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Cuidar é profissão: bastidores e desafios de quem atua na linha de frente da saúde

Trabalhar com cuidado envolve presença, empatia e um olhar atento para o outro, especialmente quando esse outro está em situação de fragilidade. Profissões como enfermagem, fisioterapia, psicologia, entre outras, colocam a prudência no centro da atuação, por isso exigem preparo técnico, emocional e uma rotina marcada por altos e baixos.

O que significa trabalhar com cuidado?

A escuta ativa, o acolhimento e a empatia são pilares centrais das carreiras da saúde. Enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas e cuidadores lidam com pessoas em momentos sensíveis, o que torna indispensável a capacidade de se colocar no lugar do outro. Em hospitais ou unidades básicas de saúde, o profissional precisa agir com precisão e delicadeza ao mesmo tempo. 

Segundo a Prof. Dra. Lívia Ávila, diretora do curso de enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas, da Santa Casa de São Paulo, “o enfermeiro cuida do paciente, mas também da família dele. É um cuidado contínuo e intersetorial, que exige preparo técnico e emocional”, afirma. 

Rotina intensa e jornadas diferenciadas

Ao contrário da maioria das profissões, quem atua com cuidado à saúde raramente trabalha em horário comercial. As jornadas variam entre seis, oito, 12 e até 24 horas, com plantões noturnos e finais de semana. O ritmo é intenso e exige resistência física e emocional.

No hospital, por exemplo, o enfermeiro pode atuar em diferentes setores – UTI, pronto-socorro, centro cirúrgico – e lidera uma equipe com técnicos e auxiliares. A gestão do cuidado envolve ainda questões logísticas, como garantir materiais, prevenir infecções e manter a comunicação entre diferentes serviços, como farmácia e lavanderia.

Profissões que ganharam visibilidade com a pandemia

A pandemia da Covid-19 trouxe um novo olhar para quem trabalha na linha de frente. Em 2020, o Brasil contratou mais de 37 mil enfermeiros no primeiro semestre, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) – quase o dobro do mesmo período de 2019. 

Esta demanda escancarou a importância das profissões, aumentando também o interesse por cursos da área, como a faculdade de enfermagem, que prepara o aluno não só para atuar tecnicamente, mas também para desenvolver habilidades humanas essenciais ao cuidado.

Cuidar do outro exige também cuidar de si

Muitos enfermeiros enfrentam situações-limite, como perdas de pacientes ou ambientes de alta pressão, e nem sempre recebem apoio psicológico institucional. “Cada profissional precisa reconhecer seus próprios limites e buscar ajuda, quando necessário”, ressalta Ávila.

Alguns preferem atuar em áreas com menos exposição ao sofrimento, enquanto outros se sentem motivados justamente pelos desafios. O importante é encontrar um espaço de atuação que respeite as individualidades e favoreça o bem-estar do profissional.