Cuidar da mente desde cedo fortalece autoestima e previne adoecimento emocional em crianças e adolescentes
Dados recentes mostram aumento de ansiedade e depressão entre jovens; especialistas reforçam a importância da prevenção no Setembro Amarelo
No Setembro Amarelo, campanha de prevenção ao suicídio, especialistas ressaltam que promover saúde mental desde a infância é essencial. Dados da Fiocruz e da Harvard apontam que, entre 2011 e 2022, a taxa de suicídio entre jovens no Brasil cresceu 6% ao ano, e as autolesões aumentaram em média 29% anualmente — índices que superam a evolução observada na população em geral.
Além disso, um estudo da USP mostrou que, ao longo da pandemia, 1 em cada 4 crianças e adolescentes apresentou sinais clínicos de ansiedade ou depressão, com necessidade de intervenção profissional. Outro levantamento, baseado em dados do SUS, revela que, pela primeira vez, os registros de ansiedade entre crianças e jovens (10–14 anos: 125,8 por 100 mil; adolescentes: 157 por 100 mil) superaram os de adultos (112,5 por 100 mil). Esses números evidenciam a urgência de ações preventivas focadas no público infantojuvenil.
Segundo Silvia Kelly Bosi, neuropsicopedagoga especialista em autismo, muitas crianças, especialmente aquelas com TEA, enfrentam desafios na escola e nas relações sociais. “Quando promovemos práticas de estimulação cognitiva, de regulação emocional e incentivamos a inclusão, estamos fortalecendo a autoestima e prevenindo situações de sofrimento silencioso”, alerta.
A fonoaudióloga Angelika dos Santos Scheifer complementa. “A criança que não consegue se expressar, seja pela fala ou pela linguagem, pode ter sua autoestima abalada e carregar sentimentos de frustração. Ao trabalharmos a segurança na comunicação, estamos também ajudando essa criança a se sentir capaz, fortalecendo sua saúde mental”, explica.
As especialistas alertam que a prevenção é um processo que deve começar na infância — envolvendo pais, escolas e equipe multidisciplinar —, e não apenas reagir aos sintomas. Quando ações como estimulação cognitiva, inclusão adequada e desenvolvimento da comunicação são integradas desde cedo, aumenta-se a capacidade emocional das crianças e adolescentes em lidar com adversidades futuras.
“Prevenir o adoecimento emocional é um processo que começa na infância. Quanto mais cedo olharmos para as necessidades dessas crianças e adolescentes, mais chances temos de promover saúde mental ao longo da vida”, conclui Silvia Kelly.
Caso queira se aprofundar na pauta, fico à disposição para fazer a ponte de entrevista com as especialistas.
Silvia Kelly Bosi
Cientista e neuropsicopedagoga, graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional, com especializações em Autismo, Desenvolvimento Infantil, Análise do Comportamento, Neurociências e Neuroaprendizagem. Certificada internacionalmente pelo CBI of Miami em Desenvolvimento Infantil e Avaliação Comportamental. Mestranda em Atenção Precoce pela Universidad del Atlántico (Espanha) e Perita Judicial certificada pela PUC-Rio. Atua com foco em avaliação neuropsicopedagógica e intervenção nos contextos clínico e educacional.
Angelika dos Santos Scheifer
Fonoaudióloga, pós-graduada em Avaliação e Reabilitação em Motricidade Orofacial e Distúrbios de Fala e Linguagem, formação avançada em PECS, formação em laserterapia para clínica fonoaudiológica e aprimoração em ação fonoaudiológica no TEA. Produtora de conteúdo digital para promoção de saúde em fala e linguagem. Atua em atendimento clínico e em treinamento familiar para o desenvolvimento da fala infantil, com consultas presencial e online para todo o Brasil.
