Busca Ativa Escolar movimenta escolas de rede estadual e resgata autoestima de estudantes

“Eu não posso deixar um vírus estragar minha vida, porque minha vida e o meu futuro dependem da escola, dos meus esforços”. Foi que revelou a aluna Maria Clara Nunes, da 1ª série, do CE Mourão Rangel, localizado em Imperatriz. A jovem está entre os estudantes maranhenses alcançados no Dia D de mobilização do Busca Ativa Escolar, promovido pelas escolas da rede estadual, em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), nesta quarta-feira (4). 

Maria Clara contou que estava desanimada por não conseguir acompanhar as atividades remotas, após a suspensão das aulas em virtude da pandemia da Covid-19. “Eu parei de estudar totalmente. Ao passar dos meses, a escola começou a me motivar a estudar novamente, então eu voltei a estudar, mas desisti novamente […], a escola nunca desistiu de mim. Eu não posso deixar um vírus estragar minha vida, porque minha vida e o meu futuro dependem da escola, dos meus esforços. Então, eu levantei a cabeça e fui em frente, vou continuar a estudar”, destacou. 

O Dia D foi marcado por diversas atividades em escolas das 19 Unidades Regionais da Educação, com o foco no resgate de estudantes que tiveram dificuldades de acesso às aulas remotas ou que não realizaram os trabalhos pedagógicos propostos pelas escolas. 

Em Imperatriz, o Centro de Ensino Graça Aranha está promovendo, com o apoio de professores, líderes de turma e de alguns pais, uma série de ações como: contatos via aplicativo de mensagens com alunos e pais/responsáveis; ligações para as famílias e alunos; reunião com pais e professores; videoconferência com pais/responsáveis e apoio pedagógico; divulgação nas redes sociais e site oficial da escola e plantão pedagógico na escola.

“Fizemos carreata, reunimos com os estudantes na escola, com os professores do terceiro ano, os professores também visitaram os estudantes do terceiro ano, colocamos faixas na frente da escola para que a comunidade entendesse que a escola não estava parada, fizemos a campanha ‘adote um estudante’ que era justamente para quem pudesse, quem tivesse internet ou condição ou com cesta básica adotasse algum estudante que tivesse com dificuldade, e aí os meninos dos clubes sugeriram fazer uma ‘bicicletada’, visitamos algumas residências, deixamos atividades, aqueles que nós não encontramos, nós falamos com os pais para vir à escola, então são várias ações que nós desenvolvemos aqui”, contou o Gestor Geral do Centro Educa Mais Dom Ungarelli, em Pinheiro, Ferdnand Borralho.

Os estudantes também participaram do Dia D Busca Ativa Escolar motivando outros colegas para as atividades escolares. É o caso de Mário Pinheiro, do Centro Educa Mais Dayse Galvão de Souza, no bairro Vila Embratel, em São Luís. “Hoje, no dia D busca ativa, nós estamos voltados a resgatar os nossos colegas, pois aqui ninguém fica para trás, estamos sempre em busca de soluções para qualquer circunstância, pois a escola nos preparou para sermos jovens protagonistas tanto dentro da escola quanto fora, para que um dia os nossos projetos de vida estejam de fato realizados”, contou o estudante. 

A Camila Souza, do CE Nicolau Dino, em Grajaú, também gravou um vídeo para os colegas. “Estou aqui porque a escola não me deixou desistir. Muitas vezes eu estava triste pensando em desistir, desanimada, mas a escola me deu total apoio, os professores e a direção e eu estou aqui, pois aluno fora da escola não pode”, disse. 

Busca Ativa Escolar

O Busca Ativa é uma iniciativa do Unicef, e, diante do contexto de pandemia, foi necessário um novo olhar para essa estratégia bem-sucedida, que tem como objetivo passar orientações do funcionamento da plataforma na rede pública, para sistematizar as informações e ajudar na reintegração dos estudantes às atividades escolares, com participação mais direta da comunidade escolar nesse processo.

“O objetivo principal da Busca Ativa Escolar, no contexto de crise e emergência, é a manutenção e o fortalecimento do vínculo do estudante com a escola e o retorno desse vínculo, caso ele já tenha sido perdido. Nós sabemos que a escola já vem realizando essas ações de busca aos estudantes, mas os registros, por meio da plataforma, nos permitem que as outras áreas, como educação e assistência social, também tenham acesso às informações desses estudantes, dessas famílias, e, assim, juntos, nós possamos atendê-los da melhor forma possível”, concluiu Ádria Utta, supervisora de Gestão Escolar da Seduc.