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Mais do que vaidade: o autocuidado como ferramenta de equilíbrio e saúde

De skincare a massagens terapêuticas, cuidar de si virou uma forma de resistência ao desgaste mental e físico, e também um dos setores mais promissores da economia atual. Segundo dados do Global Wellness Institute, a chamada economia do bem-estar movimentou US$ 5,6 trilhões entre 2020 e 2022, com crescimento de 12% em relação ao período anterior. No Brasil, o mercado atingiu aproximadamente US$ 96 bilhões, com destaque para os segmentos de cuidados pessoais e alimentação saudável, que juntos somam US$ 69,6 bilhões, colocando o país em 12º lugar no ranking mundial.

Somente a área de cuidados pessoais e beleza representa uma fatia significativa deste mercado, impulsionada pela busca crescente por qualidade de vida, autoestima e equilíbrio emocional.

Do espelho para a saúde mental

Rituais antes associados apenas à aparência, como passar um creme, fazer as unhas ou cuidar da pele, agora estão relacionados também ao bem-estar emocional, já que proporcionam momentos de relaxamento e recuperação. A prática do autocuidado passou a ser usada como estratégia para lidar com o estresse e a ansiedade – dois dos problemas de saúde mais recorrentes no Brasil.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o país ocupa o primeiro lugar no ranking global de estresse: 74% dos brasileiros afirmam enfrentar episódios frequentes. O Ministério da Saúde complementa que 45% da população relata sintomas de ansiedade, sobretudo entre mulheres e jovens de 18 a 24 anos. Assim, tirar um tempo para si passou a ser não apenas desejável, mas necessário.

O autocuidado como comportamento e consumo

A popularização do autocuidado também transformou hábitos de consumo. Serviços como massagens relaxantes, procedimentos estéticos não invasivos, aromaterapia, cuidados com a pele e terapias integrativas ganharam espaço no dia a dia. As redes sociais também são ferramentas acessíveis que ajudam a disseminar práticas simples de autocuidado, como a rotina de skincare e o uso de óleos essenciais.

Esta virada de chave ampliou o entendimento sobre beleza e bem-estar, reforçando que cuidar do corpo é também cuidar da mente. Com isso, a procura por experiências de cuidado se expandiu além de salões e clínicas, chegando a espaços como academias, spas urbanos, centros terapêuticos e até coworkings, que oferecem pausas para meditação e massagens rápidas.

Profissões e espaços que nasceram do autocuidado

Este novo olhar também provocou mudanças no mercado de trabalho. O crescimento da demanda por serviços voltados ao bem-estar impulsionou a criação de novos modelos de negócio e carreiras antes pouco exploradas. Hoje, surgem desde clínicas especializadas em relaxamento até consultorias de autocuidado, que unem conhecimento técnico à escuta empática.

Surgem também formações específicas para atender a este público, como a faculdade de estética, que prepara profissionais com olhar integral para a saúde física, emocional e social de seus clientes. A atuação vai muito além de maquiagem ou depilação: envolve compreensão sobre anatomia, cosmetologia, saúde da pele e bem-estar sistêmico.

O autocuidado se firmou como um fenômeno multidimensional, afetando o modo como lidamos com o corpo, a forma como consumimos e o tipo de profissional que queremos encontrar. E, para além de uma rotina de beleza, ele expressa um desejo coletivo por reconexão consigo mesmo, com o tempo e com a saúde.