Casa da Mulher Brasileira apoia campanha de combate à violência doméstica contra crianças e adolescentes na pandemia

A quarentena ainda é a principal ferramenta mundial para conter a propagação do novo coronavírus, mas durante o período de confinamento, crianças e adolescentes podem ficar expostos a um perigo que às vezes mora no quarto ao lado: a violência doméstica.

Números do Ministério da Saúde divulgados no ano passado apontam que, a cada três pessoas vítimas de violência sexual no Brasil, uma era menina entre 12 e 17 anos. Os dados revelam ainda que, na maior parte dos casos, as agressões acontecem em casa (68%) e têm o pai (12%), o padrasto (12%) ou conhecido da criança (26%) como abusador.

Pensando em combater o agravamento desse cenário durante a pandemia de Covid-19, a Casa da Mulher Brasileira em São Luís (MA) aderiu à campanha online #QuarentenaSimViolênciaNão.

A iniciativa é capitaneada pela Plan International, organização sem fins lucrativos que trabalha pela promoção dos direitos de crianças e jovens e igualdade para as meninas.

“Não é só a violência contra a mulher que se acentua nesse período de pandemia. A violência de crianças e adolescentes é crescente no Brasil e acontece todos os dias em lares brasileiros”, alerta a diretora da Casa da Mulher Brasileira, Susan Lucena.

A campanha integra o conjunto de atividades da Semana do 18 de maio no Maranhão, data em que é comemorado o Dia Nacional de Combate ao Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

Em meio à pandemia, os eventos da Semana do 18 de maio no Maranhão estão concentrados na Internet. A programação foi iniciada com uma ‘Mobilização online e caminhada virtual’, webconferência que contou com a participação da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), Defensoria Pública e Ministério Público.

Na sexta-feira (22), a partir das 15h, será realizada reunião com Sistema de Garantia de Direitos dos municípios com maior ocorrência de casos.

Além do Maranhão, a campanha #QuarentenaSimViolênciaNão mobiliza mais de dez organizações e movimentos das cinco regiões do Brasil.

A ideia é fazer chegar ao máximo possível de famílias informações sobre riscos e meios de denúncia e prevenção. Mas a exploração sexual é apenas um dos motes da iniciativa, como explica Cynthia Betti, diretora da Plan International Brasil.

“Em situações como a que estamos vivendo, de isolamento social, os abusos tendem a aumentar, o trabalho infantil pode crescer e as crianças, especialmente as meninas, ao assumirem tarefas domésticas, podem ficar ainda mais vulneráveis”, detalha Betti.

Denuncie

Referência no Maranhão em assistência às vítimas de violência doméstica (com delegacia, juizado, defensoria pública e apoio psicossocial), não é de hoje que a Casa da Mulher Brasileira vem trabalhando a temática do abuso e exploração de menores.

A diretora da Casa, Susan Lucena, lembra que “a maior parte dos crimes de estupros é praticada contra crianças e adolescentes, e em 89% dos casos, as vítimas são do sexo feminino”. Para ela, a melhor saída é adenúncia. 

“Vamos ficar atentos e alertas para que essas violências sejam combatidas e as crianças sejam devidamente protegidas. Ligue 100 [serviço de proteção de crianças e adolescentes com foco em violência sexual] e denuncie”, diz Susan.

É possível acompanhar as ações via Instagram (@casadamulherbrasileirama) e utilizar a hashtag #QuarentenaSimViolênciaNão para fortalecer a campanha nas redes sociais.