Em meio ao avanço do coronavírus, entidades médicas do Maranhão lançam manifesto
Entidades médicas do Maranhão lançaram nesta segunda-feira (15) um manifesto diante da atual situação da pandemia do novo coronavírus no Estado. Em coletiva de imprensa, representantes do Conselho Regional de Medicina do Maranhão (CRM-MA), Associação Médica do Maranhão (AMM) e Sindicato dos Médicos do Maranhão (Sindmed-MA) divulgaram nota conjunta com recomendações à população, ao poder público e à direção de Unidades Hospitalares (público e privadas), no auditório do CRM-MA.
À população em geral foi destacado no documento a importância do uso de máscaras, distanciamento social e higienização das mãos continuamente. Também foi feito um apelo às pessoas que já estão na faixa-etária com vacinas disponíveis que se vacinem. Ao poder público, sobretudo às gestões municipais, foi recomendado que ofertem às suas populações serviços ambulatoriais e leitos de estabilização para pacientes com síndromes gripais, antecipando a avaliação de risco desses pacientes.
Com relação às Unidades Hospitalares, foi recomendado que melhorem seus serviços de notificações do agravo e das síndromes respiratórias agudas graves, de modo que se mantenha a maior transparência possível no perfil de agravamento do número de casos e de óbitos; e ao poder público, as entidades médicas pediram uma adoção de medidas restritivas em caso de iminência de saturação de leitos de UTI na rede pública e privada, de modo a evitar o colapso da rede para a grande maioria da população, que se utiliza exclusivamente dos hospitais do SUS no Estado.
Ainda de acordo com as recomendações ao poder público, as entidades destacam que a adoção das medidas restritivas deve ser precedida de análise criteriosa de indicadores epidemiológicos, capacidade da rede de atendimento e impactos sociais e econômicos.
Para Abdon José Murad Neto, cirurgião e presidente do Conselho Regional de Medicina do Maranhão (CRM-MA), o enfretamento da situação atual da pandemia da Covid-19 é necessário envolvimento e participação de todos. “População, entidades médicas, órgãos municipais e estaduais de saúde, todos juntos. Até agora não existe nenhum remédio para essa doença, portanto é preciso a união de todos para implementar as mudanças necessárias rumo à reversão desse quadro tão adverso”, revelou Abdon Murad.
José Albuquerque de Figueiredo Neto, cardiologista e presidente da Associação Médica do Maranhão (AMM), contou que a necessidade de fazer esse apelo, em nome da classe médica e também de todos os profissionais de saúde do Maranhão, é devido à proporção urgente que a situação da pandemia está se tornando. “É necessário que a população consiga separar pandemia e política, separar pandemia e eleição presidencial. Pois talvez não estejamos nem vivos para votar na próxima eleição!”, justificou Albuquerque Neto.
Carlos Frias, infectologista e vice-presidente do Sindicato dos Médicos do Maranhão (Sindmed-MA) explicou que a missão do sindicato não é corporativismo, mas essencialmente uma defesa da sociedade como um todo. “Nós estamos irmanados aqui, em uma visão coletiva, para fazer frente a essa crise. Há necessidade de uma maior conscientização da população para não chegarmos ao ponto de um lockdown. As ações restritivas infelizmente são necessárias, pois não existe uma adesão da população da forma que se deveria”, destacou.
Convidado pelas entidades médicas, Marcos Pacheco, médico e secretário de Estado de Políticas Públicas, representou o Governo do Estado no momento do lançamento do manifesto e disse concordar com todas as recomendações das entidades. “Estamos com uma grande preocupação devido à alta da incidência da doença na faixa etária mais jovem, com pacientes sem comorbidades, com uma internação demorada, com quase o dobro de tempo de internação. Aqui estamos fazendo um apelo de proteção à vida, pois quando o jovem ocupa o sistema de saúde, vai faltar leito para os mais idosos, mais frágeis”, explicou Pacheco.