Meteorologia portuária permite operação em 708 horas sob risco de chuvas

Mesmo diante de risco de chuvas, a VLI – companhia de soluções logísticas que opera terminais, ferrovias e portos – diminuiu de forma significativa, ao longo do ano passado, o tempo de parada dos navios no Terminal Integrador Portuário Luiz Antonio Mesquita (Tiplam), localizado na Baixada Santista. Ao todo foram 708 horas de operação sob a possibilidade de ocorrência de eventos climáticos, garantindo a movimentação de um volume de 1 milhão de toneladas. A otimização das atividades foi possível devido ao uso de um radar de alta precisão, em um programa de inovação da companhia chamado Meteorologia Portuária, que opera com base em uma plataforma tecnológica pioneira para nowcasting (previsão do tempo de curtíssimo prazo). 

O balanço revela ainda que as metas estabelecidas tanto para ganhos de receita quanto de operação em horas praticamente dobraram. E com relação ao trabalho sob risco de chuva, em 2021 foi possível garantir a operação no porto em 33% do tempo em que havia previsão de condições climáticas adversas. Por sua vez, no ano anterior, as operações ocorreram em 16% do tempo com previsão de chuvas.  

O gerente interino de Transformação Digital para Portos e Terminais da VLI, Luciano Gonçalves Pereira, ressalta que a redução do impacto da chuva nas operações do Tiplam, mesmo em um ano com mais precipitações, mostra a melhoria na eficiência. “Em 2020, dados de fevereiro a dezembro indicam que, considerando o período total em que foi necessário paralisar as atividades por indicação de chuva, em 84% do tempo este evento climático não ocorreu. Com a meteorologia portuária, do tempo total com previsão de precipitação, ficamos parados só em 67% dele, o que comprova o impacto positivo da tecnologia”. 

Outros benefícios 

Ele explica que, quando as paradas são necessárias, aproveita-se o tempo para que sejam feitos mais carregamentos dos navios. Além de diminuir o tempo de parada dos navios no porto, a meteorologia portuária garante um carregamento rápido e seguro, além de reduzir o risco de comprometimento da carga. Segundo o gerente-geral de Operações do Sistema Sudeste, Denilson Fernandes, a taxa comercial – média para carregamento do navio durante uma operação – do berço de importação de fertilizantes do Tiplam teve uma melhora de 38% e parte desse incremento se deve à maior previsibilidade de chuva na região, que reduz o tempo de fechamento do porão.

Antes da meteorologia portuária, tudo era feito a partir da percepção humana. “O comandante olhava para o céu e, se percebesse que haveria chuva, mandava fechar o porão. Enquanto ele não tinha a certeza ou a indicação de que não ia chover mais, não autorizava a abertura do porão e, nesse período todo, ficávamos sem operar ou carregar”, relembra Luciano Pereira. 

A ferramenta 

Com um radar meteorológico compacto Banda X, instalado no Monte Serrat, a sete quilômetros do Tiplam, a VLI monitora a chuva em tempo real e faz uma projeção de onde essa precipitação estará em curtos espaços de tempo. Ou seja, em 10, 20 ou 30 minutos. Desta forma, a empresa consegue fazer um planejamento minucioso de parada das operações de carga e descarga de produtos nos navios. A ideia surgiu em 2019 e foi implantada em 2020.

A inovação conta ainda com detecção e projeção de chuva com base em dados do radar meteorológico; imagens de satélite para auxiliar nas análises climáticas e visualização de descargas elétricas; modelo matemático específico para a microrregião da Baixada Santista que gera previsões climáticas diárias com mais precisão; previsão de temperaturas para as próximas 72 horas; previsão da direção e velocidade dos ventos; e informações de altura de ondas de swell, que atrapalha a entrada e saída de navios no canal.  

Patrimônio preservado 

O Monte Serrat é um importante ponto turístico de Santos e faz parte da história da cidade. Isso porque serviu de abrigo à população quando a então Vila era invadida por piratas. Em um desses ataques, em 1614, os invasores acabaram soterrados e o milagre foi atribuído à Nossa Senhora de Monte Serrat, que tornou-se padroeira do município em 1955. De acordo com Luciano Pereira, a instalação do radar meteorológico foi determinante para a manutenção do local. “Trata-se de um imóvel particular que teria suas atividades encerradas. No entanto, com o pagamento da locação do espaço pela VLI, o espaço foi revitalizado. É a companhia dando sua contribuição para a preservação de um patrimônio santista”, finaliza.

Sobre a VLI

A VLI tem o compromisso de apoiar a transformação da logística no país, por meio da integração de serviços em portos, ferrovias e terminais. A empresa engloba as ferrovias Norte Sul (FNS) e Centro-Atlântica (FCA), além de terminais intermodais, que unem o carregamento e o descarregamento de produtos ao transporte ferroviário, e terminais portuários situados em eixos estratégicos da costa brasileira, tais como em Santos (SP), São Luís (MA) e Vitória (ES). Eleita em 2020 e 2021 a empresa mais inovadora do país na categoria “Logística e Transportes” pelo Prêmio Valor Inovação, a VLI transporta as riquezas do Brasil por rotas que passam pelas regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste.