Cafua das Mercês expõe sobre Bois de Encantaria, nesta sexta-feira, 8
Bois de encantados de 10 terreiros da Região Metropolitana de São Luís estarão à mostra na exposição “Entre o sagrado e o popular: Bois de encantaria no Maranhão e no Brasil”, que abre ao público nesta sexta-feira, 8, a partir das 17h, na Cafua das Mercês (Museu do Negro), situado na Rua Jacinto Maia (Centro Histórico).
A mostra fica em cartaz até o dia 24 de outubro, com visitação da terça a sexta-feira, das 13h30 às 17h30, e pretende ser uma viagem entre o sagrado e o popular, um mergulho na espiritualidade, arte e resistência dos bois de encantaria.
De acordo com o curador da exposição e gestor do Museu, Biné Gomes, a manifestação do Boi de Encantaria é, sobretudo, um encontro sagrado entre o mundo dos vivos e o plano espiritual, mediado por entidades espirituais conhecidas como encantados. “O boi, nesse contexto, é muito mais que um símbolo festivo: é o veículo sagrado pelo qual os encantados, figuras centrais dessa tradição, tornam-se presentes e interagem diretamente com a comunidade”.
Entre os encantados mais reverenciados está Seu Légua, conhecido pela sua força, proteção e sabedoria, cujo espírito frequentemente encarna no couro do boi, guiando e abençoando aqueles que participam do ritual.
Outro destaque é o encantado João de Una. Para além deste, existem outros encantados, como seu Manezinho, Maria Légua, Zezinho, Miguelzinho, Dorinha Légua, seu Antônio Luis, Toinho, dentre outros.
Durante o ciclo ritual, os encantados assumem o corpo dos bois, realizando danças, rezas e cantos que são mais que entretenimento: são formas poderosas de comunicação espiritual. É nesse encontro que promessas são renovadas, pedidos são realizados e graças são alcançadas.
“Ao apresentar esta exposição, é essencial compreender e registrar a profundidade dessas interações espirituais. O boi, como veículo sagrado, permite que a comunidade dialogue diretamente com o plano espiritual, fortalecendo tradições, garantindo a preservação da memória ancestral e afirmando a resistência cultural maranhense”, diz a curadoria.