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Burnout é tema de palestra no Centro Cultural do MPMA

Na manhã desta sexta-feira, 28, no auditório do Centro Cultural e Administrativo do Ministério Público do Maranhão, o professor e psicanalista Wilson Gomes de Moura apresentou a palestra “Burnout, sofrimento psíquico e a patologização do trabalho”. O objetivo foi discutir os males causados à saúde mental, decorrentes da estafa gerada pela sobrecarga de trabalho.

Promovida pela Corregedoria-Geral do MPMA em parceria com a Escola Superior (ESMP), a atividade foi destinada a membros e servidores da instituição e interessados pelo tema.

Na abertura, o procurador-geral de justiça, Eduardo Nicolau, ressaltou a importância da discussão da temática, sobretudo para a sociedade atual, em que as exigências no trabalho são cada vez maiores. “Nós temos o nosso emprego e precisamos sobreviver e, para isso, fazemos sacrifícios que, muitas vezes, comprometem o nosso bem-estar. Por isso, fico feliz de o Ministério Público promover esse encontro para pensarmos o que fazer para minimizar esse problema”, afirmou.

Em seguida, a corregedora-geral do MPMA, Themis Maria Pacheco de Carvalho, que convidou o palestrante para compartilhar o seu conhecimento no MPMA, apontou alguns fatores que comprometem o equilíbrio mental na atualidade. “A vida moderna nos traz inúmeros benefícios, principalmente tecnológicos, que facilitam o dia a dia e a comunicação entre as pessoas, mas tem nos trazido diversos problemas, muitos deles relacionados à saúde mental. A pressão pelo trabalho, pelo sucesso e por ser bem-sucedido na vida pessoal e na vida profissional, tudo isso termina por influir na nossa personalidade e na nossa saúde mental”, enfatizou.

A promotora de justiça auxiliar da ESMP, Ana Luiza Almeida Ferro, trouxe o pronunciamento da diretora da Escola Superior, Karla Adriana Farias Vieira, que por motivos de saúde não pôde comparecer à palestra. “Conhecer o burnout e suas implicações, bem como as formas de preveni-lo, em especial no ambiente de trabalho, é essencial para a construção de um ambiente saudável. Razões pelas quais congratulo a Corregedoria-Geral pelo importante recorte temático proposto”.

PALESTRA

Doutorando em Psicologia pela Universidade de Buenos Aires e diretor do Instituto de Pesquisa e Clínica Psicanalítica de São Luís, Wilson Moura iniciou a sua exposição discorrendo sobre o Mito de Sísifo, que, por punição dos deuses, fazia um mesmo trabalho exaustivo inutilmente, rolando todos os dias a mesma pedra ao cume da montanha.

“O trabalho deveria ser visto como fruto de satisfação, bem-estar e prazer. Infelizmente, esse fenômeno da síndrome de burnout começa a ganhar mais evidência nas últimas décadas por conta de inúmeros fatores no ambiente de trabalho. Quando nós pensamos em burnout, a ideia nos remete a algo que superaqueceu, que parou de funcionar por conta de as forças terem acabado. É como a chama de um palito de fósforos que acende, cresce, decresce e apaga”.

O palestrante acrescentou que, em 2022, a síndrome de burnout foi registrada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma doença ocupacional. “O burnout tem uma relação direta com as novas formas de vida das grandes cidades e as novas configurações de trabalho. Estamos falando de uma sociedade cada vez mais cansada”, completou.

Wilson Moura também apresentou o conceito da síndrome, conforme o autor Vasques-Menezes Gazzotti: “O burnout nada mais é do que a expressão dessa sensação de impotência frente aos problemas que se acumulam. O trabalho continua, mas sem crença, sem sonho e sem ideal”.

Ao longo da palestra, o expositor citou pensadores contemporâneos que refletem sobre os problemas ocasionados pelo excesso de atividades na sociedade atual, como o sul-coreano Byung-Chul-Han, autor do livro “Sociedade do cansaço”.

Em outro ponto da palestra, o psicanalista abordou algumas formas de evitar o burnout, como a prática regular de atividades físicas, a prática de terapias e a realização de trabalhos em grupo com a criação de redes de apoio, a separação do tempo laboral e do não laboral, a busca por atividades de lazer, relaxamento e controle de estresse, entre outras.

O acadêmico finalizou a apresentação comentando sobre a canção dos Titãs, “Epitáfio”, cuja letra trata do melhor aproveitamento do tempo de vida.

Em seguida, a promotora de justiça e assessora da ESMP Elyjeane Alves Carvalho agradeceu a exposição do psicanalista.