Setembro Amarelo: Precisamos conversar sobre a vida!
É bem provável que alguém, nos últimos anos, tenha sido surpreendido com a notícia de que uma pessoa próxima ou um ente querido tenha cometido suicídio. Às vezes, esta pessoa nem aparentava estar passando por alguma dificuldade ou parecia estar doente. Quando isto acontece nos perguntamos quais os motivos que podem ter levado aquele homem, aquela mulher, a tirar a própria vida.
Na verdade, antes de tentar buscar respostas para este questionamento, precisamos falar primeiramente sobre depressão, sobre suicídio, sobre a vida. Mesmo que pareça difícil de acreditar – e a rotina intensa nos dificulte enxergar a dor do outro – ter empatia, dedicar-se a ouvir o próximo, pode fazer a diferença e salvar a vida de alguém que esteja sufocado, sem conseguir externar o quanto precisa de ajuda. E isto pode estar acontecendo bem ao nosso lado, na nossa frente e não percebemos.
Desde que setembro chegou, o mundo inteiro está voltou suas atenções para um problema silencioso. O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, celebrado no dia 10 deste mês, é uma data em que as instituições e a sociedade buscam chamar a atenção para a importância da vida – a valorização da vida. Dados da Organização Mundial da Saúde sugerem que a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo. São 90 pessoas tirando a própria vida a cada hora. Por dia, 2.160 morrem por suicídio em todo planeta.
Chama a atenção também nas estatísticas da OMS o fato do suicídio ser a segunda maior causa de morte entre jovens com idade entre 15 a 29 anos. Fica atrás somente dos óbitos por acidentes de trânsito. Entre as mulheres, o índice é maior que entre os homens.
Falar sobre essa temática precisa deixar de ser considerado um tabu. A psicóloga da Rede Hapvida, Ivana Teles ressalta que dialogar sobre a prevenção ao suicídio é algo complexo. “Precisamos abordar de uma forma sensível e acolhedora”, pontua ao citar a campanha do Setembro Amarelo que destaca a importância da Saúde Mental e dos impactos que cercam a pessoa que deixa de cuidar dela, da saúde mental.
Ivana sugere que as pessoas tratem das questões relacionadas à saúde mental e da prevenção ao suicídio a partir de dois pontos: O do autoconhecimento e do autocuidado. “No autoconhecimento a gente avalia como estamos lidando com as nossas situações do dia a dia, como estão os nossos sentimentos”, explica. “No autocuidado, a gente trabalha como podemos lidar com as coisas de forma mais tranquila e equilibrada – principalmente quando estamos mais tensos”, destaca.
A psicóloga ressalta que faz parte do autocuidado se permitir momentos de lazer e procurar por atividades que fazem bem para o corpo e para a mente, para combater o estresse e a tristeza.
O neuropsicológo do Hapvida Saúde, Carol Costa Júnior traz para o debate sobre a prevenção ao suicídio e os cuidados com a Saúde Mental a importância da empatia. Isto porque vivemos uma era delicada, na qual prevalece o individualismo em diversas situações. “É justamente nos momentos difíceis que percebemos que precisamos do outro – não somente pelo que estamos passando, que é bem difícil, mais pelas perdas que vão se somando”, lembra o especialista.
Ele sugere ainda que cada indivíduo exercite olhar mais as pessoas à sua volta. As pessoas precisam conversar mais, partilhar mais as experiências e vivências. Desabafar. Tanto em pequenas conversas como em diálogos extensos homens e mulheres podem deixar transparecer que estão passando por dificuldades e precisando de ajuda.
“As pessoas estão cada vez mais preocupadas, com medo, entristecidas, melancólicas e depressivas. Ao perceber sinais, não só em você (durante o exercício do autoconhecimento), mais também no outro, aproxime-se!”, orienta Costa Júnior. “Mostre àquele alguém que ele não está sozinho, que ele tem alguém com quem contar. A simples aproximação, um simples toque pode ajudar”, frisa.
Por fim, Costa Júnior ressalta que qualquer indício de fala ou comportamento negativo, obscuro, que aquela pessoa procure por ajuda profissional. “Procure um psicólogo, ele tem as ferramentas e o conhecimento necessário para ajudar”, conclui.