Igualdade de gênero é debate contínuo no setor portuário do Maranhão

O tema de gênero entrou no debate internacional, num movimento transversal e unido à percepção de que a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres em todas as esferas faz as nações crescerem mais e com mais renda. Pela primeira vez, a desigualdade de gênero está na pauta do G20, o encontro das maiores economias do planeta, marcado para 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro (RJ). Em São Luís, discussões sobre o poder feminino, com enfoque no crescimento econômico do setor portuário ganharam uma manhã inteira de palestra, na sexta-feira (8), organizada pelo OGMO, órgão gestor de mão de obra avulsa do Porto do Itaqui.

A diretora executiva do OGMO Itaqui, Ana Cláudia Barbosa, afirmou que a pauta vem avançando nos últimos anos às margens de eventos institucionais da empresa. Também, está na agenda do grupo “Mulheres & Portos”, com representação de  mulheres dos portos de todo o Brasil. Ana é ainda diretora de desenvolvimento do grupo Mulheres & Portos.

“Trabalhamos para reduzir o déficit que é a equidade de gênero na área portuária, que ainda é predominantemente masculina. Nós temos, por exemplo, apenas 17,5% de mulheres em cargos no setor aquaviário brasileiro. Quando falamos de Ogmos do Brasil, para se ter uma ideia, eu e mais duas mulheres, Shana Bertol em Paranaguá (PR), e Daniela Pinheiro em Salvador (BA), ocupamos a posição de Diretora Executiva. A equidade deve fazer parte também do planejamento estratégico das empresas. NO OGMO Itaqui, atualmente, 67% dos cargos de Gestão e Operacional são ocupados por mulheres e  esse indicador não resulta da preferênica, mas sim da igualdade de oportunidades nos processos de atração e seleção realizados pelo nosso RH, onde a competência e habilidades para o exercício da função foram os resquitos adotados. Nos 30 anos, que serão completados em setembo deste ano, sou a primeira mulher na direção do OGMO Itaqui”, declarou Ana Barbosa, também diretora de desenvolvimento do Grupo Mulheres & Portos.

Só 17,5% do total de vagas

A porcentagem citada pela Ana faz parte de um levantamento de dados sobre equidade de gênero no setor feito pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Anaq). A pesquisa é a primeira das ações da Autarquia no Protocolo de Intenções, assinado em março de 2022, entre a Agência e a Women’s International Shipping and Trading Association (WISTA-Brazil) que busca equidade de gênero no setor. Ao todo, foram 302 empresas do setor que responderam os questionários. Formaram parte da pesquisa: Terminais Autorizados; Terminais Arrendados; Autoridades Portuárias e empresas brasileiras de navegação (EBN).

Palestra o Poder Feminino

O OGMO celebrou o Dia Internacional da Mulher (na última sexta, 8), com vários eventos durante a semana do projeto “Porto por Elas”, cuja programação foi finalizada com a palestra “O poder feminino: historicidade, direitos e representatividade”. A palestrante foi a vice-presidente da OAB/MA e membro da Comissão Nacional da Mulher Advogada do Conselho Federal da OAB, Tatiana Costa, sendo que o evento aconteceu pela manhã, no auditório Lagoa Corporate, em São Luís.

“Eu recebi o convite da Ana Barbosa para falar do poder feminino, que se constituem em três áreas: historicidade, direito e representatividade. Mas, o que trazer sobre poder? Eu resolvi trazer três passos que me ajudaram a conquistar o espaço de liderança, que são autoconhecimento, inteligência emocional e autoresponsabilidade”, declarou Tatiana.

Associados do OGMO falaram da importância de eventos como este. “Este é um momento em que estamos trocando ideias fora da área operacional, quando falamos também de assuntos não tão operacionais. É um momento de nos conhecermos, trocarmos ideias e sermos mulheres”, disse Jackeline Gama, que é gerente de saúde e segurança da Emap.

“É preciso cada vez mais dar voz às mulheres, e o ‘Porto por Elas’ significa muito essa valorização”, destacou Betanha Dias, que é supervisora de Recursos Humanos da Granel Química. “A mulher não desmerece em nada na inteligência, na vontade de fazer”, enfatizou Gorete Moraes, que é diretora de Recursos Humanos da Copi Operações Integradas.

“Acreditamos que eventos que promovam conexões entre as mulheres, criam  espaços e oportunidades para a troca de experiências. A capacitação profissional e empoderamento feminino é essencial para que mais mulheres se sintam encorajadas a atuar no segmento portuário e ocupar qualquer posição”. Márcia Maranhão, do DHO – OGMO Itaqui.