Fim de ano: moderação com informação é a chave para o consumo consciente de álcool

O ano de 2020 está terminando e as celebrações prometem ser restritas e tendem a ter um significado mais especial e íntimo para muitas famílias. Nesta época de final de ano, Natal e Réveillon, a bebida alcoólica costuma estar presente para selar o brinde que carrega nossas esperanças em dias melhores. Esse ritual de passagem é uma tradição cultural e milenar. 

Adultos saudáveis que desejam consumir bebidas alcoólicas nessas ocasiões devem ter a moderação em mente para garantir o consumo responsável. Infelizmente, muitos mitos ainda rondam as bebidas alcoólicas, por isso é tão importante esclarecer alguns pontos. Um deles é a de que existem bebidas fortes e fracas. Isso é um erro.

Quem bebe 330 ml de cerveja ou 100 ml de vinho ou 30 ml de uísque está ingerindo a mesma quantidade absoluta de álcool: 10 gramas. Não há bebida mais forte ou fraca. O álcool é o mesmo para todas elas. Álcool é álcool! E por isso qualquer bebida que contenha álcool é uma bebida alcoólica e o que precisa ser observado é a quantidade consumida. 

No Brasil, legisladores ainda acreditam que “bebidas mais fortes” devem pagar mais impostos, como forma de reduzir o seu consumo. Como se o uísque, por exemplo, fosse uma bebida “mais forte” do que a cerveja. Não é verdade. O que importa é a quantidade de álcool absoluto ingerida, seja qual for a bebida. Quatro latinhas de cerveja têm o dobro de álcool em relação a duas doses de 30 ml de uísque. Qual é a bebida mais forte?

Esse tipo de concepção equivocada sobre “bebidas fortes e fracas” provoca danos inesperados para a sociedade, entre eles o aumento do mercado ilegal de bebidas destiladas e a criminalidade, uma vez que os impostos são mais altos para as “bebidas fortes” e acabam por estimular o comércio de bebidas ilegais que chegam a ser 70% mais baratas que as oficiais. 

Os destilados são os que mais sofrem com esse “achismo” entre bebidas fortes e fracas. Em 2015, o segmento foi impactado com uma elevação de até 30% na sua carga tributária. A sobretaxação, além de não reduzir o consumo nocivo de álcool, tem um efeito colateral devastador: incentiva o mercado ilegal de bebidas. Em 2017, quase 30% de todo o álcool destilado circulante no país era ilícito.

Com a pandemia, este número subiu 10,1% e já beira os 40%. A evasão fiscal do mercado ilegal tirou, só em 2017, R$ 5,5 bilhões dos cofres do governo – recursos que pagariam 9 milhões de auxílios mergenciais. 

E o mais grave: o álcool ilícito pode matar. Bebidas ilegais não passam por inspeções sanitárias e não seguem regras de produção. Até álcool impróprio para o consumo humano, como o metanol, pode ser utilizado na fabricação ilegal dessas bebidas. Os prejuízos à saúde são incalculáveis.

A percepção de que existem bebidas fortes e fracas também joga contra a moderação no consumo de álcool. A pessoa acha que, ao consumir uma “bebida fraca”, está ingerindo menos álcool. Como já vimos, isso não é verdade. A moderação requer, sobretudo, quantificar a própria ingestão absoluta de álcool. Nesse sentido, a dose padrão é uma medida prática e eficaz.

Para a OMS, dose padrão é o “volume de álcool que contém aproximadamente a mesma quantidade em gramas de etanol, para qualquer tipo de bebida”, como no exemplo que está no início deste artigo. Saber, de fato, o quanto de álcool está indo para o organismo é a melhor maneira de regular o próprio consumo, com consciência.  

Entender que álcool é álcool é crucial para corrigir distorções nascidas da crença na diferença entre as bebidas. A reforma tributária é a oportunidade para desmanchar esse mito e barrar o avanço do mercado ilegal e da criminalidade. Não há lógica em diferenciar as alíquotas de imposto que incidem sobre as bebidas se todas elas possuem o mesmo álcool.

A desinformação que está na origem deste equívoco tributário e gera um efeito nocivo em cadeia tem de ser combatida. Álcool é álcool. Se o consumo de bebidas deve ser consciente, que a legislação seja responsável.

Esclarecer que álcool é álcool e que não existem bebidas fortes e fracas muda tudo. E muda para melhor. Nas festas de fim de ano, seja qual bebida estiver consumindo, faça suas escolhas com informação e moderação. 

Assista ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=KhrTiiuIKOQ&feature=youtu.be

Sobre o Núcleo pela Responsabilidade no Comércio e Consumo de Bebidas Alcoólicas no Brasil

O Núcleo pela Responsabilidade no Comércio e Consumo de Bebidas Alcoólicas no Brasil nasceu a partir da união de um grupo de empresas do setor de bebidas alcoólicas (Bacardi, Beam Suntory, Brown Forman, Diageo e Pernod Ricard) com o objetivo de unificar as vozes e fortalecer as iniciativas individuais que contribuem para que a relação da sociedade com bebidas alcoólicas seja transparente e responsável.

Este grupo considera imprescindível o enfrentamento do comércio e produção ilegal de bebidas alcoólicas em território nacional, problemas que ganham notoriedade em razão do risco à saúde do consumidor, da substancial perda de arrecadação do Estado e da consequente geração de receitas que financiam o crime organizado e a concorrência desleal.

Assim, os esforços deste grupo setorial se concentram em promover um ambiente concorrencial equilibrado e coerente, no qual as bebidas alcoólicas sejam tratadas de maneira simétrica tanto do ponto de vista regulatório como tributário, possibilitando um ambiente de negócios adequado para que se estabeleça uma competição justa, arrecadação de impostos, geração de empregos e valor para a sociedade brasileira.

Informar corretamente o consumidor é a base para a relação responsável e sustentável entre sociedade e o mercado de bebidas alcoólicas. Proporcionar conhecimento e educação com transparência para que maiores de idade optem pelo consumo equilibrado e sustentem condutas responsáveis, pavimentam o caminho para um desenvolvimento ideal dos mercados e para atender os anseios do consumidor consciente.