Estudo alerta sobre o impacto do TikTok na saúde mental dos jovens

Receitas, dicas sobre cabelo, como criar story no Instagram, arte, moda, decoração, novas bandas, entrevistas… Os vídeos do TikTok vão além das trends, tendências de “dancinhas chicletes”, que grudam na cabeça e tornam a mídia social tão popular. Os vídeos, na maioria de curta duração, captam a atenção, e entre um minuto e outro, as horas passam rapidamente no deslizar dos dedos, em um feed contínuo. 

O TikTok obteve um crescimento meteórico na pandemia de Covid-19: recentemente, atingiu a marca de 1 bilhão de usuários ativos no mundo. O aumento foi de 45% ao ano – em comparação, o Facebook teve crescimento de 7%. É a mídia social do momento, um palco amplificado para diferentes vozes, em que pessoas anônimas podem se tornar uma celebridade de forma instantânea. 

Vídeos com edições aceleradas, cortes rápidos e toques de humor conquistaram o público, principalmente o jovem. Uma pesquisa realizada pela fabricante de software Qustodio revelou que crianças e adolescentes, entre 4 e 18 anos, passam mais tempo no TikTok do que no concorrente YouTube. A média é de 91 minutos por dia no TikTok e de 56 minutos por dia no YouTube. 

Risco a saúde e segurança

A superexposição e a dificuldade dos pais de filtrarem o conteúdo absorvido pode colocar em risco a saúde mental dos jovens? Especialistas afirmam que a imersão excessiva e a desconexão da realidade ao redor podem levar a diferentes transtornos mentais, e o mais comum deles é a ansiedade. 

Os vídeos curtos do TikTok atuam como um vício. É o que alerta o estudo realizado pela revista científica NeuroImage. Exames de ressonância magnética realizados nos participantes, enquanto assistiam aos vídeos personalizados pelo algoritmo, identificaram que áreas do cérebro relacionadas à recompensa são ativadas. 

De forma rápida, uma sensação generalizada de prazer é sentida no organismo. O cérebro saturado de dopamina requer doses maiores de estímulos para manter a sensação. O usuário da rede social tende a repetir várias vezes a ação. O formato é arquitetado para “fisgar a pessoa” e manter o maior tempo possível na rede.

Equilíbrio e monitoramento do uso

O TikTok utiliza artifícios e métodos para ampliar o engajamento e o tempo dos jovens na plataforma. A idade mínima para criar uma conta é a mesma do YouTube, a partir de 13 anos. Mas é fácil driblar o limite, pois o ingresso é apenas pela autodeclaração de idade, sem precisar de comprovação. 

O pesquisador Bradley Kerr, do departamento de pediatria da Escola de Medicina e Saúde Pública da Universidade Wisconsin-Madison, comandou uma pesquisa com adolescentes nos Estados Unidos. Os entrevistados destacaram a importância da rede como instrumento de conexão e busca por conteúdos relevantes, mas muitos confidenciaram se sentir “sugados” e com a estima minada, ao se compararem aos corpos turbinados e às vidas perfeitas.

Os nativos digitais nasceram cercados pela tecnologia, que está onipresente no cotidiano. A Apple captou as necessidades desta geração; do iPhone 11 a outros modelos, o desejo é ter a melhor experiência interativa, com a conexão na palma das mãos. As mídias sociais, quando utilizadas com responsabilidade, ampliam as possibilidades de trocas, diversão, relacionamento e aprendizagem. Os pais necessitam estar presentes para moderar o uso e ensinar a utilização dos aplicativos com sabedoria.