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Economia

Dólar em queda: já é o momento para fazer investimentos?

Avaliado nos últimos meses sempre acima de R$5 – e em alguns momentos beirando os R$6 – o dólar surpreendeu a todos no final de março registrando dias seguidos de queda. A transição entre os dias 20 e 21 de março foi o ponto da mudança, de R$ 5,02 para R$ 4,94.

No dia 1° de abril o dólar foi avaliado em R$ 4,70. Apesar da data ser conhecida como “Dia da Mentira”, a queda momentânea é real – sem trocadilhos com a moeda brasileira.

Mas afinal, essa queda é uma tendência? O que explica esses números recentes? Já é a hora de fazer investimentos? Todas essas dúvidas são esclarecidas pelo professor de Ciências Contábeis do Centro Universitário Estácio São Luís, Reis Rocha.

O que explica essa queda?

Apesar de em 2021, a taxa básica de juros registrar as menores porcentagens da história, em um recorte recente, o Brasil teve uma elevação destacada do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic/taxa básica de juros), sendo uns dos fatores que explicam a queda do dólar, como aponta o professor Reis. “Esse fator impulsionou a valorização do real em relação ao dólar, pois a taxa Selic é o principal instrumento de política monetária utilizada pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação, influenciando as demais taxas de juros do país, como nos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras, sendo o diferencial em relação a outras economias, diante das grandes tensões na Ucrânia e Rússia”.

A taxa SELIC teve muitos aumentos e a expectativa, segundo Reis, é de alta para o restante do ano de 2022. “Para os investidores, isso pode parecer uma boa notícia, razão de alguns ativos, como os de renda fixa pós-fixada, terem os seus rendimentos calculados com base nessa taxa. Isto é, quem investir em Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) e Tesouro Selic terá maior rentabilidade”.

Ele completa que nos últimos dias, o Brasil teve sua moeda valorizada e o dólar mais desvalorizado. “Isso foi motivado pelo grande volume de capitais de investimentos estrangeiros. De maneira bem simples, podemos relembrar a lei da oferta e demanda. Se o investidor de fora do país colocar mais dólares na economia brasileira, haverá um grande volume da moeda no Brasil no mercado, consequentemente quanto maior a oferta, menor o preço do dólar”, explica o professor.

Essa queda é temporária?

Segundo o especialista, para definir se a queda é temporária ou um fenômeno contínuo, tudo dependerá do aumento dos preços das commodities no mercado internacional com a venda de produtos, como soja, minério de ferro e petróleo, o que pode fortalecer o real, uma vez que há um forte ingresso de dólares no mercado financeiro brasileiro.

Já é hora de fazer investimentos?

Reis aconselha as pessoas terem cautela para os próximos 30 a 60 dias e aguardar ainda as decisões sobre o que poderá acontecer ainda, na guerra entre Rússia e Ucrânia.

Além disso, a partir do segundo trimestre, as atenções ficarão voltadas para a eleição presidencial no Brasil. Essa pauta entra no radar dos investidores nos próximos meses, pois o processo eleitoral tem um papel diretamente ligado com o mercado.

Por isso é importante esperar as definições sobre a guerra e o embate político do país para ter um cenário mais nítido e enxergar uma nova tendência sobre a valorização, ou não, do real.