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“Jardim da dona Graça” transforma parede do HU-UFMA e deixa leito mais colorido e humanizado

Todos os dias, ao acordar em seu leito de enfermaria no Hospital Universitário da UFMA (HU-UFMA/Ebserh), a costureira Graça Gusmão, 72 anos, contempla um lindo e inusitado jardim. As flores carregam em cada pétala e em cada cor escolhida, a essência de dona Graça, como prefere ser chamada. O jardim foi crescendo à medida que ela foi pintando imagem por imagem e, hoje, a parede em frente ao seu leito, tem um colorido especial. A atividade faz parte do cuidado desenvolvido pelos profissionais da Terapia Ocupacional, que identificaram potencialidades que poderiam ajudá-la a passar pelo processo longo de internação, de forma mais leve e positiva.

É uma paciente em pós-operatório de artroplastia total de quadril (ATQ), que apresentou complicações no quadro e precisou ser submetida a diversos procedimentos cirúrgicos invasivos. Está internada há quase três meses. É acompanhada pelas equipes médicas da Ortopedia e Geriatria e dentro do cuidado multiprofissional, a Terapia Ocupacional enxergou uma possibilidade de transformar a rotina da paciente. A partir da coleta de dados para a construção da “anamnese terapêutica ocupacional”, identificou-se que a pintura e as plantas estavam presentes em diversos momentos da vida dela, sendo consideradas atividades significativas.

“Diante das queixas e da repercussão emocional que impactou diretamente no desempenho das atividades da vida diária de dona Graça, entramos com uma ação terapêutica estruturada, associando os dois interesses identificados. Ela já não apresentava mais ânimo para fazer nada e com a implementação da atividade, lhe deu entusiasmo”, explicou o residente de Terapia Ocupacional, Manoel Leonardo da Silva, que acompanha a paciente sob a preceptoria do terapeuta ocupacional, Josenilson Brandão.

Manoel acrescenta que o “Jardim da dona Graça” foi ganhando forma devagarinho. A proposta é pintar uma flor ou planta por atendimento, sempre que ela se apresente disposta, e, ao final de cada um, são realizadas discussões sobre o significado de cada flor/planta e os sentimentos que elas envolvem.

“Essa é uma terapia muito boa, pelo menos a gente não fica com a mente desocupada pensando besteira né? Eu fico concentrada e entretida e as horas vão passando e eu nem percebo. Já fazia mais de 20 anos que não pintava e fiquei feliz quando vi que ainda consigo”, relatou dona Graça, ao mesmo tempo em que admirava seu jardim pintado com muito capricho.

Nos dias das pinturas, há toda uma ambientação pensada cuidadosamente. Músicas escolhidas por ela tocam no seu rádio de cabeceira de design antigo. É uma inspiração e tanto. “Essa atividade tem como objetivos contribuir com o resgate da autonomia e autoestima da paciente, conscientizando-a sobre o seu potencial criativo e suas habilidades especiais, além de realizar a manutenção da sua coordenação motora de membros superiores, estimular a sua memória, atenção e concentração, habilidades estas, de extrema importância para a sua independência e autonomia nas suas ocupações (atividades cotidianas)”, acrescenta o terapeuta Manoel.

Quando questionada o que sentia ao olhar o jardim todos os dias, ela prontamente respondeu: “Me sinto feliz!”.  A resposta com um grande sorriso no rosto, evidencia que o cuidado oferecido tem cumprido com o seu papel, que enxerga para além da enfermidade e o indivíduo como um todo.

Além do projeto do jardim, foram realizadas atividades em conjunto com a equipe multiprofissional do setor, também pautadas pelos desejos apontados pela paciente, a exemplo de passeios terapêuticos no jardim do HU-UFMA e em um ponto turístico da cidade, com direito a assistir parte da missa na Igreja dos Remédios, localizada no entorno do hospital. Ela já fez também musicoterapia com a equipe da Unidade de Humanização. Todos, trabalhando para oferecer pelo Sistema Único de Saúde, um atendimento cada vez mais qualificado e humanizado.

Sobre a Ebserh

O HU-UFMA faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.