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 Vida celíaca e o desafio de ler rótulos

Já imaginou ter que eliminar da sua rotina alimentos como pães, macarrão, pizza e pastel, entre outros? Pois essa é a realidade de cerca de dois  milhões de pessoas no Brasil, segundo dados da Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (Fenacelbra). Essas pessoas desenvolveram a doença celíaca: uma enfermidade autoimune, caracterizada pela intolerância permanente ao glúten presente nos alimentos. Isso acontece quando o corpo não produz enzimas capazes de digerir o glúten, ou a produz em quantidades insuficientes. O resultado é uma reação do sistema imunológico que pode causar lesões no intestino.

A nutricionista do Grupo Mateus, Eloísa Ystefanne, explica que a pessoa celíaca tem restrição à uma série de alimentos. “O celíaco não consegue digerir glúten, que é uma proteína encontrada nas farinhas de trigo, cevada e centeio. Sendo assim, ele não pode comer pão, torrada, bolacha, biscoito, bolos, macarrão, croissant, donuts, pizza, salgadinhos, hambúrguer, cachorro quente, salsicha e outros embutidos, cerveja e bebidas maltadas, gérmen de trigo, cuscuz, triguilho, bulgur, sêmola de trigo; queijos, molhos à base de ketchup, molho branco, maionese, shoyu ou outros molhos industrializados, levedura de cerveja, temperos prontos e sopas desidratadas, cereais e barrinhas de cereais e suplementos nutricionais”, enumera.

A doença celíaca não tem cura. O tratamento mais recomendado é uma dieta totalmente livre de glúten. Nesse processo de adaptação, é necessária ajuda profissional para lidar com uma dieta tão restrita. Ao ingerir comidas com glúten, o celíaco pode ter sintomas variados, de acordo com o grau de intolerância. Vômito, inchaço, diarreia, irritabilidade ou apatia, evacuação grande, volumosa e com mau cheiro fora do normal, falta de apetite e consequentemente emagrecimento são alguns dos sintomas experimentados porque sofre com esse problema.

Para evitar transtornos, o celíaco deve ficar atento, principalmente, aos rótulos dos alimentos, para saber o que está levando para casa. Neste ponto, a nova regra sobre embalagens da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) auxilia o cliente, tendo em vista que as mudanças nas rotulagens deixarão as letras mais legíveis.

Os novos rótulos também deverão trazer o símbolo de uma lupa, que servirá de alerta para os alimentos que contiverem quantidades excessivas de nutrientes prejudiciais à saúde, como açúcar, sódio, glúten e gorduras saturadas, para que estes estejam sempre em evidência. Essa informação deverá vir na parte frontal das embalagens. Desta forma, a rotulagem frontal ficará numa área facilmente capturada pelo olhar humano e a tabela nutricional não será camuflada por pela cor predominante da embalagem.

Segundo a especialista, todos os produtos alimentares devem determinar, já na embalagem, se têm ou não glúten em sua composição, mas é importante ler o rótulo e prestar atenção na lista de ingredientes, se há itens como farinha de trigo, cevada ou centeio. Há também o risco de contaminação cruzada. “A aveia, por exemplo, é um alimento que não contém glúten. No entanto, durante o seu processo de produção esse cereal pode ser contaminado com trigo, cevada ou centeio, já que normalmente é processado nas mesmas indústrias”, explica.