O Maranhense|Noticias de São Luís e do Maranhão

Giro de NoticiasÚltimas Noticias

Mercado Livre de Energia cresce 26% no 1º semestre e ganha força entre empresas brasileiras

O Mercado Livre de Energia segue em trajetória de expansão no Brasil. Segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o segmento registrou crescimento de 26% no número de consumidores no primeiro semestre de 2025, alcançando mais de 45 mil unidades consumidoras ativas em todo o país. A marca representa um novo recorde desde a criação do modelo, consolidando a migração de empresas em busca de previsibilidade de custos e maior liberdade na escolha de fornecedores.

O Mercado Livre permite que empresas comprem energia diretamente de geradores ou comercializadoras, negociando preços, prazos e volumes de consumo de forma independente do ambiente regulado, no qual as tarifas são definidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Essa flexibilidade vem atraindo não apenas grandes indústrias, mas também negócios de médio porte, que passaram a ser elegíveis com a ampliação do limite de acesso implementada pelo governo federal nos últimos anos.

De acordo com a CCEE, o volume total de energia transacionada no ambiente livre atingiu 41% de toda a energia consumida no país entre janeiro e junho de 2025. Há dez anos, essa participação era de apenas 28%. O crescimento reflete não apenas o amadurecimento do modelo, mas também a pressão das empresas por eficiência energética e previsibilidade orçamentária em um cenário de custos ainda elevados.

A expansão tem sido mais acentuada nos setores de comércio e serviços, que historicamente concentravam menor participação no mercado. Para muitos desses empreendimentos, o acesso ao ambiente livre só se tornou viável com o surgimento de cooperativas e associações de consumo, que reúnem pequenas e médias empresas para obter melhores condições de negociação junto às comercializadoras.

A Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) aponta que, apenas entre janeiro e julho deste ano, 1.800 novas empresas migraram para o ambiente livre. O número é quase o dobro do registrado no mesmo período de 2024, sinalizando que o movimento deve se intensificar com a perspectiva de abertura total do mercado — prevista pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para 2028, quando todos os consumidores poderão escolher de quem comprar energia, incluindo residenciais.

Além do fator econômico, a pauta da sustentabilidade também vem impulsionando a migração. O mercado livre oferece a possibilidade de contratar energia proveniente de fontes renováveis, como solar, eólica e pequenas centrais hidrelétricas. Segundo a Abraceel, 84% da energia comercializada nesse ambiente em 2025 teve origem em fontes limpas, reforçando o papel do setor na transição energética e nas metas de descarbonização das empresas.

Outro ponto de destaque é o aumento do investimento em tecnologia e gestão de consumo. Plataformas digitais têm permitido que empresas acompanhem em tempo real seus gastos e otimizem o uso da energia conforme a variação do preço no mercado. Essa digitalização também tem favorecido o surgimento de novos modelos de negócio, como o energy as a service, conceito que une gestão, eficiência e oferta de infraestrutura energética sob demanda.

Nesse contexto, a busca por soluções em energia integradas ganha espaço. Muitas empresas têm recorrido a consultorias especializadas e comercializadoras independentes para elaborar estratégias que combinem eficiência, previsibilidade e sustentabilidade. Esse movimento é especialmente relevante em um momento de transição regulatória, no qual o governo discute novas regras de acesso e incentivos para fontes renováveis no mercado livre.

Segundo o MME, o Brasil deve atingir a marca de 60% de consumidores livres até 2030, impulsionado pela expansão de infraestrutura de transmissão e pela entrada de novos projetos de geração solar e eólica. O país, que já figura entre os líderes globais em energia limpa, caminha para consolidar um modelo mais competitivo e descentralizado.

Para especialistas do setor elétrico, o desafio nos próximos anos será equilibrar o avanço da abertura com a segurança do sistema. A expansão do mercado exige aprimoramento nas regras de operação e no monitoramento das garantias financeiras, de modo a evitar desequilíbrios entre oferta e demanda. Ao mesmo tempo, a diversidade de fontes e o uso de tecnologias de armazenamento devem ampliar a estabilidade do sistema e reduzir custos de operação.

Com um ambiente regulatório mais maduro, digitalização crescente e maior foco em sustentabilidade, o Mercado Livre de Energia se firma como um dos principais vetores de transformação do setor elétrico brasileiro. A tendência é que, à medida que novas empresas migrem e consumidores se tornem mais conscientes do potencial de economia e eficiência, o modelo siga expandindo e redefinindo a forma como o país produz, consome e negocia energia.