Crianças e dinheiro: especialista explica quando o assunto deve entrar na vida dos pequenos
A educação financeira é um dos temas mais debatidos na atualidade no país. A pesquisa Estresse Financeiro do Brasileiro de 2020 apontou que 71% das pessoas consideram que problemas financeiros são uma das principais fontes de preocupação. O administrador e coordenador do curso de Administração da Faculdade Pitágoras, Kenedy Veloso, defende que o crescimento no assunto é pelo fato dele ser de extrema importância para todos.
No mês das crianças é um bom período para introduzir a temática na vida dos pequenos. O administrador afirma que o tema é, sim, assunto de criança. “A partir do momento em que a criança começa a identificar o processo de troca e perceber que uma determinada coisa precisa ser entregue para o recebimento de outra, já pode começar a ser trabalhado princípios como poupar, e evitar desperdícios. Esses dois conceitos devem ser reforçados e são os pilares de uma educação financeira”, pontua.
O docente ressalta que existem duas formas de educar financeiramente: receber orientação desde o início ou aprender com as experiências da vida e com os próprios erros. “Sem dúvidas a melhor maneira é receber orientação o mais cedo possível, educando desde cedo a criança no processo de poupar e de conquistar o próprio dinheiro”, ressalta.
O professor destaca que quando a mente não é treinada para poupar e esperar o tempo necessário para adquirir o que deseja, a pressa pelo consumo, é o maior causador de endividamentos nos adultos, as chamadas compras pelo impulso. “Então a educação financeira é acima de tudo um exercício mental de controle e priorização do consumo”, reforça.
Um dado que aponta que os pais estão preocupados com o futuro dos filhos é o crescimento de jovens de até 15 anos na bolsa. Informações divulgadas pela B3, a bolsa de valores brasileira, mostra que atualmente há mais de 21 mil jovens com até 15 anos cadastrados e investindo na bolsa. O número representa um crescimento de 65,5% em um ano. O administrador elenca os fatores que contribuíram para esse aumento. “Certamente é um ponto positivo o aumento em investimentos na bolsa de valores, é uma prática comum em países desenvolvidos, visto que, a cultura da poupança tão enraizada no Brasil, geralmente não é eficaz em relação a rendimentos acima da inflação”, acrescenta.
O expressivo aumento de jovens na bolsa de valores mostra que a educação financeira está começando a tomar forma no país, mas o especialista ressalta que é necessário tomar alguns cuidados. “Atenção com a pressa para retornos rápidos e volumosos, operações como Day Trade podem parecer muita chamativa, ainda mais com uma quantidade volumosa de cursos sendo oferecidos na internet, e alguns com promessas de retorno rápido, ou de ganho de fortunas em curto prazo. Entretanto, é importante ressaltar que qualquer operação que gera muito retorno em pouco tempo, em paralelo propicia maiores riscos. Partindo desta realidade é interessante estudar muito, fazer uma análise minuciosa de suas operações, não achar que vai ganhar fortunas do dia para a noite. Assim como todos os investimentos, é um processo no qual a pressa mais atrapalha que ajuda”, conclui o especialista.