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“Imperatriz consegue se recuperar com rapidez e  2021 vai oportunizar crescimento”

1. Presidente, o ano de 2020 foi um ano atípico e com grandes mudanças na conduta de todos. Qual avaliação o senhor faz do ano que passou para a ACII?

O ano que passou, naturalmente, foi difícil para a ACII, assim como para todo o setor produtivo. Como representamos o setor produtivo, da indústria, comércio e serviços, desde as empresas pequenas até as maiores, que são associadas, a associação comercial sofreu, assim como o setor produtivo, mas também conseguimos nos reinventar. Para se preparar para o futuro a gente tem que se reinventar. Fizemos um trabalho forte aqui para atrair novos associados criando mecanismos de vantagem para eles e conseguimos uma quantidade bem substancial, pois, em um primeiro momento da pandemia, nós chegamos a perder associados. Nós conseguimos recuperar a grande maioria deles, dando condições para que eles voltassem, além de outros novos associados que alcançamos.

2. E qual avaliação faz quanto à situação e/ou desempenho dos setores do comércio, serviços e indústria de Imperatriz (ou até dos negócios em geral do Brasil)?

No cenário nacional terminamos o ano com o PIB negativo, realmente o Brasil sofreu de modo geral, pois tivemos os lockdowns, as fábricas ficaram paradas, algumas até 90 dias. Então, o Brasil sofreu muito, mas Imperatriz, como eu venho sempre dizendo, sofreu menos com isso. A cidade conseguiu se recuperar com uma rapidez maior, demonstrando a força do empresariado de Imperatriz e a pujança da própria cidade, com sua posição geográfica que favorece muito. Somos um grande distribuidor de mercadorias e um grande distribuidor de serviços. O setor de serviços de Imperatriz tem uma atuação macrorregional. Então, realmente, Imperatriz conseguiu ultrapassar o período melhor que outras cidades do país. Eu vejo Imperatriz, hoje, como uma grande força no estado do Maranhão. Tenho visto os números de São Luís e, comparativamente, conseguimos resultados melhores ou, equivalente a Balsa, por exemplo, que é um centro produtor do agronegócio e que teve um desempenho muito bom também. Quer dizer, Imperatriz conseguiu resultado equivalente a uma cidade que é muito forte do agronegócio, setor que cresceu muito em todo o país em 2020. O agronegócio foi o super-herói da economia do Brasil. Se na saúde tivemos heróis, que foram os médicos, enfermeiros auxiliares etc., na economia o herói foi o agronegócio.

3. A ACII teve uma atuação ampla no combate à Covid-19. O senhor pode descrever quais ações a entidade promoveu?

O projeto “União traz a Cura” foi realizado pela ACII em parceria com Unimed, Sindicato dos Estabelecimentos de Saúde do Estado do Maranhão, Conselho Regional de Medicina e governos do município e do Estado. Pelo projeto, foi criado um grande ambulatório de atendimentos no Centro de Convenções de Imperatriz. Para conseguir isso, a ACII buscou, como primeira grande realização, a junção dos agentes políticos, eventualmente adversários, para discutir “saúde”, compilando as ideias e unindo todos. Nós juntamos o município e o estado, que são concorrentes politicamente, mas que naquele momento a ACII conseguiu, por meio da sua diretoria, criar um diálogo de tais agentes públicos, com todos caminhando no mesmo rumo. Acho que esse foi o grande diferencial para que a grande ação acontecesse. Munícipio e estado entrando cada um com uma parte e conseguimos trazer as instituições de ensino, sindicatos, muitas empresas apoiadoras, além de outros parceiros importantes. Ou seja, conseguimos tudo o que era preciso para fazer uma grande ação humanitária. Contamos com o município, o estado e um pouco da união, por meio dos deputados federais e senadores, sendo que todos tivemos a mesma ideia: precisávamos salvar vidas. E, com isso, nós salvamos milhares de vidas, não só aqui, mas com um reflexo muito maior da ação na sociedade.

4.  qual avaliação o senhor faz do resultado numérico das ações de combate, principalmente, do ambulatorial?

Foram 2.588 atendimentos no ambulatório do centro de convenções, com 1.456 pacientes tratados e 637 exames realizados. Isso teve um reflexo não só nos atendimentos específicos, mas também por meio do isolamento das pessoas infectadas que deixaram de infectar outros familiares, amigos ou colegas de trabalho. Os números do Covid-19, hoje, em Imperatriz têm, com certeza, uma relação com o que aconteceu aqui no ambulatório “União traz a Cura”. Em um momento forte da doença, nós conseguimos estancar mais de mil vetores de infecção. Então, é uma coisa fora do comum. Não conheço caso semelhante no país com uma ação tão forte de seis semanas de trabalho, sendo quatro de atendimentos e mais duas de acompanhamentos, juntando médicos, estudantes de medicina, enfermeiros, técnicos de enfermagem, estagiários de diversos cursos, psicólogos, voluntários, gente trazendo máscara feita em casa ou costurando macacões para doar a quem trabalhava, restaurantes trazendo marmitex para as equipes, além das doações de tantas pessoas e de empresas, como a Suzano, que foi uma doadora fundamental para a compra de materiais. Com tudo isso, foram mais de 300 pessoas diretamente envolvidas no trabalho no centro de convenções. E vale destacar que durante todo o período, nenhum dos voluntários que trabalhou foi infectado, sejam entre as pessoas que faziam a triagem até os médicos que tinham contato com os pacientes. Isso é algo muito positivo que percebemos ao final.

5. Há iniciativa semelhante no Brasil ou, de fato, o que a ACII realizou no ambulatorial está na vanguarda das ações entre as entidades de representação dos setores empresariais?

Eu não tenho conhecimento de alguma entidade do setor produtivo que tenha feito uma ação desta magnitude. Há governos que fizeram tendas de atendimento ou algumas ações ambulatoriais em outros ambientes fora de UPAS ou hospitais, mas entre as entidades do setor privado eu não conheço ninguém que tenha feito uma ação nessa amplitude que realizamos em Imperatriz. E, depois, ainda fizemos a testagem no pátio do centro de convenções, onde realizamos mais de seis mil testes pela modalidade drive-thru. Só para os associados, fizemos quase mil testes, além de seis mil para a população de Imperatriz. A ação das testagens foi uma parceria da ACII com o governo do Estado e a Secretaria Estadual Saúde.

6. E, para 2021, qual a expectativa do senhor para a ACII, bem como para os setores do comércio, serviços e indústrias? É possível ser otimista já em 2021

Eu acredito que sim. Acredito que o Brasil é a “bola da vez”. Nós temos área para produzir e, seja no agronegócio ou na indústria, nós estamos longe da metade do potencial de produção que temos. Nós temos uma transformação a ser feita que é industrializar os produtos aqui, principalmente os do agronegócio. Em 2020, tivemos um crescimento expressivo do agronegócio e, em 2021, vamos potencializar um outro processo do setor que é industrializar os produtos para que os mandemos para exportação itens já industrializados. Já temos isso no setor da carne, com muitos cortes especiais já saindo industrializados, mas ainda precisamos ter uma produção ligada ao agronegócio pujante. E teremos, neste ano, resultados muito promissores neste segmento da indústria. Na mineração também, com várias indústrias processando aço, alumínio etc., então, acho que 2021 será um ano muito positivo, o que era para ter ocorrido em 2020, mas a pandemia comprometeu. Soma-se a isso a perspectiva de que saiam as reformas administrativas e tributária. Já tivemos a reforma da previdência, que foi importante, mas prejudicada pelos resultados do mercado de empregos em decorrência da pandemia, porém, ela [a reforma da previdência] também vai ser importante para o futuro. Assim, a minha expectativa é de um crescimento muito grande em 2021 e acredito que teremos um Brasil bombando em 2022. No caso de Imperatriz, a cidade já conseguiu terminar o ano sem resultados negativos nos índices, então, 2021 pode render resultados melhores. E o pequeno empresário tem que se preparar para este movimento futuro de crescimento que pode beneficiar a todos, incluindo agora a hibridez das vendas (a presencial somada à venda on-line) que é irreversível. O pequeno comerciante tem a chance de crescer neste 2021.

7. No começo do ano o Covid-19 continua sendo uma preocupação. Como a entidade vê os desdobramentos da doença para os próximos meses deste ano, no que diz respeito aos impactos sobre as atividades empresariais e negócios?

Ainda temos alguns estados com aumento de casos, mas percebemos que não chegam perto do ponto mais crítico da doença. A vacinação é uma realidade. Como eu falei, fizemos a “União faz a Cura” e tiramos mais de mil vetores de transmissão e, agora, a gente acompanha informações sobre quase cinco milhões de doses da vacina que vão ser distribuídas em um primeiro momento, de modo que vamos chegar ao meio do ano com muitas vacinas aprovadas pelos órgãos reguladores do mundo todo e, quando tivermos isso, teremos uma variedade de vacinas para proteger muitas pessoas. Então, eu acredito que nós, no Brasil, não terminaremos o ano com pandemia. Acho que vamos terminar o ano com a existência da doença, mas acredito que não se configurará mais como uma pandemia, em função das vacinas.

8. No ano passado a conjuntura da Covid-19 impediu a realização da Fecoimp 2020. Como está a projeção de realização da feira para este ano?

A Fecoimp não ocorreu em 2019 – e ela é a maior feira multissetorial do norte e nordeste do Brasil -, então isso afeta um conjunto de estados que vêm para cá para expor os produtos e muitas pessoas que vêm de outras localidades para ver os produtos. Este ano é inevitável, a Fecoimp vai acontecer, pois já teremos condições sanitária para isso, mas, assim como o comércio, nós teremos que inovar. Ser exclusivamente on-line não poderá, mas teremos um ambiente presencial e outro on-line para que as pessoas que não queiram visitar presencialmente a feira, em setembro, possam visitar via um ambiente digital. Em setembro teremos uma parcela muito grande da comunidade já imunizada, mas temos que oportunizar também a participação de quem estará ainda em situação de risco, como idosos, e que queiram acompanhar as novidades da feira. A Fecoimp este ano deverá ser híbrida, online e presencial, mas a feira vai sim acontecer em setembro.

9. Qual a mensagem o senhor deixaria para os associados da ACII e para o empresariado em geral diante do atual contexto neste ano que começa?

Aos associados e empresários, como sempre falamos, venham para a associação comercial, pois precisamos nos fortalecer. Associativismo é isso, um fortalecimento do setor. Tendo uma associação comercial cada dia mais forte, mais forte será o setor produtivo e essa vantagem vai render também a cada negócio ou estabelecimento. No final do ano passado e neste ano nós abrimos as portas da associação comercial para todos, sem burocracia. Queremos que as pessoas venham para cá para fortalecermos mais a instituição e representarmos bem a classe. Este ano, vamos realmente trabalhar de forma bem participativa em defesa da classe. A associação comercial vai dar ferramentas aos associados, como treinamentos, cursos etc., para que eles possam se recuperar da baixa produtividade do ano passado, mas também se projetar para um futuro de crescimento.