Cão-Guia: Mais que um amigo

Amigáveis, espertos, eficientes e completamente focados no trabalho, os cães-guias são considerados verdadeiros exemplos de companheirismo e lealdade. Quando devidamente treinados, em muitos casos, estes companheiros tornam-se grandes responsáveis pela melhoria da qualidade de vida, socialização e até mesmo autoestima de seus tutores cegos.

Segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, existem mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, sendo 582 mil pessoas cegas e 6 milhões com baixa visão. Entretanto, não são todos que conseguem ter acesso a este recurso, já que, além do alto custo necessário para o treinamento, alguns deficientes visuais chegam a não se adaptar com a presença do novo amigo de quatro patas.

Outro fator que contribui para a dificuldade é a duração do processo de adestramento, que costuma ser longo e exige atuação de profissionais especializados e até mesmo participação de voluntários para ensinarem os filhotes a conviverem com outros seres humanos. Além disso, o futuro dono precisa receber orientações específicas para aprender a dar instruções ao animal.

“O treinamento de cães-guias deve ser feito sempre por adestradores especialistas e geralmente é iniciado já com os filhotes, quando é iniciada a fase de socialização. Em modo geral, todo processo pode ser concluído quando o cão atinge entre um ano e meio e dois anos de vida”, explica a médica veterinária da PetMania, Rayule Cristina.

A profissional destaca ainda algumas curiosidades sobre estes fiéis companheiros, confira:

  • É proibido brincar com os cães-guias

Estes cães são orientados a permanecerem sempre ao lado esquerdo e um pouco à frente de seus donos, para ajudá-lo a se movimentar em qualquer direção. Segundo a médica veterinária, é importante que as pessoas saibam que, ao acompanharem seus donos, estes animais devem continuar focados em sua função e não podem ser distraídos com petiscos ou brincadeiras, ao menos que o condutor autorize.

“Apesar de serem animais dóceis, não acaricie, alimente ou simplesmente chame atenção destes cãopanheiros, pois estão em trabalho, podendo causar até mesmo acidentes para os deficientes visuais que necessitam destes guias”, destaca.

  • Acesso livre

Conforme a Lei n° 11.126, de 2005, pessoas deficientes visuais e seus cães-guias têm direito de livre acesso a veículos e nos estabelecimentos públicos e privados de uso coletivo.

  • Raças mais indicadas

Labrador e o Golden retriever são as raças mais escolhidas no Brasil, porém também podem ser treinados o pastor alemão, border collie ou boxer. “Geralmente destacam-se os cães de médio ou grande porte e, principalmente, que já apresentem personalidade sociável e dócil desde a ninhada”, afirma Rayule.

  • Todo cão-guia deve se aposentar

Um fato que muitas pessoas não sabem é que estes animais precisam de descanso após alguns anos atuando na função. Portanto, o indicado é que todo cão-guia se aposente com cerca de 8 anos de trabalho, podendo permanecer com seu tutor cego ou adotado por pessoas de seu convívio.

  • Cães também auxiliam pessoas com outras deficiências e transtornos

De acordo com a médica veterinária, o contato com animais também é um grande aliado no tratamento de diversas doenças físicas e mentais, como por exemplo, os cães de assistência que auxiliam pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).