Nas mãos das artesãs da comunidade quilombola de Itamatatiua, no município de Alcântara/MA, a argila se transforma em arte. Essa prática milenar de moldar a terra é uma expressão da alma, um legado ancestral que perdura através dos tempos. Tendo em vista todo o potencial empreendedor, turístico e cultural dessa comunidade, o Sebrae visitou Itamatatiua para conhecer os trabalhos já desenvolvidos na região e iniciar novo ciclo de apoio para o fortalecimento da comunidade.

A visita aconteceu na última quinta-feira (25). A  diretoria do Sebrae Maranhão, liderada pelo diretor superintendente Albertino Leal e a coordenadora do programa Plural, Alessandra Ciuffo, do Sebrae Nacional, estiveram na comunidade para conhecer os  trabalhos já realizados pelo Sebrae e projetar ações futuras. Essa visita faz parte da programação de lançamento do projeto “Tambores da Inclusão: ESG”, que aconteceu na sede do Sebrae Maranhão, em São Luís, nesta sexta-feira (26). 

Neide de Jesus é moradora do povoado. Foi ela quem liderou a organização da associação de moradores da comunidade em 1989. Uma de suas preocupações é quanto à perpetuação dessa cultura. Para ela, é preciso que os jovens aprendam a forma correta de fazer um produto bom e de qualidade. Ela expressou sua expectativa em relação ao projeto:  “Agora vai melhorar, porque as mais velhas estavam adoentadas e os mais jovens sem vontade de participar. E agora a juventude está chegando para a produção e eu estou confiante que, com o Sebrae, vamos conseguir ver tudo isso aqui funcionando bem”.

O diretor superintendente Albertino Leal disse que o trabalho do Sebrae será preparar a comunidade para o desenvolvimento econômico que já vem acontecendo na região. “O Sebrae vem participando de forma muito efetiva nesses avanços. Assim, precisamos preparar os moradores para receber o turista e para se integrar no processo de crescimento, que temos certeza que acontecerá cada vez mais forte, provocando os jovens a participar da fabricação desse artesanato”, compartilhou o executivo.

Projeto – O “Tambores da Inclusão: ESG” será subsidiado pelo programa Plural, iniciativa do Sebrae em âmbito nacional, que se dedica a atender grupos sub-representados como as comunidades quilombolas. 

“Estamos aqui para conhecer e explorar possibilidades por meio do programa Plural, em parceria com o Sebrae Maranhão, para conseguirmos fazer com que as mulheres quilombolas de Itamatatiua tenham qualidade de vida e qualidade produtiva”, relata Alessandra Ciuffo, coordenadora nacional do programa Plural.

Uma comunidade cujo lema é a luta – A comunidade de Itamatatiua tem um histórico de lutas, que emocionam e encantam os visitantes. O Sebrae tem uma trajetória de atuação na comunidade. Com o tempo, novas necessidades surgiram e a instituição retorna para resgatar os trabalhos, buscando fortalecer as ações desenvolvidas. 

As bravas mulheres de Itamatatiua, que detêm conhecimento ancestral, se responsabilizam pelo processo de transmissão de saberes para as novas gerações. Os jovens estão interessados em aprender, por entender que esses conhecimentos são valiosos para a perpetuação da cultura.

Moradora da comunidade desde que nasceu, Maria da Paz de Jesus aprendeu com sua mãe a arte de moldar a argila, e repassa para as filhas por acreditar na importância de manter a cultura viva. “Gosto demais de fazer a cerâmica, sei da importância e já ensino para a minha filha. Quando as mais velhas não podem, os mais novos continuam o trabalho. Precisamos de bastante coisa, queremos que melhore mais e o Sebrae veio para ajudar. Estamos felizes com isso”, contou Maria.

Por meio do Sebrae, a mestra artesã Isabel Matos já está na comunidade orientando as demais artesãs quanto às técnicas de produção e realizando um levantamento das necessidades para a melhoria da qualidade desse artesanato. Atualmente, a comunidade produz peças em cerâmica para comercialização: são louças, acessórios decorativos, vasos e muito mais. A comercialização desses produtos é realizada na lojinha instalada na própria sede da associação de moradores. 

Impacto social e econômico – A visita do Sebrae sinaliza o início de um novo ciclo de apoio à comunidade. A instituição apresentou novas iniciativas e projetos que visam fortalecer ainda mais a produção artesanal local e gerar novas oportunidades de negócios.