Famílias precisam ficar atentas à mudança nos hábitos alimentares de crianças e adolescentes durante a pandemia

A pandemia imposta pelo novo coronavírus causou mudanças na rotina das famílias em todo o país, trazendo novidades como o home office e as aulas on-line, devido à necessidade de isolamento social. E uma das questões mais relatadas por pais e mães tem sido a mudança nos hábitos alimentares de crianças e adolescentes durante o período de confinamento, o que tem sido motivo de estudos e preocupação de entidades de Nutrição, Psicologia e Pediatria, além de órgãos governamentais no mundo todo. 

A professora do curso de Psicologia da Estácio, Iara Farias, orienta mães, pais e responsáveis a ficarem atentos ao comportamento cotidiano dos filhos, já que neste período as crianças têm ingerido uma quantidade maior de calorias e sem o gasto de energia suficiente. “É muito importante criar uma rotina para crianças e adolescentes, o que é bom até para que possam lidar com outras consequências da pandemia, como a ansiedade, que pode trazer uma falsa interpretação das mensagens fisiológicas que o corpo apresenta. É aquela ideia de que a gente come sem a necessidade de comer. É uma fome que não tem um fundamento fisiológico”, explica.

A psicóloga destaca que ao observar comportamentos como esse, a família deve procurar adotar uma alimentação mais saudável e incentivar a prática de exercícios. “Se mesmo adotando essas práticas, a criança continuar com comportamentos atípicos como, se isolar no quarto ou no celular durante muito tempo, os pais precisam conversar com os filhos e permitir que falem como estão se sentindo, e oferecer ajuda para que eles possam lidar com todas as mudanças. Além disso, o alinhamento com o pediatra é fundamental, pois é ele quem irá avaliar se aquela criança está fisicamente saudável. Nem sempre uma criança ou adolescente que apresenta uma maior necessidade alimentar está num quadro de depressão, ansiedade ou outros que demandem a necessidade de ajuda de um psicólogo ou psiquiatra”, pondera.

Iara ressalta ainda, que os pais devem estar atentos não apenas à quantidade, mas ao tipo de alimento ingerido, e, claro, que todos da família participem desse processo de reeducação alimentar. “Não só para as crianças e adolescentes, mas para a família toda, é bom pensar em adotar um modelo de vida mais saudável, que envolva reeducação alimentar e prática de atividades físicas dentro de casa, usando os espaços que se tem para equilibrar corpo e mente. Todos que moram na casa precisam participar para incentivar as crianças e os adolescentes, uma vez que eles ainda não apresentam essa dimensão do autocuidado”, orienta.

Lanches saudáveis 

A nutricionista e professora do curso de Nutrição da Estácio, Marcella Tamiozzo, traz orientações para uma alimentação saudável, seja para o período de férias escolares ou no dia a dia, evitando o risco de obesidade, já que a nova rotina alimentar pode acabar incluindo alimentos ricos em açúcares e gorduras, desencadeando aumento de peso não só de crianças e adolescentes, mas de toda a família. “Primeiramente, as famílias devem evitar comprar alimentos que favorecem o ganho de peso e que não agregam valor nutricional na dieta da criança, como refrigerantes, biscoitos recheados, macarrão instantâneo, doces, pratos congelados e frituras. Além disso, precisam incentivar em casa a prática de exercícios e brincadeiras que queimem calorias, como andar de bicicleta, pique-pega, pular corda, pular amarelinha. Isso faz com que a criança saia do sedentarismo que aumenta a cada dia devido ao uso de celulares e videogames. Outra sugestão é distraí-los com o preparo de receitas saudáveis em família”, indica.

Marcella destaca que, assim como as crianças, os adultos também devem cuidar da saúde nessa pandemia. “A ansiedade tem aumentado neste período. Procurar atividades como ler livros, aprender algum instrumento musical, pintura, podem ajudar a distrair e afastar os pensamentos na comida. A compulsão alimentar pode levar ao aumento de peso e consequentemente às patologias associadas a ela, como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes, aumento do colesterol, dentre outras”, alerta.

A nutricionista deu algumas dicas de lanches para equilibrar a alimentação de crianças e adolescentes, e que podem ser seguidas por toda a família. “Torradinhas integrais com geleia de frutas; smoothies (frutas congeladas batidas com iogurte natural e um toque de mel para adoçar); iogurte com fruta e granola; bolo caseiro feito com farinha integral e banana, ou com maçã, aveia e castanhas; salada de frutas com iogurte natural; e sucos de uva integral, ou natural de outras frutas; e água de coco, recomenda.