Projeto piloto fortalece estratégias de vacinação de crianças em terreiros do Maranhão
Com o objetivo de estimular a vacinação de crianças em terreiros, respeitando as tradições e valores das comunidades de matriz africana, será apresentado o projeto “VacinAxé”, neste sábado (15/2), aos povos de terreiro. Trata-se de uma iniciativa do Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF), Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde (Renafro), Fundação Josué Montello (FJM), em parceria com as secretarias de Estado da Saúde (SES), Direitos Humanos e Participação Popular (SEDIHPOP), Igualdade Racial (SEIR). O momento ocorrerá durante a 2ª edição do Festival Iemanjá, Rainha do Mar, Praça de Iemanjá, localizada na Praia do Olho D’água, em São Luís, no Maranhão, a partir das 14h. A ação é organizada pelo Governo do Estado do Maranhão, por meio da SEDIHPOP, com o intuito de celebrar a ancestralidade, a cultura negra, promovendo a cultura de paz e o combate ao racismo religioso.
O evento, que reunirá povos de terreiro do Maranhão, conta com uma extensa programação cultural e com oferta de serviços. Entre as atividades, haverá a apresentação do VacinAxé, projeto piloto iniciado no Maranhão nos municípios de Codó, Icatu, Pindaré-Mirim, Paço do Lumiar e São Luís, locais identificados com baixas coberturas vacinais da segunda dose da Tríplice Viral, conforme dados de 2023, do Ministério da Saúde. A iniciativa visa fortalecer a articulação entre os serviços de saúde e as comunidades de terreiro, que são locais de cuidado e acolhimento, bem como aumentar a cobertura vacinal e promover a saúde integral das crianças e adolescentes.
Além disso, durante o festival serão disponibilizados, em formato on-line, os materiais produzidos no contexto do projeto. Entre eles estão a “Metodologia”, o “Caderno de Experiências”, os “Tutoriais” e o “Livro Infantil”, publicações elaboradas nos encontros de co-criação com os parceiros e líderes de terreiros dos municípios envolvidos na iniciativa. Os produtos, feitos a partir de uma escuta atenta, possuem, por exemplo, sugestões de ações de vacinação e de oficinas com o intuito de orientar e apoiar as equipes técnicas do Governo do Estado, Prefeituras Municipais e as lideranças de terreiros em suas atividades de educação e sensibilização de famílias e comunidades para que vacinem suas crianças.
Nos encontros de co-criação, os líderes de terreiros, reconhecidos como pessoas de confiança com influência positiva nas suas comunidades, desempenharam um papel importante na identificação das principais dificuldades e na construção de estratégias para aumentar a cobertura vacinal. Os materiais levam em conta os princípios de lideranças de terreiro sobre saúde, como o cuidado, saúde integral e conexão com a ancestralidade, e um trabalho de respeito entre as partes envolvidas.
Sobre VacinAxé
O VacinAxé é um projeto que visa incentivar a adesão à imunização, especialmente entre crianças e adolescentes de terreiro e do entorno. O foco central do projeto é reconhecer a importância da imunização na erradicação de diversas doenças e o papel dos terreiros como espaços que detêm saberes sobre a utilização de ervas medicinais e outros elementos da natureza, essenciais para a prevenção, tratamento e cura de enfermidades, físicas e espirituais. Esses espaços também se destacam na luta contra o preconceito, a desigualdade racial, o racismo e a intolerância religiosa, além de oferecer acolhimento, convivência e promoção de ações de saúde e cuidados para as comunidades do entorno, por meio de iniciativas voltadas à saúde, assistência social, cultura e segurança.
Festival Cultural Iemanjá
O evento celebra Iemanjá, orixá de origem africana, muito respeitada e cultuada como mãe de todos os Orixás, com vistas à promoção de uma cultura de paz, combate ao racismo religioso e fortalecimento de ações de promoção de direitos humanos de povos e comunidades tradicionais.
Esse ano o tema do evento do Festival de Iemanjá será “Preservação da natureza e respeito à ancestralidade no combate ao racismo religioso”, ressaltando a íntima conexão entre o sagrado das religiões de matriz africana e afro-brasileira com o meio-ambiente, reconhecendo que a preservação da natureza não é apenas uma questão ecológica, mas também um ato de valorização da espiritualidade e da ancestralidade.