Comitê de Diversidade promove eventos em alusão a datas antidiscriminatórias
Parcerias com instituições de ensino da rede estadual de ensino e o Instituto Federal do Maranhão (IFMA) viabilizaram atividades realizadas pelo Comitê de Diversidade do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA), no mês de março, que tiveram como temática o fortalecimento de ações antidiscriminatórias na garantia dos direitos humanos a partir de datas alusivas.
Datas como 21 de março (Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial) e 25 de março (Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Escravos) foram lembradas durante a programação do Bicentenário da escritora maranhense Maria Firmina dos Reis, evento organizado pelo Comitê de Diversidade e pelo Museu do TJMA “Desembargador Lauro de Berredo Martins”.
O coordenador do Comitê de Diversidade do TJMA, juiz Marco Adriano Ramos Fonsêca, ressalta que as datas reforçam a luta contra a discriminação e trazem reflexões sobre o racismo. “É um orgulho visibilizar a trajetória de uma maranhense tão significativa para todos nós e que merece a celebração de sua memória”, afirmou.
DIA INTERNACIONAL DE LUTA CONTRA A DISCRIMINAÇÃO RACIAL
No Dia Internacional de Luta Contra a Discriminação Racial (21 de março), foi realizada a entrega das cartilhas AGÓ YAGÓ OLOKU: Teorias e metodologias motivacionais para o ensino da História africana e afro-brasileira, no IFMA Campus Pedreiras. O intuito do TJMA foi ampliar o combate à discriminação e o preconceito por meio da impressão da publicação, ampliando a distribuição do material para 12 secretarias de Educação do município de Pedreiras e do entorno.
O projeto, que traz questões étnico-raciais e as relações de gênero na escola, foi coordenado pela professora e Doutoranda em História, Nila Michele Bastos Santos, com a participação de estudantes da instituição, que também colaboraram na produção da Caixa do Laboratório de Estudos de Gênero do Instituto Federal (LEGIP), com foco na igualdade de gêneros. As publicações tiveram ainda o apoio da chefe de Relações Institucionais e de Extensão da instituição, a professora Andréa Cristina Pereira Serrão.
“Esse trabalho é fruto de anos de uma pesquisa iniciada em 2018”, esclareceu Nila Santos, ao lembrar do processo de estudo com os alunos e alunas, que resultou nas 10 metodologias apresentadas na cartilha com abrangência para o ensino Fundamental e ensino Médio.
O evento contou com a presença dos representantes do Comitê, juiz Marco Adriano Ramos Fonsêca (Coordenador), Elaile Silva Carvalho (Coordenadora Adjunta) e das servidoras do TJMA, Joelma Nascimento e Joseane Cantanhede.
A magistrada Elaile Carvalho destacou a importância do diálogo e das parcerias para a efetivação de ações antidiscriminatórias, observando que há pouco tempo não era comum ter as escolas como espaços para diálogo sobre o racismo e a diversidade de uma forma geral.
Para o diretor-geral do IFMA Campus Pedreiras, José Cardoso, a cartilha leva a estudantes e a sociedade o reconhecimento da etnia africana. “A educação de qualidade perpassa por esse reconhecimento e não pode ficar presa ao academicismo do conteúdo programático”, argumentou o gestor, parabenizando o TJMA pelo protagonismo contra a violência de gênero e o racismo.
DIA INTERNACIONAL EM MEMÓRIA DAS VÍTIMAS DA ESCRAVIDÃO E DO TRÁFICO TRANSATLÂNTICO DE PESSOAS
Em memória das mais de 15 milhões de vítimas escravizadas pelo tráfico transatlântico de pessoas, o Comitê de Diversidade realizou apresentações do espetáculo “Maria Firmina dos Reis – Uma voz além do tempo”, com a atriz e pesquisadora maranhense Júlia Martins, no IFMA Maracanã e no Centro de Ensino de Tempo Integral Dorilene Silva Castro, no bairro do Coroadinho.
O espetáculo faz parte do Bicentenário de Maria Firmina dos Reis, organizado pelo TJMA, por meio do Comitê de Diversidade e Museu do TJMA em homenagem à mulher negra e abolicionista que criou a primeira escola mista no Brasil.
APRESENTAÇÕES
No dia 24 de março, estudantes, professores, professoras, gestores e gestoras do IFMA Maracanã assistiram ao monólogo sobre a vida da escritora maranhense Maria Firmina dos Reis.
A ida ao Campus Maracanã foi articulada pela Diretoria de Desenvolvimento Educacional (DDE), pelo Departamento de Assuntos Estudantis (DEAE) e pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi).
Para os alunos e alunas foi uma oportunidade para conhecer a história de Maria Firmina e sua importância para o Maranhão e o Brasil. “Achei muito importante o espetáculo, não conhecia a escritora. Gostei de saber que ela era maranhense e fez muito bem às mulheres”, declarou a aluna Leila Diniz, referindo-se à trajetória da escritora.
No dia 30 de março, a agenda do espetáculo e a interação cultural com debate sobre a importância de ações antidiscriminatórias foram no Centro de Ensino de Tempo Integral Dorilene Silva Castro, onde o público interagiu com a atriz sobre a realidade de preconceito e discriminação enfrentada no dia a dia.
Para o professor de Português, Eduardo Costa, a apresentação trouxe provocação e reflexão. “Para quem acompanha a arte teatral, há muito tempo não se via algo tão vivo. E que privilégio o Centro Educa Mais Dorilene Silva Castro teve na manhã de 30 de março de 2022.
Cada palavra proferida pela alma da atriz Júlia Martins representou o que foi a grande romancista maranhense e, muito mais, o que é ser negro na sociedade”, opinou.
Para ele, quem assistiu atentamente à apresentação, as palavras ecoarão com força a partir das trajetórias das duas mulheres (Maria e Júlia), que devem ser contadas para todas as pessoas, sobretudo, as que ainda acreditam que as pessoas negras não sofrem com o racismo. “Por fim, fica aqui o mesmo questionamento que soou como um mantra no momento da encenação: Qual é a tua escravidão?”, questionou Eduardo.