Festas de São João no Nordeste: oportunidade para empreender e impulsionar a economia local
Passado o Dia das Mães, microempreendedores nordestinos já se preparam para uma das maiores comemorações do ano: o São João. Tradicionalmente conhecido pelas comidas e músicas típicas, o período também é um dos mais rentáveis para a economia nordestina, já que a região abriga o maior número de festas juninas do País.
A data, que é considerada a 2ª melhor do ano, em algumas regiões a 1ª – superando até o Natal é uma boa oportunidade para impulsionar o negócio de microempreendedores, que muitas vezes não possuem dinheiro em caixa para usar como capital de giro ou para aperfeiçoamento de seu espaço. Para isso, eles podem contar com o microcrédito, produto específico para quem tem um pequeno negócio. Com taxas mais atrativas e maior facilidade de acesso, este é o caminho utilizado por muitos empreendedores para aumentar estoque, investir em variedade de produtos, fazer uma decoração sazonal ou até ampliar e melhorar a estrutura.
Segundo Marcos Paulo Coelho, Superintendente de Microcrédito no Itaú Unibanco, a data foi responsável por registrar um aumento de 31% na contratação de crédito para microempreendedores em junho de 2022, na comparação com o mês anterior do mesmo ano. “Os microempreendedores aguardam ansiosos pelas comemorações desta época para aumentar os lucros e manter o caixa equilibrado durante os períodos de baixa temporada do ano. Nesse sentindo, contar com um crédito rápido e específico para investir no negócio é fundamental. É preciso oferecer meios para que os pequenos negócios acompanhem esse movimento econômico gigante que é a festa junina no Nordeste,” salienta o executivo.
Com o objetivo de aconselhar quem está buscando informações para começar seu empreendimento ou até para quem já tem experiência e quer alavancar seu comércio, oito microempreendedores compartilharam as suas experiências e deram diversas dicas de como usar o microcrédito para se preparar para o São João. Os relatos podem ser conferidos abaixo:
É preciso uma ideia e coragem
Todo empreendimento começa no papel, mas para colocar em prática é preciso atitude. Um exemplo é a dona Maria Andrade, que vende roupas em Nossa Senhora da Glória (SE). Maria é empreendedora há 38 anos e decidiu começar por necessidade. “As coisas foram ficando difíceis e eu tinha meus meninos pequenos, então inventei de começar e fui em frente”, conta ela. Para a vendedora, o São João é tempo de comemorar e de movimentar o seu negócio. “Vou investir no São João porque tudo agora é festa e todo mundo quer vestir roupa nova e bonita.”
Para a comerciante Celia Galdino, dona de uma loja de artigos de decoração em Campina Grande (PB), a ideia surgiu quando foi comprar enfeites na sua cidade e reparou na quantidade de pessoas dentro do estabelecimento. “Eu fui em uma determinada loja fazer compras para decorar a minha casa e vi uma fila enorme, muita gente comprando e cheguei em casa com isso na cabeça. Conversei com meu esposo e fizemos uma compra pequena de artigos de festa para vender. E deu certo”, comemora. Celia continuou investindo e administrando o seu negócio dentro de casa, até que após um ano abriu uma loja física, no bairro do Cruzeiro. E não parou por aí. “Depois de um ano e seis meses conseguimos mudar para uma loja maior no centro, o que garantiu maior facilidade e conforto para o cliente”, completa.
Planejamento financeiro é necessário
Uma vez que a ideia é concebida, é crucial ter uma boa organização dos gastos para manter o comércio funcionando, principalmente em alguns estados onde a festa de São João se prolonga para os meses de julho e agosto. “São João é um período que a gente consegue realmente alavancar as nossas vendas com promoções e para isso a gente precisa ter capital”, afirma Rogerio Rodrigues, vendedor de geladinhos gourmet da cidade de Juazeiro, na Bahia.
A necessidade de ter uma reserva para as movimentações de São João também foi percebida por José Bispo Júnior, vendedor de cosméticos no município de Jacobina (BA). “Nesse período junino a nossa demanda aumenta e a gente sempre precisa de um recurso extra, então eu recorri ao microcrédito. Com ele consigo alavancar minhas vendas e ter uma rentabilidade bacana”, analisa.
Investir na infraestrutura
Por conta do aumento do movimento, melhorar a infraestrutura do empreendimento é necessário, como fez a comerciante de produtos descartáveis Juliana Silva Costa, de Campo Grande (PB). “Aumentei meu capital de giro e investi no meu estoque para atender melhor os meus clientes, com maior variedade dos produtos, tendo em vista que teremos a maior festividade na nossa cidade. Com a economia aquecida, a expectativa é que as vendas aumentem ainda mais”.
Além das comemorações com bandeiras coloridas, o mês de junho é marcado pelas baixas temperaturas, fator que favorece a fisioterapeuta Jennifer Ribeiro Santana. “O frio de junho costuma acentuar dores e inchaços por conta da baixa temperatura, o que aumenta a procura por tratamentos, então este ano investi em novos aparelhos de fisioterapia, já contando com o aumento no número de clientes”, argumenta a profissional de saúde.
Variedade é a chave
Ampliar a prateleira de produtos é outra dica para preparar seu negócio para o São João. Luana Maria da Silva, esteticista e moradora de Campina Grande (PB), aumentou suas ofertas para atrair mais clientes para sua clínica de estética. “Consegui repor materiais e trouxe novidades em produtos maravilhosos. No São João, acredito que teremos uma margem de lucro satisfatória. Estou muito feliz”, celebra. Ligia Valesca, conterrânea da Luana, também apostou na variedade para atrair mais clientes para o seu restaurante. “Fiz uma grande melhoria no meu estabelecimento e no meu cardápio porque quem é de Campina Grande sabe que nessa época junina a gente recebe um grande público de turistas e nada melhor que recebê-los com a maior atenção e carinho que eles merecem”, ressalta.
De acordo com o levantamento feito pelo Ministério do Turismo, estima-se que as comemorações da Bahia, Campina Grande e Caruaru, somem mais de R$ 1.6 bilhão arrecadados. “O objetivo do Itaú é apoiar os microempreendedores nordestinos, permitindo-lhes acesso a crédito quase que instantâneo após a contratação e sem burocracia, contribuindo para que eles possam aproveitar os momentos importantes da economia local para realizar sonhos”, conclui Coelho.