Adquirir um automóvel está entre as decisões financeiras mais relevantes para o consumidor brasileiro. Nos últimos anos, o mercado automotivo passou por mudanças significativas, e uma delas é o aumento da procura por carros seminovos. 

Economia de até 30% no preço é apenas o começo

Segundo dados divulgados pelo InfoMoney, em abril de 2025, os veículos com até quatro anos de uso podem custar até 30% menos do que um modelo zero-quilômetro, o que representa uma diferença considerável no investimento inicial.

Além da economia no momento da compra, os seminovos também proporcionam alívio nas despesas anuais. O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), por exemplo, é calculado com base no valor venal do carro. Como o preço do seminovo é menor, o imposto também pesa menos no orçamento.

Outro fator que reforça o melhor custo-benefício está no seguro. Companhias seguradoras costumam praticar valores reduzidos para veículos que já saíram da concessionária, uma vez que o custo de reposição e o índice de furto são geralmente menores. Assim, o motorista economiza não apenas no valor de compra, mas também nas despesas fixas.

Essa soma de vantagens faz com que o investimento inicial menor dos seminovos libere recursos para outras prioridades, como viagens, reformas ou investimentos financeiros. Então, em um cenário econômico em que planejamento é essencial, os seminovos se destacam como uma alternativa racional.

Acesso a versões mais completas pelo mesmo orçamento

Outro ponto que explica o crescimento das vendas é o acesso a versões mais equipadas. Um carro zero-quilômetro básico, muitas vezes, não oferece itens como câmbio automático, multimídia integrada, airbags adicionais ou assistentes de condução. 

Já no segmento de seminovos, é possível adquirir modelos topo de linha dentro do mesmo orçamento destinado a um veículo novo de entrada.

Entre as vantagens disponíveis em modelos topo de linha, estão:

• central multimídia, com conectividade Android Auto e Apple CarPlay;
  
• sensores de estacionamento e câmeras de ré;
  
• ar-condicionado digital e bancos de couro;
  
• sistemas de assistência à direção e de frenagem.
  

Os modelos com até quatro anos de uso mantêm tecnologia atualizada e, em muitos casos, ainda contam com parte da garantia de fábrica vigente, o que traz tranquilidade na hora da compra.

Com essa estratégia, o comprador não apenas economiza, mas também eleva o padrão de conforto e segurança do veículo adquirido – um ganho duplo que reforça a imagem dos seminovos como investimento inteligente.

Depreciação menor valoriza investimento em longo prazo

O valor de um carro novo sofre forte depreciação logo nos primeiros anos de uso. De acordo com levantamento publicado pelo Correio de Minas, alguns modelos de automóveis novos podem perder entre 25% e 38% do valor de mercado já no primeiro ano de uso, dependendo da marca e da categoria do veículo.

Já os seminovos, por outro lado, já passaram por essa fase de maior desvalorização, o que os torna mais estáveis em termos de preço de revenda.

Entre 2020 e 2024, a valorização média dos veículos usados chegou a 100%, impulsionada pela alta dos modelos novos e pelo encarecimento de insumos. Esse cenário favoreceu quem apostou nos seminovos, garantindo retorno mais vantajoso no momento da troca.

Além disso, a depreciação menor contribui para um planejamento financeiro mais previsível. O comprador que pensa em revender o veículo em alguns anos tende a perder menos valor, mantendo a liquidez do bem e equilibrando o investimento em longo prazo.

Crescimento do mercado reflete mudança de comportamento

O mercado brasileiro de seminovos vive um momento de consolidação. Conforme levantamento do O Tempo, de janeiro de 2025, o país registrou 15,7 milhões de unidades vendidas em 2024, recorde histórico desde 2011.

Esse crescimento não se deve apenas a fatores econômicos, mas a uma mudança no comportamento do consumidor. Cada vez mais pessoas optam por seminovos por estratégia, e não por necessidade. Ainda, o perfil de compra se tornou mais racional, com foco em maximizar benefícios e minimizar perdas financeiras.

Em 2025, a tendência continua em alta, com projeção de crescimento de 9% nas vendas, de acordo com estimativa da Fenauto. A ampliação da oferta de veículos revisados, a digitalização dos processos de compra e o acesso a informações detalhadas sobre histórico e manutenção têm aumentado a confiança do público nesse tipo de aquisição.

Com vantagens que vão desde a economia imediata até o melhor retorno do investimento, os carros seminovos consolidam-se como opção preferida de consumidores que buscam equilíbrio entre qualidade e inteligência financeira. Ainda, o segmento cresce sustentado por fatores como menor depreciação, impostos reduzidos e seguros mais acessíveis. 

Em um mercado mais transparente, o consumidor reconhece o valor de fazer escolhas baseadas em análises, e não apenas em status. Essa postura é especialmente relevante em um cenário de instabilidade econômica, em que o poder de compra precisa ser administrado com cautela.