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“Eu sinto uma gratidão que não cabe no meu coração”, afirma vítima resgatada de naufrágio

Dona Andreia Fernanda Corrêa Tenório Britto e o filho Luís Adriano Corrêa Tenório Britto reencontraram parte da equipe que os resgataram de um naufrágio no último domingo (27) em São José de Ribamar. O encontro ocorreu na sede do Centro Tático Aéreo (CTA), no Comando Geral da Polícia Militar, no Calhau. Emocionados, eles agradeceram aos profissionais da Segurança Pública (SSP) por evitarem uma tragédia.

“Estamos aqui graças a Deus e a eles [equipes de salvamento]. Eu sinto uma gratidão que não cabe no meu coração e nem sei explicar esse sentimento. É como se eles fossem da minha família”, afirmou Andreia Fernanda durante o reencontro realizado na tarde de terça-feira (29).

Ela, o filho Luís Adriano e mais três amigos foram pescar na cidade de São José de Ribamar no último domingo (27). Era para ser mais um fim de semana de lazer, mas a embarcação acabou naufragando após o motor bater em uma espécie de curral para peixes e começar a afundar rapidamente.

O socorro veio a partir da ligação que o grupo fez com um celular que resistiu a água e surpreendentemente tinha sinal de cobertura. O primeiro número de emergência a completar ligação foi o Samu, que encaminhou a chamada para o Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops), onde o tenente José Quirino e o major Azevedo deram seguimento ao pedido de resgate acionando uma equipe do CTA.

Os dois militares do Ciops que compareceram ao reencontro fazem parte do Corpo de Bombeiros. Andreia fez questão de agradecer pelo empenho de todos os envolvidos no resgate, desde a primeira ligação que chegou ao Samu e foi encaminhada ao Ciops. Para ela, os profissionais são verdadeiros heróis do cotidiano.

“Eles foram tudo e são os nossos heróis do dia a dia. A gente conta com eles nas mais diversas situações, incluindo se acontece um acidente grave. Todos os dias a gente confia neles, e todos os dias eles saem de casa dispostos a dar a vida deles pela nossa, sem nem mesmo nos conhecer”, frisou.

Com 28 anos de trabalho dedicados ao Corpo de Bombeiros, o tenente José Quirino descreveu a experiência como a grata sensação de dever cumprido. “Quando vemos o resultado final bem-sucedido, vemos o tanto que o nosso trabalho é importante. Em uma ligação que você atende e um pequeno detalhe que você explica faz toda a diferença, assim como a rapidez. É o sentimento de dever cumprido”, declarou.

O reencontro também teve a presença dos pilotos do helicóptero utilizado durante o resgate: o delegado e comandante da aeronave Raphael Souza, da Polícia Civil, e o capitão Leonardo Mendonça, do Corpo de Bombeiros. Os dois receberam os agradecimentos dos resgatados, e lembraram da dedicação necessária para desenvolver um bom trabalho e salvar vidas.

O comandante Raphael Souza relatou que a comunicação entre as forças de segurança e as vítimas foi fundamental para o sucesso da operação. “Conseguimos sinal com a vítima que estava com o celular e fomos nos aproximando. A cor da caixa d’água é o que chamou mais atenção, por conta do nosso mar mais escuro, é como se fosse procurar uma agulha no palheiro, e então avistamos as cinco vítimas flutuando em torno do objeto”, explicou. 

Ele afirma que ficou marcado em sua memória o que a Andréia, uma das primeiras a ser resgatada por conta de não saber nadar, disse ao estar em terra firme. “Uma das frases que eu não esqueço é a da senhora Andréia dizendo ‘agora eu posso ver as minhas netas’ e isso é muito gratificante. Já estamos há muito tempo no grupamento aéreo, com inúmeras operações, e sempre é muito gratificante a missão para salvar vidas”, contou.

Capitão do Corpo de Bombeiros, Leonardo Mendonça disse que a experiência também ficará marcada em sua memória. “Eu estava na ligação e ela se emocionou bastante quando a gente os localizou. É uma imagem que ficará marcada na minha memória, a gente se aproximou e viu toda aquela família junta em torno de uma caixa d’água. Com as bençãos de Deus, nós voltamos para casa com todos vivos e em segurança”.

Ao relembrar os momentos do resgate, Luís Adriano Corrêa Tenório Britto, filho de Andreia, falou do misto de sentimentos. “Não dá para descrever a sensação de alívio com desespero, com segurança, com uma vontade de correr. Eu cheguei [à praia] e fiquei rolando no chão para sentir a terra firme”, disse. Sobre os momentos de tensão, ele contou que estava focado em duas coisas. “Além do desespero para voltar para a casa com os meus pequenos, eu estava disposto a fazer qualquer esforço para a minha mãe não se afogar”, relatou.

Durante o reencontro, Luís abraçou e fez questão de cumprimentar os profissionais de segurança e agradecer pelo trabalho em favor da sociedade.

“Quando o bombeiro viu a gente e saltou, ele não ligou se tinha um peixe ou alguma outra coisa lá embaixo, ele fez o trabalho dele com os outros que estavam no helicóptero para poder salvar todo mundo. Eu não admito hoje nenhuma pessoa falar mal do Corpo de Bombeiros perto de mim, se eu estou vivo hoje é graças a Deus e a eles”, declarou.

Para os resgatados, a experiência fortaleceu a fé. “Deus foi tão bom que a gente conseguiu manter o controle. Deus deu tudo para a gente, água, comida, força e coragem. Hoje, ouvir o som de helicóptero é simplesmente o melhor som da minha vida, nada nunca vai substituir esse som”, contou Andreia.

Além dos profissionais que estiveram presentes no reencontro no CTA, o resgate também teve a participação do primeiro-tenente Paulo Victor, do terceiro-sargento Davi Guilherme Mota e do terceiro-sargento Evandro Jorge Sousa, que fazem parte da equipe de salvamento da aeronave.