Mulheres e meninas na ciência: garantia de espaço feminino é prioridade na UEMA

Marcado pela forte presença masculina, a desigualdade de gênero na pesquisa científica ainda é uma realidade no cenário atual e, mesmo enfrentando dificuldades na inserção e permanência, as mulheres lutam pelo seu espaço na ciência. Neste contexto, a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) segue comprometida com o progresso da equidade de gênero, alinhado com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Em alusão ao Dia Mundial de Mulheres e Meninas na Ciência, comemorado neste sábado (11), a UEMA reconhece o protagonismo feminino e contribui na visibilidade das professoras e alunas que escolhem a pesquisa como profissão. Desta forma, a visibilidade da universidade é inserir alunas da educação básica em projetos de pesquisa, na área da microbiologia. 

Uma dessas alunas, por exemplo, é a Carla Suelene, de 17 anos, que cursa o terceiro ano em uma escola pública do Maranhão. Carla conta que seu interesse pela ciência nasceu por meio da “curiosidade de criança”. “A curiosidade nessa fase da vida sempre está presente e, muita das vezes, a resposta quem nos dá é a ciência. Essa curiosidade se tornou mais evidente com os assuntos de genética e meio ambiente”, disse Carla. 

Para a estudante, a inserção de mulheres na ciência tem um papel fundamental na mudança do meio acadêmico e profissional da área. 

“As mulheres têm muito a acrescentar e já fizeram durante a história – descobrindo elementos químicos, asteróides, espécies de animais e/ou plantas. Não se deve excluí-las deste meio quando podemos incluir suas descobertas, principalmente quando nos últimos tempos a ciência está sendo tão questionada e as fake news tornam ainda mais díficil a atuação nessa área”, complementou. 

Na universidade, existe um projeto intitulado “Meninas na Ciência”, que incentiva e valoriza a participação de meninas e mulheres em carreiras científicas. O projeto tem como objetivo atrair meninas para Ciência e Tecnologia, além de estimular mulheres que já escolheram essa área e se tornarem agentes no desenvolvimento científico do Maranhão. 

“Fazer ciência no Brasil é um desafio muito grande, devido a carência de fomento para que essa pesquisa seja desenvolvida. No entanto, para as mulheres é ainda mais difícil, pois enfrentamos uma série de dificuldades do nosso cotidiano. O projeto tem um ano e três meses e tratamos sobre a invisibilidade da mulher na ciência. Então, o projeto levanta nomes que historicamente são retratados e questionamos a semelhança entre essas pessoas, que são maioritariamente homens”, disse a professora Andrea Azevedo. 

A pesquisadora Neuzeli Maria de Almeida, da UEMA, sempre se interessou pela pesquisa científica. De acordo com ela, todos os trabalhos desenvolvidos pela pesquisadora, dentro da instituição, são sobre mulheres. Neuzeli ressalta, ainda, que a desigualdade de gênero é estruturante dentro da sociedade. 

“É de suma importância a inserção das mulheres nesses espaços de construção de conhecimento, onde elas podem, de certa forma, estarem inseridas em um local que é predominantemente masculino. Nós vivemos em uma sociedade patriarcal onde existe desigualdade nas relações de gênero, e não é diferente dentro do meio acadêmico”, disse.

Neuzeli complementa, ainda, que seu interesse pela ciência se iniciou na graduação, como voluntária de uma pesquisa. Segundo ela, o maior incentivo veio por meio da sua irmã. “Uma mulher sempre vai incentivar outra mulher, a representatividade é muito importante em todas as áreas e na ciência não seria diferente”, disse.