Edemas, Infecções, Ptose… quais os riscos mais comuns numa cirurgia de catarata? 

A cirurgia de catarata mudou a vida de 35 mil brasileiros atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2021, segundo o DataSus. O tratamento cirúrgico, que está perto de completar 300 anos de história, evita a perda de visão.

Para a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), a doença é uma das principais causas de cegueira tratável no mundo. A solução é uma cirurgia feita com modernos equipamentos a laser em cerca de 20 minutos.

O procedimento é seguro e não tem risco de recidiva, isto é, do paciente desenvolver a doença novamente. Ele pode ser aplicado assim que a doença começa a afetar a visão, o bem-estar e a segurança do paciente, e o tempo de recuperação é breve.

Porém, como todo procedimento cirúrgico, este também envolve riscos e complicações, que devem ser conhecidos pelo paciente e avaliados junto ao médico durante o pré-operatório para evitar surpresas desagradáveis. Abaixo elencamos os principais riscos da operação e damos algumas orientações para que as pessoas entendam o que é catarata:

Opacidade de cápsula posterior (OPC)

A opacificação da cápsula posterior do cristalino (OCP), que fica localizada atrás da lente intraocular, é comum após a cirurgia de catarata. 

Ela torna a visão borrada justamente devido a opacidade que acomete a cápsula, resultado de crescimento celular ao longo do tempo – como se fosse uma cicatriz. Não se trata de um erro cirúrgico.

A OPC pode se manifestar em alguns dias, semanas, meses ou até anos da realização da cirurgia da catarata, e, se acontecer, pode ser facilmente resolvida com um procedimento a laser, que tornará a visão clara novamente. 

Edema macular cistoide (EMC)

A mácula é a porção central da retina, e tem como função a percepção dos detalhes, detecção de contrastes e visão de cores. 

De forma geral, as cirurgias oculares causam traumas que favorecem o extravasamento de líquidos que irrigam a retina para essa região, onde se forma um edema (inchaço). Em alguns pacientes, isso acarreta em uma perda de acuidade visual após a operação.

É preciso iniciar junto ao oftalmologista o tratamento do EMC, que busca reduzir o edema e resgatar ao máximo a acuidade original. No entanto, alguns casos se resolvem espontaneamente. 

Endoftalmite (infecção no olho)

A endoftalmite é um tipo de infecção ocular na qual microrganismos nocivos invadem parte interna da estrutura ocular, que, em alguns casos, fica exposta durante a cirurgia de catarata. Também pode ocorrer quando há uma lesão no interior da estrutura. 

Os sintomas da doença surgem de forma progressiva e incluem dor, vermelhidão, inchaço nas pálpebras, piora da visão e sensibilidade à luz. 

O paciente que apresentar esses sinais deve procurar o seu médico para reforçar os colírios  antibióticos a fim de controlar o quadro infeccioso e verificar se é preciso adotar outras formas de tratamento, como medicamentos e injeções intraoculares. Caso contrário, a endoftalmite pode levar à perda de visão.

Ptose (pálpebra superior caída)

Complicação relativamente comum após a cirurgia de catarata, a ptose é causada devido a separação ou alongamento do tendão do músculo que eleva a pálpebra, feita com o aparelho blefarostato, que mantém os olhos abertos. Edemas e inflamações na região no pós-operatório também favorecem a condição. 

A queda da pálpebra é evidente . Ela pode mudar a feição e impactar a autoestima. Em alguns casos, o paciente tem dificuldade na visão, e passa a inclinar a cabeça para trás ou franzir as sobrancelhas para tentar enxergar melhor.

Em geral, a ptose melhora de forma espontânea algum tempo após a cirurgia. Se durar mais de seis meses, é preciso avaliar uma cirurgia corretiva com o oftalmologista.

Descolamento da retina

A cirurgia de catarata é um fator de risco para o descolamento de retina que, se não for tratado com urgência, pode trazer complicações irreversíveis à visão do paciente. 

O descolamento ocorre quando a retina (parte de trás do olho) se desprende do globo ocular. Essa separação interrompe o suprimento de nutrientes para a retina, que começa a se degenerar.

Além da cirurgia, quem tem grau elevado de miopia, glaucoma, diabetes, inflamações e histórico na família tem chances de apresentar o quadro. Estes casos devem receber atenção especial antes de operar a catarata. 

Os sintomas do descolamento de retina são moscas volantes na visão periférica e flashes de luz anormais. O paciente que notar essas anomalias após a cirurgia deve consultar imediatamente o seu médico.

Risco maior é não operar

A cirurgia de catarata é o único tratamento existente para a condição. Se não for feita, os sintomas que se iniciam com borrões na visão e dificuldade de enxergar à noite tendem a evoluir para baixa visão ou cegueira, comprometendo a qualidade de vida e segurança do paciente. 

O ideal é operar o quanto antes. Antigamente, era preciso aguardar a progressão da doença para remover o cristalino solidificado, mas, graças ao uso do laser, a operação tem indicação de ser realizada logo após o diagnóstico.

Outra vantagem de fazer a cirurgia cedo – antes dos 60 anos – é evitar fatores complicadores associados à idade, como doenças crônicas. Além disso, quanto mais jovem, mais rápida tende a ser a recuperação.

Com isso, vemos que o procedimento de remoção da catarata é extremamente seguro. A técnica é amplamente consolidada e, graças à evolução tecnológica, há baixos índices de riscos e complicações quando comparados com a solução definitiva para a doença. O maior perigo está em adiar ou não fazer a cirurgia e perder de vez a visão.