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Mitos e verdades sobre aplicação de contrastes em exames de imagem

Substância que realça estruturas internas gera dúvidas entre pacientes, mas apresenta alto índice de segurança

Há pacientes que adiam ou recusam exames de imagem por medo do contraste, mas dados médicos mostram que reações graves ocorrem em menos de 1 a cada 10 mil procedimentos, conforme divulgado pela Associação Brasileira de Alergia e Imunogolia (Asbai). Reações leves, quando ocorrem, atingem apenas 1% dos casos.

A substância injetada nas veias durante tomografias e ressonâncias magnéticas é responsável por detectar tumores e lesões invisíveis em exames convencionais, mas o receio dos pacientes pode atrasar diagnósticos de câncer e outras doenças graves.

Como funciona o contraste nos exames

O contraste aumenta a sensibilidade dos exames de imagem, destacando órgãos, vasos sanguíneos e lesões que passariam despercebidos. Ao realçar a vascularização e a composição de lesões, a substância permite avaliação anatômica e funcional de estruturas corporais.

Três tipos principais dominam os procedimentos diagnósticos. O contraste iodado é dividido entre iônico e não iônico – este último com menor osmolalidade e maior segurança. Gadolínio contém íons metálicos com propriedades paramagnéticas, alterando o campo magnético para gerar imagens detalhadas. Já o sulfato de bário é administrado oralmente ou via retal em estudos gastrointestinais.

A escolha depende do exame e da região analisada. Tomografias usam, predominantemente, contraste iodado. A ressonância magnética com contraste emprega gadolínio para gerar imagens detalhadas de tecidos moles. Já exames do trato digestivo requerem sulfato de bário.

O contraste causa dor intensa durante a aplicação?

Mito. O contraste em si não provoca dor; pacientes relatam apenas a picada da agulha durante a punção venosa. Alguns sentem calor transitório pelo corpo após a injeção, sensação que desaparece em minutos.

Náuseas leves e gosto metálico na boca aparecem ocasionalmente. São reações esperadas e temporárias, conforme registrado no Brazilian Journal of Health Review. Sintomas mais intensos, como coceira generalizada ou dificuldade respiratória, são mais raros e exigem atendimento imediato.

A equipe médica monitora o paciente durante todo o procedimento. Em caso de identificação de qualquer reação adversa, os profissionais fazem o tratamento seguindo os protocolos de segurança que estabelecem medicamentos e equipamentos obrigatórios nas salas de exame.

Alguns grupos precisam de cuidados especiais?

Verdade. Pacientes com função renal comprometida enfrentam restrições. O Brazilian Journal of Health Review estabelece que taxa de filtração glomerular abaixo de 30 mL/min/1,73 m² contraindica o uso de contraste iodado. Entre 30 e 60 mL/min/1,73 m², médicos avaliam caso a caso.

A transplantação de órgãos demanda protocolo específico. O período perioperatório do transplante renal contraindica temporariamente o uso de contraste devido ao risco aumentado de complicações renais. Com monitoramento adequado, pacientes transplantados estáveis podem realizar exames contrastados.

No caso de gestantes, cada uma passa por uma avaliação individual. Embora não existam casos documentados de danos ao feto com doses habituais, recomenda-se usar contraste apenas quando os benefícios superam riscos potenciais. A menor dose possível deve ser administrada.

Para fazer esse tipo de exames, diabéticos usuários de metformina devem suspender temporariamente a medicação. Pacientes com filtração glomerular entre 30 e 60 mL/min/1,73 m² também interrompem o medicamento 48 horas antes e após o exame. A medida previne acidose lática, complicação rara, mas que pode ser grave.

Jejum é sempre obrigatório antes do exame?

Mito. Jejum não é mais obrigatório para tomografias contrastadas. O Brazilian Journal of Health Review cita diretrizes da French Society of Radiology confirmando que a restrição alimentar não traz benefícios, exceto em estudos gastrointestinais ou procedimentos com sedação.

Já a hidratação adequada ajuda na eliminação do contraste. Beber água antes e após o exame acelera a excreção renal da substância. Pacientes com função renal normal eliminam o contraste completamente em 24 a 48 horas.

Alguns diagnósticos só são possíveis com contraste?

Verdade. O uso do contraste é fundamental para identificar lesões ou anomalias que não seriam visíveis em exames sem contraste: tumores cerebrais, metástases hepáticas e obstruções vasculares são algumas das condições que dependem da substância para diagnóstico preciso.

Inflamações e infecções internas também requerem contraste para visualização adequada. A substância diferencia o tecido sadio de áreas comprometidas, permitindo ao médico determinar a extensão e a gravidade da doença. Sem essa diferenciação, o tratamento pode ser inadequado ou insuficiente.

Estudos vasculares são outra modalidade que depende totalmente do contraste. Aneurismas, tromboses e malformações arteriovenosas só aparecem quando a substância circula pelos vasos, destacando irregularidades no fluxo sanguíneo.

Alergia a frutos do mar impede o uso de contraste iodado

Mito. Alergia a frutos do mar não contraindica contraste iodado, outro mito desmentido por estudos científicos. Esse tipo de alergia está relacionada a proteínas específicas, não ao iodo presente nos alimentos e no contraste.

O paciente pode recusar o uso de contraste?

Verdade. O paciente pode recusar o uso de contraste, mesmo com recomendação médica. A equipe de saúde deve explicar que a recusa pode comprometer a capacidade diagnóstica do exame, mas a decisão final permanece com o paciente, que deve formalizar um documento informando a própria escolha.

Alternativas existem, mas são limitadas. Exames sem contraste detectam alterações estruturais grandes, mas falham em identificar lesões pequenas ou em estágio inicial. Em alguns casos, ultrassonografia e exames de medicina nuclear podem substituir parcialmente alguns procedimentos contrastados, dependendo da suspeita clínica.

Lactantes devem suspender amamentação após o exame?

Mito. Pacientes lactantes mantêm a amamentação normalmente. As pesquisas esclarecem que a excreção no leite materno é mínima, e a absorção pelo bebê é insignificante. Suspender a amamentação é desnecessário e pode causar desconforto materno e infantil sem justificativa médica.