que servia de garantia da estabilidade emocional, psicológica e financeira que ela precisava. Até que em março veio a grande notícia: a retomada da guarda dos filhos.
De acordo com Luanna Braga, terapeuta ocupacional da UA a persistência é determinante. “Quando chegam na unidade, os pacientes estão muito cansados da vida que levavam. O diferencial está na dedicação e no foco, mesmo sendo árduo e sacrificante, os atendimentos buscam enfatizar o equilíbrio e o controle da ansiedade em grupo e individualmente”, disse.
Para garantir que Maria de Fátima continue com a guarda dos filhos e que ela tenha o amparo necessário, a Unidade de Acolhimento Adulto da SES tem realizado visitas mensais. “É uma alegria muito grande ter a minha vida de volta. Eu sinto como se tivesse vencido a maior batalha da minha vida. Eu olho para trás e não me reconheço. Verdadeiramente, sou uma nova pessoa”, acrescentou Maria de Fátima.
Unidade de Acolhimento
A Unidade de Acolhimento Adulto oferece cuidados contínuos de saúde com funcionamento 24 h em ambiente residencial. O serviço é destinado a pessoas com necessidade decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. O acolhimento é definido exclusivamente pela equipe do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD), responsável também pela elaboração do projeto terapêutico individual do usuário, considerando os pontos mais importantes no processo de cuidado, bem como os serviços comunitários de saúde. Atualmente, o serviço conta com 12 pacientes internados.
O serviço conta com uma equipe multiprofissional composta por médicos, terapeutas ocupacionais, nutricionista, psicólogos, enfermeiros e educador físico dando suporte na unidade. O trabalho realizado pela UA tem como característica não ser de internação compulsória, mas voluntária.