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Consultores do Prêmio Innovare elogiam ações do Vagão da Conciliação

Consultores especializados da 22ª edição do Prêmio Innovare estiveram no Gabinete da Presidência do Tribunal de Justiça do Maranhão, na manhã desta segunda-feira (4/8), onde conheceram detalhes do Projeto Vagão da Conciliação, iniciativa inédita coordenada pelo Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec/TJMA). Antônio Pontes de Aguiar Filho e Antônio Nery elogiaram o alcance e a possibilidade de replicação em outros estados da prática que promove acordos durante viagens de trem na estrada de ferro Carajás, que liga o Maranhão ao Pará.

Os dois representantes do Innovare foram recebidos pelo presidente do Nupemec, desembargador Nilo Ribeiro, e pelo juiz coordenador do Núcleo, Rodrigo Nina, no encontro que contou também com a presença do gerente jurídico da empresa Vale, Rômulo Nélson, e da coordenadora de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão da Escola Superior da Magistratura do Maranhão (Esmam), Mônica Sousa.

O Vagão da Conciliação é uma das sete práticas inscritas pelo TJMA nesta edição. As equipes concorrentes estão sendo visitadas por consultores especializados e serão avaliadas por integrantes da Comissão Julgadora, composta por personalidades do meio jurídico e acadêmico nacional.

ACESSO À JUSTIÇA

O desembargador Nilo Ribeiro explicou a estratégia da atual gestão do Tribunal de Justiça do Maranhão para promover a prestação de serviços de forma rápida e gratuita e enfrentar as dificuldades de acesso à Justiça, vivenciadas principalmente por comunidades de áreas remotas e vulneráveis.

O presidente do Nupemec reforçou a importância de parcerias, como a realizada com a empresa Vale e o Ministério Público estadual nas ações do Vagão da Conciliação. Falou sobre a divulgação, abordagem e atendimento durante o trajeto do trem que transporta 1.200 passageiros, em média, por viagem, e que, apenas no trecho entre São Luís e Açailândia, numa área que abrange um total de 23 municípios de 14 comarcas, percorre 650 km de ida e outra distância igual de volta, período em que são realizadas as audiências.

Citou casos de resolução de conflitos entre pessoas que frequentam o vagão e outras que participam das audiências por videochamadas. Apontou um índice de 98,16% de conciliação e um volume negociado superior a R$ 381 mil, nas quatro viagens já realizadas, a imensa maioria em situações pré-processuais, antes mesmo de iniciado um processo formal na Justiça.

Com isso, a gente cria a cultura da pacificação social”, resumiu Nilo Ribeiro.

POUCOS MINUTOS

O juiz Rodrigo Nina detalhou o funcionamento do projeto que, em poucos minutos, pode realizar o sonho de oficializar uma união estável de muitos anos, de conseguir um divórcio, de conquistar a guarda definitiva de uma criança ou pensão alimentícia para os filhos e de resolver outros conflitos cíveis, familiares e de relações de consumo. Falou como ocorrem as audiências também nos casos em que o processo já está em andamento no Judiciário.

Mônica Sousa, da Esmam, lembrou que, além de atender determinações do Conselho Nacional de Justiça, a prática também tem compromisso com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), conjunto de metas globais estabelecidas pela ONU para um futuro mais sustentável e equitativo até 2030, especialmente a ODS 16, que busca promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas a todos os níveis.

Rômulo Nélson, da Vale, disse que uma das premissas da empresa é a escuta ativa e engajamento com a sociedade. “Vimos a possibilidade de esse projeto transformar a vida das pessoas”, enfatizou.

ÓTIMA IDEIA

Os consultores do Innovare ainda acompanharam uma apresentação com vídeos, informações, todos os dados estatísticos e avaliaram positivamente o projeto.

Pela ideia e pela constatação que tivemos aqui, do exercício e da prática, achamos uma ótima ideia e, principalmente, porque ela atua no pré-processual, ou seja, evitando litígios que poderão agregar ou aumentar, ainda mais, a demanda por parte do Poder Judiciário”, elogiou Antônio Nery, que também destacou os encaminhamentos feitos em situações já judicializadas.

O consultor Antônio Pontes apontou o que considera a principal virtude do projeto. 

O Tribunal alcançar as pessoas, o Tribunal valorizar e aproveitar o tempo livre das pessoas que estão ali no vagão, promovendo um efetivo acesso à Justiça. Eu creio que essa seja a maior virtude do projeto Vagão da Consolidação”, destacou Pontes.

OUTROS ESTADOS

Outra condição que reforçou a importância do projeto foi a possibilidade de ser replicado para outros estados. O juiz Rodrigo Nina relatou o interesse inicial do Pará em estender o atendimento ao estado vizinho. O gerente jurídico da Vale, Rômulo Nélson, indicou o interesse da empresa em levar a ação ao seu corredor Sudeste, na Estrada de Ferro Vitória-Minas.

“Essa é a nossa percepção de que esse projeto tão fantástico, tão transformador de vidas, possa se estender a outros corredores, a outros municípios e outras comunidades, ampliando, sobretudo, a capacidade de atendimento e de expandir essa cultura da pacificação”, disse Rômulo, que lembrou da necessidade de conversar com outros tribunais e colegas.

“Seria muito interessante, a possibilidade de replicar esse modelo. É um modelo que, como a gente viu aqui, ele tem custos reduzidos, é um modelo simples, que precisa mais da disponibilidade dos tribunais em tomar essa iniciativa, porque o custo é praticamente zero”, concordou o consultor Antônio Pontes.

EXPECTATIVA

O presidente e o coordenador do Nupemec falaram sobre a expectativa em relação à premiação.

“É excelente a expectativa. A gente percebe que o projeto tem despertado atenção, tem despertado o interesse, não só das pessoas que ouvem falar, mas também de outras instituições pelo Brasil. Isso abre a perspectiva de se replicar por outros tribunais, o que é um bom sinal. E, também, ele gera, além de expectativa, uma satisfação de ver que a gente está, com o projeto, atendendo as expectativas da sociedade quanto a uma prestação jurisdicional melhor e quanto à pacificação da sociedade em si”, disse Nilo Ribeiro.

“O resultado que se alcança com esse projeto já é uma grande satisfação, mas colocar o Tribunal em evidência, para participar de um prêmio com reconhecimento nacional, também, é muito importante para que uma prática aqui ocorrida no Estado possa se disseminar para outros estados, ter maior visibilidade e fazer mudanças significativas no maior número de pessoas”, completou Rodrigo Nina.

OUTRAS PRÁTICAS

O TJMA inscreveu sete práticas nesta edição da premiação, na categoria “Tribunal”. As iniciativas abordam temas como acolhimento institucional na primeira infância, inclusão social, combate ao sub-registro civil, acesso à Justiça, atenção à população indígena e proteção a mulheres em situação de violência.

Além do projeto Vagão da Conciliação, as outras práticas inscritas são: Você não está sozinha! Mulheres e Justiça Juntas; Unidade de Atendimento Móvel – Ônibus PopRuaJud; Escuta Ativa dos Povos Indígenas; Cegonhas: pelo direito de existir; Casa da Criança Menino Jesus e Programa Justiça de Todos.

PRÊMIO

Criado em 2004, o Prêmio Innovare tem como objetivo identificar, valorizar e disseminar iniciativas inovadoras no sistema de Justiça brasileiro que promovam melhorias concretas nos serviços prestados. As sete categorias desta edição — Tribunal, CNJ, Juiz, Ministério Público, Defensoria Pública, Advocacia e Justiça e Cidadania — são de tema livre.