Audiência Pública na Câmara Municipal debate a situação da Feira do Anjo da Guarda
Em resposta à crescente demanda popular e às denúncias de precariedade, a Câmara Municipal de São Luís foi palco, na tarde desta quinta-feira (18), de uma audiência pública para debater a situação da Feira do Anjo da Guarda. O evento, proposto pelo Coletivo Nós (PT), reuniu feirantes, moradores e representantes de instituições e da sociedade civil para discutir os graves problemas de infraestrutura, saneamento e segurança que afetam um dos principais centros de abastecimento da área Itaqui-Bacanga. A audiência foi autorizada por meio de um requerimento aprovado em 10 de setembro.
Segundo relatos da comunidade, a feira enfrenta sérios desafios estruturais e de saneamento, incluindo problemas de higienização, falta de banheiros dignos, rede elétrica comprometida e ausência de coleta de lixo.
Para abrir o debate e ilustrar a situação, os co-vereadores do Coletivo Nós exibiram dois vídeos curtos, incluindo uma reportagem jornalística local que alertava sobre a precariedade do espaço.
A co-vereadora Eunice Chê destacou a urgência da pauta, mencionando que a reforma da feira é uma demanda antiga. “Assim que a gente foi eleito, nós recebemos mais de 3 mil assinaturas coletadas pela população da área Itaqui-Bacanga, reivindicando a Feira do Anjo da Guarda”, disse.
Ela lamentou o estado de abandono e a insalubridade do local, afirmando que a situação é “indigna para os consumidores, feirantes e para toda a população da área Itaqui-Bacanga.”
Durante sua fala, Eunice Chê também lamentou a ausência de representantes das secretarias municipais e órgãos públicos que fazem parte do grupo de trabalho criado para discutir a reforma. “Essa feira há mais de 21 anos que ela não recebe nenhum tipo de benefício. E nós estamos aqui mais uma vez reivindicando este momento com o poder público. Infelizmente, até o momento, não se fizeram presentes”, afirmou.
Entre os órgãos convidados para a audiência estavam a Secretaria Municipal de Agricultura, Pesca e Abastecimento (SEMAPA), o Instituto da Cidade, Pesquisa e Planejamento Urbano e Rural (INCID), a Blitz Urbana e a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (SEMOSP).
Debates
Com 42 anos de trabalho no local, o feirante mais antigo, o senhor Fabiano Vitorino, subiu à tribuna para lamentar o descaso do poder público com a feira ao longo dos anos. Ele enfatizou o papel crucial do espaço para a renda e o desenvolvimento de inúmeras famílias. “Dali (do trabalho na feira) eles pagam o colégio dos seus filhos, eles botam na universidade, têm pessoas que saíram dali que hoje são delegados, tudo da vida honesta que aqueles feirantes têm ali”, ressaltou, destacando a importância da feira como fonte de sustento e dignidade.
A discussão se expandiu para além dos limites da feira com a fala do defensor público Carlos Eduardo Rebouças, do núcleo Itaqui-Bacanga. Ele alertou que a precariedade do espaço afeta não apenas feirantes e consumidores, mas também os moradores do entorno. Rebouças mencionou problemas que vão desde questões sanitárias até a falta de segurança.
“A gente recebe reclamação de falta de iluminação pública. Isso causa um problema que vai além da feira, que é o uso de drogas no entorno da feira, exploração sexual de menores, isso já nos foi relatado”, afirmou. Com isso, ele reforçou a necessidade de uma intervenção ampla que resolva os desafios da área como um todo.
Além das falas de autoridades e representantes de instituições, a audiência pública foi marcada pela forte participação popular. Feirantes e moradores do entorno usaram o espaço da tribuna para relatar suas experiências e expressar a frustração com o descaso. As manifestações trouxeram à tona histórias de luta diária, reforçando o coro por soluções imediatas e evidenciando a urgência de uma intervenção do poder público para devolver a dignidade a um dos mais importantes centros comerciais da área Itaqui-Bacanga.
A mesa de honra da audiência pública foi composta por diversas autoridades e representantes de instituições. Estiveram presentes o co-vereador Eni Ribeiro e o vereador Wendell Martins (Podemos). Além deles, participaram a presidente do Conselho Municipal da Condição Feminina e ouvidora da Mulher da OAB, Maria de Ribamar Cardoso; o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio de Carnes da Área Metropolitana de São Luís, Claudimiro Freitas Lopes; e o diretor da Rádio Bacanga e membro da coordenação da reforma da feira, Luís Augusto Nascimento.
Encaminhamentos e próximos passos
Ao final da audiência, foram definidos os encaminhamentos para dar prosseguimento à pauta e buscar soluções concretas para a Feira do Anjo da Guarda. O Coletivo Nós se comprometeu a atuar em parceria com a Defensoria, encaminhando todos os relatórios e documentos que reuniu sobre a reforma para subsidiar as ações do órgão. Além disso, uma representação formal será protocolada no Ministério Público para que o órgão possa tomar medidas imediatas e judiciais, obrigando o Poder Executivo a realizar as intervenções necessárias na feira. Por fim, a SEMAPA será convidada a apresentar o plano de intervenção da feira do Anjo da Guarda.
