Brasil avança no mercado de carbono e SINDOMAR conquista certificação internacional
O mercado de carbono alcançou marcos significativos em 2024. Durante a COP29, realizada em Baku, no Azerbaijão, foi estabelecido um marco global para operacionalizar o comércio de créditos de carbono, em conformidade com o Artigo 6 do Acordo de Paris. No Brasil, o Congresso regulamentou a comercialização desses créditos, abrangendo 16% das emissões nacionais. Nesse contexto, o Sindicato dos Operadores Portuários do Maranhão (SINDOMAR) destacou-se ao receber, em dezembro de 2024, a certificação de compensação de emissões de gases de efeito estufa (GEE), concedida pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O SINDOMAR alcançou essa conquista após concluir seu primeiro inventário de emissões, referente ao ano de 2023, com compensações realizadas pelo Projeto da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Rondinha, localizada em Santa Catarina. o presidente do sindicato, Daniel Pereira, garante que a certificação reafirma o compromisso da entidade com o desenvolvimento sustentável.
“Somos o primeiro sindicato de operadores portuários do país a conquistar esse reconhecimento. Isso posiciona nossa entidade e as empresas associadas como líderes em práticas sustentáveis, fortalecendo nossa imagem no mercado, atraindo investidores e ampliando nossa competitividade internacional”, destaca Pereira.
Ele também aponta exemplos concretos das ações realizadas. “Estamos alinhados aos critérios ESG (ambientais, sociais e de governança), com a modernização de operações e equipamentos, e adoção de práticas de descarbonização. Há ainda o investimento em eficiência energética. Isso consolida o Maranhão como referência em sustentabilidade no setor portuário”, afirma.
Essas iniciativas reduzem emissões de gases de efeito estufa, diminuem a dependência de combustíveis fósseis e incentivam o uso de alternativas limpas, como biodiesel e eletrificação de equipamentos. Além de atender às regulamentações ambientais, essas medidas oferecem vantagens competitivas em contratos e parcerias internacionais, consolidando o setor portuário do Maranhão como referência em práticas sustentáveis.
O presidente do SINDOMAR também informa que o mercado de carbono no Brasil, ainda em fase inicial, apresenta tanto desafios quanto oportunidades. Ele lembra que, inclusive, no recém-criado Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), as empresas poderão negociar cotas de emissão e Certificados de Redução ou Remoção Verificada de Emissões (CRVEs). Atualmente, o preço do crédito de carbono no Brasil é de R$ 26,50 por tonelada de CO₂, valor inferior à média europeia, que ultrapassa US$ 100,00.
15% do potencial global
O Brasil possui 15% do potencial global de captura de carbono, com destaque para projetos como o da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Rondinha, em Santa Catarina. A usina, que utiliza o curso natural do rio, preserva ecossistemas, mitiga as mudanças climáticas e promove o desenvolvimento socioeconômico, beneficiando cerca de 70 mil habitantes.
Aliança pela
descarbonização dos portos
Em março de 2024, o SINDOMAR tornou-se signatário da Aliança Brasileira para a Descarbonização de Portos (ABDP), durante a Intermodal South America, a maior feira de logística da América Latina. Inspirada na Aliança Net Zero Mar, formada por portos espanhóis, a ABDP reúne 14 portos brasileiros e diversas empresas e entidades do setor marítimo, com o objetivo de implementar ações cooperativas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
“O Maranhão se destaca como um dos estados mais comprometidos com a descarbonização portuária no Brasil. Ser signatário da ABDP nos permite alinhar nossas operações às melhores práticas internacionais, reduzindo, compensando e, futuramente, zerando as emissões de carbono no setor portuário”, afirma Pereira, que é uma das principais autoridades maranhenses na área de descarbonização.
PCH Rondinha
A Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Rondinha está situada às margens do Rio Chapecó, na Bacia do Rio Uruguai, em Passos Maia, Santa Catarina. Em operação desde 2014, utiliza o modelo a fio d’água, aproveitando o curso natural do rio com mínima área alagada.
Com capacidade instalada de 9,6 MW e garantia física de 5,48 MW, a PCH Rondinha fornece energia limpa ao Sistema Interligado Nacional (SIN), atendendo cerca de 18.500 unidades consumidoras e beneficiando aproximadamente 70 mil pessoas.