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Ceratocone: doença que afeta a visão e pode levar ao transplante de córnea 

Considerado hereditário, o ceratocone é um problema oftalmológico que normalmente surge na adolescência ou princípio da vida adulta, vitimando uma a cada duas mil pessoas da população em geral, de acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica – SBOP. 

Comum em outras doenças oftalmológicas, os sintomas do ceratocone incluem baixa nitidez visual, aumento e instabilidade do grau dos óculos e sensibilidade à luz. “É uma doença não-inflamatória, degenerativa da córnea. As alterações na estrutura da córnea tornam-na mais fina, modificando a sua curvatura dando-lhe, assim, uma forma mais cónica. O problema pode levar ao desenvolvimento de altos graus de astigmatismo e miopia, comprometendo a visão”, explica o médico oftalmologista e professor do curso de Medicina da Faculdade Pitágoras, Abraão Ferreira de Sousa Neto Kós. 

A causa exata do ceratocone ainda é desconhecida, mas pode ser desencadeada por diferentes motivos. Isso significa que há uma combinação de vários fatores que podem ser ambientais, comportamentais e genéticos que contribuem para o desenvolvimento da doença. Esfregar os olhos é uma das principais justificativas relacionadas ao surgimento da enfermidade, pois pode gerar dano as fibras de colágeno que compõem a estrutura da córnea. 

“Esse problema geralmente é bilateral e assimétrico, podendo diminuir a acuidade visual nos dois olhos, porém de maneiras diferentes. O ceratocone geralmente progride, em boa parte dos casos, mas uma vez que haja o diagnóstico correto e precoce o oftalmologista pode fazer intervenções no sentido de estabilizar o processo. A doença deteriora ao ponto de a pessoa enxergar tudo distorcido, mesmo com óculos” afirma o especialista, alertando para a importância de buscar ajuda profissional. 

“A qualquer sinal de irritação ocular, não deixe de visitar o oftalmologista para se submeter aos exames adequados”, orienta o médico. 

Após o diagnóstico alguns tratamentos podem ser considerados. Casos leves podem ser resolvidos com óculos ou lentes de contato gelatinosas, entretanto, casos mais avançados exigem lentes de contato rígidas. Situações que progridem mais rapidamente podem ser tratadas com procedimento específico que promove o enrijecimento das fibras de colágeno da córnea, fortalecendo sua estrutura e assim evitando a progressão da enfermidade. 

“Recomendamos também, nos casos muito avançados, a cirurgia de transplante da córnea, procedimento que restaura a superfície da córnea e ajuda a recuperar a visão. O importante é entender que o acompanhamento cuidadoso com oftalmologista é necessário durante e após qualquer tratamento, para poder melhor definir as condutas em cada caso”, finaliza o especialista.