Perda de audição impacta qualidade de vida do idoso
Durante o processo de envelhecimento, é normal que o corpo sofra alterações e a perda da audição é uma delas. O primeiro Relatório Mundial Sobre Audição, lançado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2021, apontou que, à medida que a população envelhece, a prevalência da perda auditiva aumenta, estimando que cerca de 2,5 bilhões de pessoas terão algum grau de perda em 2050.
Segundo especialistas, essa característica do envelhecimento recebe o nome de presbiacusia. A perda da audição pode impactar a qualidade de vida de idosos em diversos aspectos, incluindo na comunicação, saúde mental e até mesmo na independência, e consequentemente, afetar a expectativa de vida.
Um estudo conduzido pela otorrinolaringologista do Keck Institute of Medicine da University of Southern California, Janet Choi, e publicado na revista The Lancet Healthy Longevity apontou que usar aparelho auditivo pode ajudar as pessoas surdas a viverem mais. A pesquisa mostrou que adultos que usam esses aparelhos regularmente têm um risco de mortalidade 25% menor do que aqueles que nunca os usam.
Apesar dos dados promissores, a adesão pelos dispositivos ainda é baixa. Conforme destaca a Associação Nacional de Profissionais de Saúde Auditiva de Espanha (ANA), embora muitos tenham problemas de audição, apenas 39% utilizam os aparelhos para melhorar a condição.
Perda auditiva no envelhecimento
Segundo a Universidade de São Paulo (USP), a presbiacusia é considerada uma doença multifatorial relacionada ao processo de envelhecimento, sendo caracterizada pela perda progressiva da audição em ambos os ouvidos ao longo da vida.
Na proximidade com a terceira idade, as pessoas já começam a perceber os primeiros sinais da perda da audição. Conforme aponta o médico membro da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Pedro Pinheiro, o ser humano é capaz de ouvir frequências entre 20 Hz e 20.000 Hz (20 kHz), mas muitos adultos já não conseguem ouvir nada acima de 15.000 Hz (15 kHz). Na presbiacusia, a perda auditiva é ainda maior e as frequências mais afetadas são aquelas acima de 2.000 Hz (2 kHz).
O profissional explica que os idosos com deficiência auditiva costumam se sair razoavelmente bem em conversas conduzidas em uma sala silenciosa, mas passam por dificuldades para se comunicar em ambientes sociais com mais pessoas e barulhos ao redor.
Outra questão comum da condição é que, de acordo com Pinheiro, muitos idosos tendem a se queixar de que alguns sons estão altos demais quando, na verdade, estão em níveis tolerados por pessoas com audição normal.
Impactos da perda da audição
A falta de audição pode trazer alguns impactos para a vida do idoso. Conforme explica um artigo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) publicado no SciElo Brasil, a perda auditiva pode causar dificuldades importantes na compreensão da fala, levando o indivíduo a ter problemas na comunicação, e consequentemente retração e isolamento da vida social.
A pesquisa publicada na revista The Lancet Healthy Longevity mostra que a condição também pode favorecer a depressão e a diminuição da longevidade. Conforme explica Pedro Pinheiro, não existe um tratamento que previna ou cure a perda de audição em idosos, mas existem métodos capazes de compensar a perda auditiva.
Os aparelhos, por exemplo, podem melhorar a função auditiva dos idosos e devolver mais qualidade de vida. Com o avanço da tecnologia, muitos dispositivos aperfeiçoam seus desempenhos, minimizando as más experiências comuns antigamente.
Uma pesquisa conduzida por cientistas da Dinamarca, publicada na revista AMA Otolaryngology Head & Neck Surgery, concluiu que o uso de aparelhos auditivos por idosos pode, ainda, prevenir quadros de demência.