Alta nas buscas por medicamentos de emagrecimento e diabetes no Brasil
O interesse dos brasileiros por medicamentos relacionados ao emagrecimento e ao tratamento de distúrbios metabólicos está em alta. Entre os destaques, o orlistate registrou 248,5 mil buscas mensais no Google Brasil entre setembro de 2024 e agosto de 2025, segundo levantamento da agência Conversion com base em dados da própria plataforma.
Embora não lidere o ranking, o medicamento permanece entre os mais procurados dentro do tema de emagrecimento, refletindo o interesse crescente da população em alternativas médicas para lidar com o aumento da obesidade e do diabetes.
Esse cenário acompanha uma realidade preocupante: dados oficiais mostram que tanto o número de pessoas com obesidade quanto o de portadores de diabetes está em constante crescimento no Brasil.
A tendência de busca digital, portanto, revela muito mais do que curiosidade, é um indicativo de uma sociedade em busca de respostas rápidas para problemas de saúde complexos.
Crescimento nas buscas por medicamentos de emagrecimento no Brasil
O aumento expressivo das pesquisas pelo orlistate acompanha o avanço da popularidade de outros medicamentos, como as chamadas “canetas de GLP-1”. É o caso do Ozempic, Wegovy, Saxenda e Mounjaro, amplamente falados nos últimos anos.
Essas alternativas ganharam destaque por prometer efeitos não apenas na perda de peso, mas também no controle da glicemia, fator essencial para pacientes com diabetes tipo 2.
O dado das 248,5 mil buscas mensais não deve ser visto de forma isolada. Ele faz parte de um movimento maior de interesse por medicamentos para emagrecer, que se popularizaram à medida que a discussão sobre obesidade deixou de ser apenas estética e passou a ser encarada como um problema de saúde pública.
Entre os principais fatores que explicam esse comportamento, estão:
- a facilidade de acesso à informação pela internet;
- o aumento da divulgação sobre novas opções farmacológicas;
- o crescimento do número de diagnósticos de obesidade e diabetes;
- a busca por soluções rápidas, ainda que nem sempre adequadas, sem acompanhamento médico.
Relação entre obesidade, diabetes e distúrbios metabólicos
O crescimento das buscas se conecta diretamente com números alarmantes. Segundo a Federação Internacional de Diabetes (IDF), o Brasil possui atualmente 16,8 milhões de adultos entre 20 e 79 anos vivendo com diabetes. Em relação à obesidade, a Fiocruz estima que, até 2044, quase metade da população adulta, cerca de 48%, viverá com excesso de peso ou obesidade.
Essa tendência já é perceptível: o sistema Vigitel/Ministério da Saúde aponta que a prevalência de obesidade entre adultos brasileiros saltou de 11,8%, em 2006, para 24,3%, em 2023.
Esses números ajudam a explicar o aumento nas pesquisas por remédios para diabetes e alternativas voltadas ao emagrecimento. O interesse por fármacos como o orlistate reflete, em grande medida, a dificuldade de lidar apenas com mudanças no estilo de vida em um país no qual a rotina acelerada, a má alimentação e o sedentarismo são cada vez mais comuns.
O que esses números revelam sobre a saúde dos brasileiros
Mais do que retratar a popularidade de determinados medicamentos, os dados de busca no Google refletem preocupações reais da população com a saúde metabólica. A obesidade deixou de ser considerada apenas um fator estético para se tornar um dos principais desafios da saúde pública no Brasil e no mundo.
O crescimento das pesquisas revela:
- o aumento da procura por endocrinologistas e nutricionistas;
- a ampliação da demanda por tratamentos farmacológicos nos sistemas público e privado;
- a necessidade de campanhas de prevenção mais fortes, voltadas para alimentação saudável e incentivo à prática de exercícios físicos.
Especialistas em saúde pública lembram que a internet tem papel central nesse movimento. Se, por um lado, facilita o acesso à informação, por outro reforça a necessidade de orientação médica, já que a automedicação pode trazer sérios riscos.
Outro ponto importante é o impacto econômico. A indústria farmacêutica e as farmácias já sentem reflexos do aumento da procura por medicamentos para emagrecer e por remédios para diabetes. Essa mudança de comportamento não apenas transforma o mercado, mas também pressiona o sistema de saúde a lidar com novos padrões de demanda.
Um olhar para o futuro
O crescimento das buscas digitais aponta para a necessidade de medidas urgentes. A obesidade e o diabetes estão entre as principais doenças crônicas não transmissíveis no país e tendem a aumentar de forma significativa nas próximas décadas.
O orlistate, ao lado de outros medicamentos, continuará sendo parte das discussões sobre alternativas farmacológicas, mas o desafio será integrá-los a estratégias mais amplas de prevenção e educação em saúde.
Profissionais alertam que a solução não está apenas em medicamentos. É preciso investir em políticas públicas que incentivem hábitos saudáveis, melhorem o acesso a alimentos de qualidade e promovam a prática de atividades físicas. Ainda assim, os números deixam claro: a população já enxerga a obesidade e o diabetes como questões urgentes, e o ambiente digital é o reflexo mais visível dessa preocupação.
