COVID afeta o coração e gera complicações após a alta em pelo menos 8% dos casos

Pacientes recuperados da COVID-19, especialmente aqueles que enfrentaram sintomas mais severos, devem estar atentos à saúde do coração. Dados científicos mundiais sugerem que pelo menos 8% dos casos evoluem para complicações cardíacas, que podem resultar em arritmias e, nos casos mais graves, até morte súbita.

A origem do problema está no processo inflamatório desencadeado pelo novo coronavírus. Assim que o organismo do paciente detecta a presença do vírus nocivo, mecanismos naturais de defesa são acionados para combater a doença. Esse processo ocorre na fase aguda da COVID, gerando uma inflamação que pode afetar órgãos vitais.

“Cada pessoa tem uma resposta inflamatória diferente. A evolução é individual. Há casos em que a inflamação acomete rins, fígado e outros órgãos, podendo também atingir o coração”, explica o Dr. Heron Rached, coordenador do Centro de Cardiologia do Grupo Leforte.

A complicação cardíaca mais frequente é a miocardite, inflamação do tecido muscular do coração. Ela prejudica o funcionamento do órgão, responsável por bombear sangue e nutrientes para todo o corpo. “Há também as arritmias, mas muitas vezes elas já são uma consequência da miocardite”, afirma o Dr. Heron. O especialista acredita que essa inflamação cardíaca gerada pela COVID ainda esteja subnotificada.

O grande desafio é identificar a sequela cardíaca precocemente, pois o início de sua evolução costuma ser silenciosa, sem sintomas. Quando os primeiros sinais aparecem e levam o paciente de volta ao hospital, a sua saúde pode já estar mais debilitada e, por consequência, o tratamento e a recuperação acabam se tornando mais desafiadores.

Cada caso precisa ser avaliado de forma individualizada, por equipe multidisciplinar, para estipular o risco de futuros desdobramentos à saúde do paciente recuperado da COVID-19. “Desenvolvemos protocolos específicos para esse paciente, com acompanhamento e exames no período pós-alta, para que possamos identificar precocemente o surgimento de eventuais sequelas”, esclarece o cardiologista. Quanto mais cedo for o diagnóstico, maior a chance de o paciente se recuperar totalmente.

As sequelas da COVID ao coração têm gerado esforços da comunidade científica mundial para a melhor compreensão de seus mecanismos e, a partir disso, a elaboração de protocolos terapêuticos mais seguros e eficientes. No Grupo Leforte, existe um Centro de Estudos com pesquisas focadas na relação entre COVID e doenças cardiovasculares.

Uma das pesquisas, recentemente iniciada, consiste na investigação de alternativas terapêuticas para a redução do risco de tromboembolismo venoso pós-alta em pacientes COVID. Batizada de Michelle Trial, a pesquisa clínica compara o tratamento padrão versus o uso de rivaroxabana (medicamento anticoagulante).

“Já havia um grande esforço de pesquisa clínica na área cardiovascular. Com a chegada da pandemia, passamos a combinar esses esforços com a necessidade de investigar essa nova doença”, explica o Dr. Heron.

Sobre o LeforteO Grupo Leforte possui três unidades hospitalares que somam 620 leitos, sendo duas em São Paulo, nos bairros da Liberdade e do Morumbi, e outra em Santo André, no ABC Paulista. Também possui unidades especializadas em Oncologia, em Higienópolis, Alphaville e Osasco, e uma voltada para Pediatria, em Santo Amaro, além de clínicas em Alphaville e Cotia. O Leforte é o Hospital Oficial do GP Brasil de Fórmula 1.