AGED apresenta levantamento preliminar sobre o uso da cama aviária em São João do Paraíso

A Agência Estadual de Defesa Agropecuária do Maranhão (AGED/MA) apresentou, nesta semana, o levantamento preliminar sobre o uso da cama de aviário como adubo orgânico em bananais, no município de São João do Paraíso, e os impactos socioeconômicos, ambientais e na saúde das pessoas e animais daquela região.

O levantamento conta com a parceria da Secretaria de Estado da Agricultura Pecuária e Pesca (Sagrima), Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Embrapa Gado de Corte e Prefeitura de São João do Paraíso. Os dados servirão para subsidiar a construção de um normativo estadual que definirá os requisitos para utilização da cama aviária em todo o Maranhão.

Participaram da reunião para avaliar os primeiros dados coletados junto com a direção da AGED/MA, o professor Lívio Martins da Universidade Federal do Maranhão e o pesquisador Thadeu Barros da Embrapa Gado de Corte.

O fiscal estadual agropecuário da AGED, José Maria Freitas Segundo, um dos responsáveis pela aplicação dos questionários na região de São João do Paraíso, apresentou os primeiros dados obtidos pelo mapeamento. Para ele, os resultados são importantes para dar embasamento ao normativo a ser elaborado. 

“Quando os órgãos se reuniram para avaliar, discutir e verificar in loco o problema, com certeza vamos chegar a uma solução eficaz, com a elaboração da normativa para a correta utilização da cama de frango como adubação, nas diversas culturas, sem que haja consequências indesejáveis”, declarou o fiscal.

Já o pesquisador da Embrapa, Thadeu Barros, disse que a cama aviária não é um problema, e sim o uso incorreto. Segundo ele, o uso superficial da cama de frango (como também é conhecida), sem o manejo adequado, pode causar problemas aos produtores.

A cama de frango ou cama de aviário é um material composto principalmente de palha de arroz, sabugo de milho triturado, serragem, com as fezes, urina, penas e restos de ração do sistema de criação de frangos. Essa mistura é considerada um adubo orgânico, como ótima opção de fertilizante para as lavouras, pastagens e hortaliças. Com alto teor de nitrogênio, cálcio, fósforo, potássio, enxofre, zinco e magnésio, este adubo orgânico favorece o crescimento de raízes das plantas e retém os nutrientes disponíveis no solo.

Entretanto, essa mistura sem o manejo adequado pode formar um ambiente propício para o desenvolvimento e multiplicação de moscas. Dentre elas está a mosca-dos-estábulos, um inseto que é hematófago e parasita vários animais. Nos bovinos, a infestação desta mosca pode trazer prejuízos econômicos na criação do gado de corte e de leite, sendo bastante incomodo para o animal, que fica bastante estressado.

Dados do mapeamento

Até o momento foram aplicados 26 questionários em propriedades de produtores de bananas e de produtores com explorações pecuárias, na vizinhança de plantações, no município de São João do Paraíso. Dos bananicultores entrevistados 67% fazem uso da cama de frango. Destes que fazem uso desta forma de adubação na cultura de bananas, 47% utiliza a cama aviária de modo superficial, 31% usam de modo enterrado e 22% usam como fertirrigação.

Dos produtores com exploração pecuária bovina na região, 67% são de corte e 33% são de leite. Nas propriedades entrevistadas 69% informaram o ataque de moscas nos animais e pessoas e apenas 31% relatou não haver ataque de moscas.

Ainda segundo o levantamento as espécies mais atacadas pelas moscas são: bovídeos com 31%, suínos com 22%, aves com 13%, equídeos e humanos com 11% cada um e aves com caprinos e ovinos com 6% cada.

O mapeamento preliminar apontou que uma das possíveis causas para incidência de mosca do estábulo decorre da utilização inadequada do uso da cama de frango, cujo uso é superficial formando amontoado de matéria orgânica, propiciando a reprodução do inseto.

Das demandas colocadas na reunião, para o avanço da construção do normativo, estão a busca de apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a participação de um engenheiro agrônomo, coleta das moscas para estudo, acréscimo de mais dados aos formulários, acompanhamento por pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves e fortalecer o apoio da Prefeitura de São João do Paraíso.