Observação da vida silvestre gera emprego e renda para comunidades locais

Mundialmente conhecido por sua natureza e rica biodiversidade, o Brasil tem em seu patrimônio natural inúmeras oportunidades para desenvolver atividades turísticas. De acordo com o Relatório de Competitividade em Viagens e Turismo, publicado no ano passado pelo Fórum Econômico Mundial, o país aparece na 32ª posição entre as nações que mais estimulam o desenvolvimento sustentável desse segmento da economia. Diante desse contexto, uma das potencialidades do turismo em áreas naturais é a observação responsável de fauna e flora.

“O turismo pode aliar a proteção da natureza ao desenvolvimento econômico com um importante diferencial: por geralmente estarem afastados dos grandes centros, os destinos turísticos naturais movimentam a economia de pequenas comunidades e municípios, contribuindo com a distribuição de renda e a geração de empregos”, explica o coordenador de Ciência e Conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Robson Capretz.

A última edição da pesquisa Demanda Turística Internacional, do Ministério do Turismo, indicou que “natureza, ecoturismo e aventura” são a segunda maior motivação da vinda de visitantes internacionais ao Brasil. Entre as atividades de maior potencial está a observação da vida silvestre, um segmento que, em 2018, contribuiu com US$ 120 bilhões para a economia global, de acordo com um estudo publicado pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês).

Naquele ano, o Conselho lançou a Declaração de Buenos Aires, documento com mais de 110 países signatários que se comprometeram, entre outros objetivos, a promover o turismo responsável de vida selvagem e impedir o tráfico ilegal da fauna e flora. De acordo com a entidade, as espécies de animais e plantas são catalisadoras de atividade turística e, por isso, é de interesse do próprio setor apoiar ações que as protejam.

Além disso, o WTTC defende que a contribuição econômica do turismo de observação da vida selvagem ultrapassa os possíveis ganhos meramente financeiros que poderiam ocorrer com a destruição de habitats naturais para outros fins. “A localização, tamanho e crescente proeminência internacional do Brasil, apesar de recentes conturbações político-econômicas, o fez um importante mercado para turismo de vida selvagem”, diz o relatório do WTTC, que traz a Amazônia e o Pantanal como áreas de destaque para a prática desta modalidade no país.

Em busca de soluções

Nessa direção, uma iniciativa recente no país é a “teia de soluções”, promovida pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. A chamada, que está com inscrições abertas até 16 de agosto, vai destinar até R$ 2 milhões para ideias inovadoras que apresentem soluções para o turismo de natureza em quatro grandes áreas. Além do turismo de observação de fauna e flora, a entidade também busca novos modelos de negócios que tenham o turismo em áreas naturais no planejamento, inovações que melhorem a experiência do turista e mecanismos que contribuam com o engajamento do visitante a favor da proteção do meio ambiente.

Na busca por soluções relacionadas à observação responsável da vida selvagem, a entidade quer fomentar iniciativas de turismo de natureza que tenham as espécies e seus habitats como foco e principais atrativos turísticos. De acordo com Capretz, são esperadas propostas voltadas à observação de espécies nativas e/ou bandeira, à integração de áreas protegidas em circuitos regionais de turismo de observação e à transformação de espécies em símbolo de turismo responsável, especialmente em ambientes relevantes para a biodiversidade, como áreas protegidas e ecossistemas costeiros.

“Procuramos iniciativas que tragam ao Brasil uma modalidade de turismo com impactos positivos e duradouros para a conservação da natureza, promovendo também benefícios socioeconômicos. Em outra frente, ao ter a oportunidade de observar um animal ou uma planta em seu habitat, as pessoas passam a ter maior compreensão da importância de conservar e proteger aquelas áreas e espécies”, explica Capretz.

Qualquer pessoa pode apresentar soluções aos desafios mapeados. Podem ser apresentados novas ideias ou projetos em andamento. Basta descrever a proposta em um questionário e justificá-la com dados, como estimativa de custo, escala de impacto e possibilidade de replicar a ideia em outras regiões do Brasil. As inscrições vão até 16 de agosto pelo site da Fundação Grupo Boticário.

Sobre a Fundação Grupo Boticário

Com 30 anos de história, a Fundação Grupo Boticário é uma das principais fundações empresariais do Brasil que atuam para proteger a natureza brasileira. A instituição atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos negócios e em políticas públicas e apoia ações que aproximem diferentes atores e mecanismos em busca de soluções para os principais desafios ambientais, sociais e econômicos. Já realizou doações para mais de 1.600 iniciativas dedicadas à causa da conservação em todo o País. Protege duas áreas de Mata Atlântica e Cerrado – os biomas mais ameaçados do Brasil –, somando 11 mil hectares, o equivalente a 70 Parques do Ibirapuera. Com mais de 1,2 milhão de seguidores nas redes sociais, busca também aproximar a natureza do cotidiano das pessoas. A Fundação é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial.